O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira
(19), às 15h, a fase dos depoimentos de testemunhas de acusação e defesa dos
réus do núcleo 1 da trama golpista, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e
mais sete denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Entre os dias 19 de maio e 2 de junho serão ouvidas 82
testemunhas indicadas pela procuradoria, que faz a acusação, e pelas defesas
dos acusados. Os depoimentos vão ocorrer por videoconferência e serão tomados
simultaneamente para evitar a combinação de versões entre os depoentes.
Ao longo dos dias previstos para as oitivas, serão colhidos
os depoimentos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deputados
e senadores aliados de Bolsonaro e do general de Exército Freire Gomes, que
teria ameaçado prender o ex-presidente após ele sugerir, durante uma reunião, a
adesão ao golpe.
Os depoimentos serão comandados por um juiz auxiliar do
ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e não poderão ser gravados pela
imprensa e pelos advogados que vão acompanhar as audiências.
Após os depoimentos das testemunhas, Bolsonaro e os demais
réus serão convocados para o interrogatório. A data ainda não foi
definida.
A expectativa é que o julgamento que vai decidir pela
condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra neste ano.
Eles respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de
abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano
qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Em caso de condenação, as penas podem passar de 30 anos de
prisão.
Confira os principais depoimentos previstos:
Dia 19/5
Ibaneis Rocha - governador do Distrito Federal.
Ele vai prestar depoimento como testemunha de defesa indicada pelo
ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson
Torres. Ibaneis foi afastado do cargo após os atos golpistas de 8 de janeiro e
i investigado em inquérito aberto pelo STF. Em março deste ano, a
investigação contra o governador foi arquivada porque a PGR entendeu que não
houve omissão dele na contenção da manifestação golpista.
General Marco Antônio Freire Gomes - comandante do
Exército no governo de Jair Bolsonaro, o militar não aderiu à tentativa
golpista e, de acordo com as investigações, teria ameaçado dar voz de prisão ao
ex-presidente após receber a sugestão para que as tropas aderissem à trama
golpista.
Eder Lindsay Magalhães Balbino - dono de uma empresa de
tecnologia da informação que teria ajudado o PL, partido de Bolsonaro, na
produção de um estudo para alegar fraudes nas urnas eletrônicas;
Clebson Ferreira de Paula Vieira - servidor que
trabalhou no Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres e teria
presenciado a solicitação de relatórios de inteligência para embasar as
operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) a fim de barrar o
deslocamento de eleitores do Nordeste no segundo turno do pleito presidencial
de 2022.
Adiel Pereira Alcântara - ex-coordenador de
inteligência da PRF.
Outros depoimentos que serão destaque:
Dia 21/5
Tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista
Júnior - Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) em 2022, o militar
também teria presenciado Bolsonaro sugerir a adesão das Forças Armadas ao
golpe.
Dia 23/5
Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) - o
parlamentar foi indicado como testemunha de defesa de Bolsonaro, do ex-ministro
do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, do
general Braga Netto e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
Almirante Marcos Sampaio Olsen - atual comandante da
Marinha, o militar foi arrolado pela defesa do almirante Almir Garnier, que
chefiou a força durante o governo Bolsonaro e teria aceitado aderir à tentativa
de golpe.
Dia 26/5 - Marcelo Queiroga - O ex-ministro da Saúde do
governo Bolsonaro foi indicado como testemunha de defesa de Braga Netto.
Dia 29/5 - Paulo Guedes e Adolfo Sachsida - O
ex-ministro da Economia e o ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro vão
depor na condição de testemunhas de Anderson Torres.
Dia 30/5 - Os senadores Ciro Nogueira (PP-PI),
Espiridião Amim (PP-SC), Eduardo Girão (NOVO-CE), os deputados federais
Sanderson (PL-RS) e Eduardo Pazuello, e o presidente do PL, Valdemar Costa
Neto, serão ouvidos como testemunhas de Bolsonaro.
No mesmo dia, o governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas, também será ouvido como testemunha de defesa do ex-presidente.
Dia 2/6 - O senador Rogério Marinho prestará depoimento
como testemunha de Braga Netto.
Núcleo 1
Os oito réus compõem o chamado “núcleo crucial” do golpe, o
núcleo 1, e tiveram a denúncia aceita por unanimidade pela Primeira
Turma do STF em 26 de março. São eles:
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e vice
de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança
Institucional;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin);
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de
segurança do Distrito Federal;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da
Defesa;
Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom