Oslo, 11 - O Prêmio Nobel da Paz de 2024
foi concedido à organização japonesa Nihon Hidankyo, que trabalha pelo fim das
armas nucleares no mundo, na manhã desta sexta-feira, 11. O presidente do
comitê, Jørgen Watne Frydnes, descreveu a entidade como "um movimento
popular de sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki, também
conhecido como Hibakusha".
A organização recebeu o Nobel "pelos seus esforços para alcançar um mundo
livre de armas nucleares e por demonstrar, através de depoimentos de testemunhas,
que as armas nucleares nunca mais devem ser utilizadas", disse ele.
Frydnes afirmou que a premiação foi concedida a organização Nihon Hidankyo por
conta do alto número de conflitos armados no mundo. "O tabu contra o uso
de armas nucleares está sob pressão. É uma forma de lembrar o mundo da
necessidade do desarmamento nuclear".
Ainda segundo a organização, a escolha do Nobel deste ano foi motivada
"por todos os conflitos acontecendo no mundo neste mundo". "Isto
é um lembrete para que a gente se lembre que essas armas nunca mais devam ser
usadas", disseram os organizadores.
Antes da entrega do prêmio, especialistas apontavam que António Guterres,
secretário-geral da ONU, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos
Refugiados da Palestina (UNRWA) e o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ)
estavam entre os favoritos.
Neste ano, 286 pessoas foram indicadas ao prêmio, incluindo o Papa Francisco,
embora a lista completa seja mantida em sigilo por 50 anos. O Comitê Norueguês
do Nobel, composto por cinco pessoas nomeadas pelo Parlamento da Noruega, é
responsável pela decisão final.
O comitê norueguês do Nobel disse que, ao conceder o prêmio a Nihon Hidankyo, a
intenção é "homenagear todos os sobreviventes das bombas atômicas de
Hiroshima e Nagasaki que, apesar do sofrimento físico e das memórias dolorosas,
optaram por usar a sua experiência dispendiosa para cultivar a esperança e o
compromisso pela paz".
O comunicado também relembrou que em 2025 serão completados 80 anos desde que
os EUA lançaram as bombas atômicas no Japão, matando cerca de 120 mil
habitantes. "O destino daqueles que sobreviveram aos infernos de Hiroshima
e Nagasaki, também conhecidos como Hibakusha, foram durante muito tempo
ocultados e negligenciados", afirmou o comitê.
Esforços do Nobel
Os esforços para erradicar as armas nucleares foram homenageados no passado
pelo comitê do Nobel. A Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares
ganhou o Prêmio da Paz em 2017 e em 1995 Joseph Rotblat e as Conferências
Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais venceram pelos "seus esforços
para diminuir o papel desempenhado pelas armas nucleares na política
internacional e, a longo prazo, para eliminar tais armas."
O prêmio deste ano foi atribuído em contexto de conflitos devastadores que
assolam o mundo, no Oriente Médio, na Ucrânia e no Sudão.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução