Buenos Aires, 24 - Um tribunal federal na
Argentina ordenou nesta segunda-feira, 23, a prisão "imediata" do
ditador venezuelano Nicolás Maduro e do ministro do Interior Diosdado Cabello
por supostos crimes contra a humanidade cometidos contra dissidentes. A ordem
judicial foi emitida em resposta a um recurso do promotor argentino Carlos
Stornelli, após uma decisão anterior ter rejeitado a queixa contra os dois
venezuelanos.
Os membros do tribunal federal, Pablo Bertuzzi, Leopoldo Bruglia e Mariano
Llorens, ordenaram que "os mandados de prisão de Nicolás Maduro e Diosdado
Cabello sejam executados imediatamente, e que sua prisão internacional seja
solicitada via Interpol para fins de extradição para a República
Argentina", de acordo com a resolução.
"Foi comprovado que existe na Venezuela um plano sistemático de repressão,
desaparecimento forçado de pessoas, tortura, homicídios e perseguição contra
uma parte da população civil, desenvolvido - pelo menos - desde o ano de 2014
até o presente", diz um trecho da decisão, divulgado pelo jornal La Nación
A ordem vem horas após a Suprema Corte da Venezuela emitir um mandado de prisão
contra o presidente da Argentina, Javier Milei, em meio a uma controvérsia
entre os dois países sobre a detenção em território argentino - e a entrega aos
Estados Unidos - de um avião de carga que Washington alega ter sido vendido por
uma companhia aérea iraniana sancionada a uma empresa estatal venezuelana.
A represália aumenta as tensões entre Venezuela e Argentina, que têm se
intensificado desde que o direitista Milei assumiu o poder em dezembro, levando
a uma ruptura nas relações diplomáticas.
O caso contra Maduro e seu braço direito foi levado aos tribunais argentinos
pelo Fórum Argentino pela Democracia na Região no início de 2023, levando em
conta a jurisprudência argentina em direitos humanos e o princípio da
jurisdição universal que permite ação contra crimes contra a humanidade, mesmo
que tenham sido cometidos fora de suas fronteiras.
De acordo com os demandantes, um plano sistemático de repressão,
desaparecimento forçado de pessoas, tortura, homicídios e perseguição contra
dissidentes está em vigor na Venezuela desde 2014. ]
Fonte: Estadão conteúdo/Associated Press.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil