Pavimentação

Obras de asfalto da Prefeitura de Belém beneficiam o centro e periferia segue esquecida

Reportagem do POD constata que nem todas as ruas recapeadas nas áreas nobres da cidade tinham asfalto defeituoso. Mesmo assim, periferia, sem asfalto e dignidade, segue esquecida pela gestão popular do prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL)

29/07/2023 08:03
Obras de asfalto da Prefeitura de Belém beneficiam o centro e periferia segue esquecida

A buraqueira em muitas ruas de Belém é só mais um entre vários problemas que geram descontentamento da população com o poder municipal. O que os moradores da periferia da capital não entendem, no entanto, é porque mesmo no caso de algumas situações bastante específicas, como na Terra Firme, onde a Av. Celso Malcher, principal via de entrada e saída do bairro, mais parece cenário de guerra, tamanha é a destruição da avenida, a Prefeitura de Belém iniciou um programa de asfaltamento que contempla somente ruas da área central da cidade e - em todos os casos - recapeando vias onde o asfalto já existia.

No início do ano passado, a Prefeitura de Belém contraiu junto à Caixa Econômica Federal (CEF), por meio do programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), um empréstimo no valor de R$ 17 milhões exclusivamente para o asfaltamento de ruas. E o trabalho, de fato, começou. Mas somente onde o asfalto sequer já havia cedido espaço para muitos buracos. Entre essas vias estão a Mundurucus, no bairro do Jurunas; a Padre Eutíquio, na Cremação; Antônio Barreto, no Umarizal; e José Bonifácio, na área de São Brás.

"A gente queria que o prefeito desse uma olhada nas bibocas da Terra Firme. O povo está todo abandonado, é lama, buraco, dá uma chuva e enche tudo", desabafou Luís Carlos, que é servidor público e mora no bairro há 43 anos. Vale ressaltar, ainda, que a avenida Celso Malcher está parcialmente interditada por receber, desde o ano passado, os feirantes que saíram do Mercado Municipal da Terra Firme para que a Prefeitura de Belém pudesse realizar as obras de reforma do espaço. Um projeto que tinha previsão de conclusão para o final de 2022, mas que até hoje está inacabado e, o que é pior, sem previsão de ser concluído.

A avenida Celso Malcher, na Terra Firme - Foto: Agência Belém


E HAJA BURACO - A crise dos buracos afeta também quem dirige pelo centro de Belém. Não precisa estar desatento no trânsito para cair em verdadeiras crateras. Desvia daqui, se livra dali e, quando vê, o impacto acontece. Perigo e prejuízos que aumentam no período noturno com baixa visibilidade. "Se você passar devagar corre o risco de ser assaltado, e se você cai num buraco desse, corre o risco de furar um pneu. Pela necessidade, a gente acaba tendo que aceitar a corrida para ganhar um trocado, vamos na fé que não vai acontecer nada.”

O relato é de Luiz Walter Freitas, motorista de aplicativo que roda pelo menos dez horas por dia e deixa claro que prioriza algumas corridas em locais que já conhece as vias. Tudo para evitar contratempos. Ele cita, ainda, que um outro problema tem contribuído negativamente para o trânsito na capital paraense. "As tampas dos bueiros estão desniveladas, isso quando tem a tampa, pois quando não tem torna-se mais um buraco." 

No centro de Belém, o asfalto chega com rapidez, mas a periferia pena - Foto: Ascom Sesan


RESPOSTA - A titular da Secretaria de Saneamento de Belém (Sesan), Ivanise Gasparine, afirma que pouco pôde ser feito no primeiro ano de gestão, já que não havia dinheiro. Um ano depois, já com a parceria dos governos Federal e Estadual, a realidade mudou. O trabalho, de fato, teve início, mas a periferia, depois de dois anos e meio de gestão de um governo que se autodenomina “popular”, segue a ver navios. “Não se trata de preferências, mas sim a necessidade de garantir a mobilidade urbana proporcionando uma agilidade maior em ruas centrais onde o fluxo de veículos é mais intenso”, rebate Gasparim. 


A representante da Prefeitura de Belém afirma, ainda, que o programa “Tá Selado”, espécie de plenária realizada nos bairros para definir obras essenciais para cada área de Belém, definiu 40 obras de pavimentação por meio de escolha popular. Muitas delas relacionadas ao asfaltamento de ruas por meio do programa “Asfalto por Todo o Pará”, do Governo do Estado, diga-se de passagem.

A Prefeitura afirma, ainda, que o cronograma também inclui serviço de drenagem porque, de acordo com a secretaria, "por estar abaixo do nível do mar, Belém sofre com constantes alagamentos”. Sobre a periferia esquecida, Ivanise Gasparim afirma que os bairros da Cidade Velha, Terra Firme, Icoaraci, Cabanagem e Tapanã já começaram a receber obras de asfalto e saneamento. "Os recursos são liberados de forma gradativa, mas pode ter certeza que a periferia também será priorizada com mais de 100 ruas asfaltadas”, conclui.

Mais matérias Cidades