Suposta pressão, com ameaça de intervenção na Seduc, não se confirma; ninguém apareceu

Ministra Sônia Guajajara teria pedido abertura de diálogo, mas secretário de Educação não compareceu para negociar com as lideranças indígenas e situação tende a se agravar.

15/01/2025 13:00

Manifestantes insistem que ocupação continua até que um representante do governo compareça para negociar; tendência é a radicalização do movimento/Fotos: Divulgação.


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ara além da barulheira que envolve o prédio da Secretaria de Educação do Estado ocupado por lideranças indígenas desde ontem, uma informação que circulou nas primeiras horas de hoje soou mais grave. Dava conta de que o secretário Rossieli Soares iria ao encontro dos manifestantes movido não por uma imposição do cargo que ocupa, mas por uma suposta ligação da ministra dos Povos Indígenas, a maranhense Sônia Guajajara.

 

“A ministra Sônia Guajajara pediu que o secretário Rossieli Soares resolvesse o quanto antes ou a Presidência da República faria uma intervenção na Secretaria”, informou uma fonte da Coluna Olavo Dutra. Mais tarde, a fonte relatou que um dos caciques que lideram o movimento avisou que o secretário não compareceu e que “não haverá acordo”.

 

“Se a ministra quiser resolver a situação, que venha pessoalmente a Belém conversar conosco”, teria dito o líder indígena. Pelo sim, pelo não, fica a sensação de que a ocupação do prédio da Seduc e a tensão entre os povos tradicionais e o governo do Estado tende a se elevar. O governador Helder Barbalho não está em Belém.

 

A pergunta que todos se fazem é se haverá, realmente, uma intervenção do governo federal, uma vez que nenhuma autoridade da direção da Seduc foi conversar com os manifestantes, conforme o próprio Ministério Público Federal constatou ontem, durante a visita de um procurador. 

 

Tempo fechado

 

No início da tarde de ontem, 14, o procurador da República, Rafael Martins da Silva compareceu à sede da Seduc para garantir a segurança das pessoas que estão lá. Ele informou também que não houve, até aquele momento, qualquer manifestação de intenção de diálogo com os indígenas. Informações adicionais dão conta de que o veículo que levava o procurador não teve permissão para adentrar as dependências da Seduc e ele teve que ir a pé até o prédio conflagrado.

 

A ação, motivada pela controversa Lei 10.820/ 2024, aprovada “a toque de caixa” pelos deputados paraenses em dezembro passado, retira direitos de indígenas e professores nos Sistema Modular de Ensino e Modular de Ensino Indígena, para promover ensino à distância. Os indígenas querem aulas presenciais, ministradas pelos ‘cara-pálidas’. Não mais que isso. 

 

Ontem, a Seduc, negou que haverá mudanças no segmento, mas essa informação, encaminhada por nota, só o programa “Em Pauta”, da Globo News, soube. 

 

A sono solto

 

Informação publicada pelos manifestantes hoje repudia “a nota falaciosa da Seduc”, divulgada ontem, acusando o movimento. Os indígenas publicaram vídeos nos quais mostram as salas do prédio em ordem. Uma das fotos mostra os indígenas dormindo em redes atadas no prédio, mas na manhã de quarta-feira, eles denunciaram que a energia elétrica havia sido cortada.

 

A ocupação da sede da Seduc deverá ter novos desdobramentos amanhã, quando o Sintepp deve promover assembleia geral. Na reunião serão repassados os informes das tentativas de revogação da lei, além da avaliação do indicativo de greve na educação. A palavra de ordem é “Não aceitaremos o desmonte de nossa carreira”.

 

Papo Reto

 

· As redes sociais de jornalistas e dos chamados influencers foram invadidas, ontem, por fotos dos mimos enviados pela Secretaria de Comunicação do governo do Estado celebrando os 300 dias que faltam para a COP 30, em Belém.

 

· Kit-COP consta de uma ecobag, uma garrafinha de água retornável e um cordão para crachá, todos personalizados com o tema da COP30. 

 

· Quem não deve ter recebido esses mimos foram os influencers Igor Bacelar - Tuppiniqueen - e Tiane Melo - Manga Poética-, que têm muitos seguidores, mas, antes de tudo, são professores.

 

· Os dois criticaram duramente a ação violenta da PM contra os professores na Assembleia Legislativa em dezembro passado e estão em sintonia com a ocupação da sede da Seduc.

 

·  Em outras ocasiões, como a visita da primeira-dama Janja a Belém, em 2023, os dois foram vistos no evento, convidados pela Secom. 

 

· No tema: atento observador das redes sociais achou muito estranha a foto do governador Helder Barbalho (foto), do MDB, no Instagram.

 

·  Helder está viajando, mas tem uma postagem falando dos 300 dias até a COP 30.

 

· O que é estranho, disse o internauta, é que Helder posou apontando um relógio, que fica nos jardins do Palácio do Governo, com a contagem regressiva até o evento.

 

·  Nota-se que a imagem do card nas redes sociais foi “montada”. A foto de Helder feita antes e inserida depois com a imagem do relógio. 

 

·  O consumo de peixes com alto teor de mercúrio compromete as funções de órgãos vitais como fígado e rins, além de chafurdar os sistemas neurológico e reprodutivo. 

 

·  O filme “Vatapá ou Maniçoba?”, coprodução da Marahu Filmes com a Globo Filmes e a TV Liberal, chegou às telas no último domingo, 12. O filme está disponível na Globoplay até o dia 20. A direção é de Fernando Segtowick.

 

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