Tecologia

Na China, construção de estradas é coisa do futuro: 157 quilômetros, 10 máquinas, zero humanos

Máquinas fazem o trabalho de pavimentação enquanto os humanos só supervisionam

27/10/2024 15:22
Na China, construção de estradas é coisa do futuro: 157 quilômetros, 10 máquinas, zero humanos

Pequim, CHI - Construir uma estrada é algo estremamente trabalhoso. Depois de todo o processo de estudo do projeto, é hora dos funcionários operarem o maquinário que coloca o asfalto no chão, prensa e nivela para dar a uniformidade necessária. Mas seria um futuro muito distante se essa última parte fosse feita por robôs? Não, pois já é o presente. A China está pavimentando uma estrada de mais de 150 quilômetros onde só os robôs comandam as máquinas - os humanos apenas supervisionam.


Uma rodovia "automatizada"


Com início em Pequim e uma extensão de 157,79 km em direção a Macau, a China conseguiu realizar a primeira autoestrada pavimentada totalmente sem intervenção humana direta com uma largura de até quatro faixas. Trata-se de um projeto de ampliação da Via Expressa Pequim-HK, que se estende por 2.272 quilômetros. O projeto concluído cobre a distância entre Pequim e Hebei.


Para conseguir isso, três grupos estatais trabalharam. Essas empresas são a China Railway 11th Bureau (que liderou o projeto), a Hubei Communications Investment (responsável pela pavimentação) e a Liaoning Guotai Road and Bridge (que trabalhou na compactação). O Grupo Sany foi responsável pelo fornecimento do maquinário que não é operado por humanos.


Os meios de comunicação locais explicam que a apresentação do projeto concluído foi tornada pública coincidindo com uma conferência relacionada com a criação de estradas e outras infra-estruturas. Os 700 participantes foram convidados a conhecer de perto a estrada, onde puderam ver como funcionavam as máquinas automatizadas.


A obra é especialmente espetacular porque se trata de uma estrada de 19,25 metros de largura na qual foram utilizadas dez máquinas não tripuladas. Esses veículos se encarregaram de distribuir todo o material, composto por amálgama de pedras e areia compactada. Posteriormente, é adicionado o ligante betuminoso, que molda toda a superfície e evita a separação das camadas.


Tecnologia


Na obra foram utilizadas pavimentadoras, responsáveis pela distribuição dos materiais, e rolos autônomos, responsáveis por aplicar a pressão necessária para que toda a superfície fique nivelada e com a dureza esperada. Além disso, todo o desenvolvimento da obra foi monitorado com drones para a realização dos trabalhos de topografia para confirmar se os parâmetros esperados estavam sendo seguidos, conforme explica a GPC Systems, empresa especializada em desenvolvimento de software.


Na formação denominada 1+3+3+3, a maquinaria foi supervisionada por colaboradores mas em diferentes meios valoriza-se a poupança de tempo conseguida, uma vez que o desenvolvimento de algoritmos específicos para o projeto permitiu trabalhar com precisão milimétrica e a uma velocidade maior do que usar pessoal humano. Contudo, a informação publicada não especifica quantos funcionários ficaram de fora do ou quanto tempo e dinheiro foram poupados.


Tal precisão permitiu que toda a pista fosse pavimentada em uma única passagem, sem a necessidade de utilizar rolos menores que servem para corrigir desvios. Utilizando a tecnologia da informação, o maquinário tem atuado com tanta precisão que não é necessário revisar os espaços que um dia foram construídos. É o que chamam de “borda 0” porque não há separação substancial entre a máquina e o meio-fio onde termina a largura da estrada.


Resta saber se a China continuará a apoiar este projeto ou se repetirá esta forma de pavimentação em outras estradas. Se eles estão tão seguros que a poupança de tempo e a eficácia do que foi alcançado são difíceis de conseguir recorrendo a funcionários humanos, a tendência é que isso vire o novo normal se for financeiramente sustentável.



Foto: SANY/Reprodução

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