Morreu nesta quarta-feira, 29, o ex-Secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, aos 100 anos de idade, na sua residência em Connecticut. Heinz Alfred Kissinger nasceu em Furth, Alemanha, em 27 de maio de 1923, e mudou-se para os Estados Unidos com sua família na sua adolescência, em 1938. Em 1943 ele naturalizou-se cidadão americano, após mudar seu nome para Henry.
Kissinger foi um dos políticos e intelectuais mais proeminentes dos EUA. Ele atuou como principal diplomata e conselheiro de segurança nacional dos governos de Richard Nixon e Henry Ford, entre 1973 e 1977, período no qual deixou uma marca indelével na política externa americana.
Kissinger permaneceu ativo até completar os 100 anos de idade, participando de reuniões em Washington, promovendo seu livro recente e atuando como testemunha perante um comitê do Senado dos EUA sobre a ameaça nuclear apresentada pela Coreia do Norte.
Seu trabalho do último século, em meio à Guerra Fria, moldou muitos eventos globais que impactaram na história recente. A abertura diplomática da China, as negociações sobre o controle de armas nucleares entre os Estados Unidos e a União Soviética e fortalecimento das relações do Ocidente com países do Oriente Médio e da Ásia são apenas alguns exemplos disso.
Mas sua influência mundial não ficou imune a críticas. Enquanto ele era elogiado por uns pela sua genialidade, outros o rotulavam de criminoso de guerra. Durante a Guerra Fria, Kissinger apoiou diversas ditaduras anticomunistas, especialmente na América Latina.
Houve várias tentativas de fazer com que Kissinger respondesse na Justiça por ações cometidas por agentes oficiais americanos durante seu período como secretário de Estado, principalmente no Chile na época do golpe contra Salvador Allende e no início da ditadura de Augusto Pinochet, mas eles nunca prosperaram.
Uma das maiores controvérsias da sua carreira foi ter ganhado o Prêmio Nobel da Paz de 1973, em conjunto a Le Duc Tho, do Vietnã do Norte, que o recusou. A Guerra do Vietnã havia deixado uma herança dolorosa na Ásia e causado uma grande revolta nos EUA e ao redor do mundo. Além disso, revelações sobre o bombardeio secreto dos EUA ao Camboja também levaram a diversas críticas a Kissinger. Por causa da seleção do vencedor do Nobel da Paz, dois membros do comitê selecionador se demitiram em protesto.
Pelas contas do historiador da Universidade de Yale, Greg Grandin, entre 1969 e 1976, a política externa de Kissinger foi responsável por 3 a 4 milhões de mortos.
Estadão Conteúdo (com agências de notícias)