São Paulo, 15 - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
desmentiu o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) após ele afirmar, em vídeo,
que faria um churrasco durante visita ao ex-presidente da República Jair
Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar. Ela negou a informação e disse que o
encontro teve caráter restrito e breve.
Em nota publicada nos stories do seu perfil no Instagram, Michelle disse que
"tal evento (churrasco) não ocorreu" e que a visita de Zucco foi
"breve e voltada exclusivamente a fins humanitários - e não conforme
divulgado pelo parlamentar em vídeo, no qual, ao deixar sua residência, afirmou
que realizaria um churrasco em minha casa".
"Solicito a colaboração dos próximos visitantes autorizados para que
compreendam e respeitem a sensibilidade do momento, abstendo-se de atitudes que
possam deturpar a finalidade da visita ou prejudicar a imagem do presidente
Jair Bolsonaro", acrescentou a ex-primeira-dama.
O vídeo em questão, já apagado, mostrava o líder da oposição na Câmara
segurando duas peças de carne e dizendo que prepararia uma refeição para
Bolsonaro. "Agora eu vou lá fazer uma carne para ele, já que a picanha que
esse aí prometeu não cumpriu. Vou lá fazer uma carne para o meu amigo, meu
líder, nosso líder, Jair Bolsonaro", disse Zucco, no vídeo, exibindo duas
peças de carne.
O deputado faz uma menção, sem citar nome, à declaração do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), ainda candidato em 2022, ao Jornal Nacional,
da TV Globo. "O povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma
picanha e tomar uma cervejinha", afirmou o petista na ocasião.
Sem mencionar nomes, o ex-ministro Fábio Wajngarten também criticou a
"instrumentalização política" das visitas a Bolsonaro Em publicação
no X (antigo Twitter), pediu "respeito ao momento" vivido pelo
ex-presidente e sua família. "Tem oportunistas indo ou pretendendo visitar
o presidente apenas para sair lacrando. Boas ações se fazem de maneira
silenciosa, discreta e anônima", completou.
Poucas horas após a publicação de Michelle, o deputado Zucco se retratou em
suas redes sociais. "Nunca afirmei que o churrasco de fato aconteceu, era
apenas uma intenção. Peço desculpas a ele e à primeira-dama se a minha atitude
causou desconforto a sua família", escreveu no X.
Segundo Michelle, alguns parlamentares têm pedido autorização ao Supremo
Tribunal Federal (STF) para visitar Bolsonaro, e as permissões são concedidas
"de forma pontual".
A ida de Zucco foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do
caso em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado e, por isso,
responsável por analisar os pedidos incluídos no processo.
Outros aliados, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), também tiveram autorização
para encontros presenciais.
Jair Bolsonaro aguarda julgamento sobre a acusação de tentar um golpe de Estado
após perder a reeleição para Lula.
Em registro compartilhado por Zucco no Instagram, o deputado descreveu a visita
realizada ao ex-presidente. "Fui lá como um amigo, para conversar e falar
que estamos juntos, falar do trabalho na Câmara e no Senado e como a sociedade
está enxergando essa perseguição", afirmou.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 53% dos brasileiros
consideram que Moraes está seguindo o que determinam as leis e a Constituição
do País no julgamento contra Bolsonaro. Enquanto isso, 39% acreditam que ele
está sendo injustiçado pelo ministro por conta "motivos políticos".
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Isac Nóbrega/PR