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Limite da paciência

Denúncias de assédio moral no Banpará se multiplicam e levam associação a intervir

Entidade cobra da presidência do banco medidas de proteção aos servidores e criação de políticas internas; casos vão de constrangimentos a avaliações humilhantes.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 14/10/2025, 12:00
Denúncias de assédio moral no Banpará se multiplicam e levam associação a intervir
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Banpará, banco estadual que há décadas orgulha-se de ser “do Pará e para os paraenses”, atravessa uma crise de bastidores. A enxurrada de denúncias de assédio moral contra servidores ultrapassou as paredes das agências e chegou à Associação dos Funcionários do Banpará (Afbepa), que decidiu intervir oficialmente.

 

Ofício encaminhado à presidente Ruth Mello pede providências para proteger os trabalhadores de constrangimentos e práticas abusivas/Fotos: Divulgação.

Na última quinta-feira, 9, a entidade protocolou o ofício nº 041/2025, endereçado à presidente do banco, Ruth Mello, pedindo providências urgentes para proteger os trabalhadores de constrangimentos e práticas abusivas. A associação pede também a criação de políticas de valorização e gestão humana, como o projeto “Conheça Seu Funcionário”, ideia que inverte a lógica atual: “O Banpará precisa conhecer seus funcionários tanto quanto conhece seus clientes”, destaca o documento.

Critérios e chefias

Para a associação, o problema nasce no topo. A escolha de gestores e chefes de unidade estaria sendo feita com base em afinidades políticas e pessoais, em detrimento da capacidade técnica e emocional. “O autoritarismo e a imposição do medo têm dado a tônica do comportamento desses gestores”, afirma o texto.

Segundo a Afbepa, a falta de critério adequado para definir quem ocupa cargos de confiança tem criado um ambiente de insegurança e hostilidade. Quando não é fruto de indicação política - “o que se resume a quase todos os casos”, ressalta a entidade -, a escolha recai sobre quem demonstra obediência cega à presidência. A gestão de pessoas, nesse modelo, virou campo minado.

Um dos episódios relatados à associação mostra uma servidora sendo tratada como “coisa” pelo superior hierárquico, que teria se recusado a reconhecê-la “como pessoa com história de vida dentro e fora do banco”. O caso, segundo o ofício, não foi apurado, e o agressor segue “mandando e desmandando” sem qualquer punição.

Avaliações humilhantes

As denúncias vão além da postura autoritária. Parte delas trata da forma como as avaliações de desempenho têm sido conduzidas - e, muitas vezes, deturpadas. Há relatos de servidores sendo avaliados fora de horário e em locais inadequados, inclusive durante o almoço.

Um dos casos citados no documento revela que a entrevista de avaliação foi feita na cozinha de uma unidade do banco, enquanto a funcionária se alimentava. O resultado, previsivelmente, foi uma nota inferior à sua real performance. “Essas práticas mostram despreparo e desrespeito com o trabalhador”, resume a associação.

A tríade de pedidos

Com base nas denúncias, a associação encaminhou à diretoria três medidas consideradas emergenciais: Criação da política “Conheça Seu Funcionário”, voltada à valorização e acompanhamento dos servidores; inclusão de critérios psicológicos e relacionais na escolha de gestores, para avaliar a inteligência emocional e a capacidade de liderança; e apuração rigorosa das denúncias de assédio, com oitiva das vítimas e responsabilização dos autores.

Segundo o documento, “o banco não possui política de pessoal que filtre adequadamente quem assume funções de confiança ou quem é subordinado, o que agrava o autoritarismo e o clima de medo nas unidades”.

Medo institucionalizado

Apesar da formalidade do pedido, a associação reconhece seus limites. A associação não tem poder de punir nem de afastar gestores - pode apenas solicitar providências e oferecer apoio jurídico aos que decidirem acionar a Justiça. O problema é que o medo impera.

“Se, sem levar os casos à Justiça, o pavor já domina os corredores, imagine com as partes sendo ouvidas por um juiz”, confidenciou um associado ouvido pela Coluna Olavo Dutra. A cultura do medo, consolidada por anos de autoritarismo e favoritismos, parece ter se tornado parte da mobília do banco.

Enquanto isso, o Banpará segue crescendo em números e lucros, mas encolhendo em humanidade. As denúncias mostram que, dentro das agências, o capital humano tem sido o ativo menos valorizado. E, ao que tudo indica, a conta desse desrespeito - cedo ou tarde - chegará à mesa da presidência.

Papo Reto

Meia volta: o titular da Secretaria de Obras do Estado, Ruy Cabral (foto), segue prestigiado no governo. 

A edição desta terça-feira, 14, do Diário Oficial do Estado traz publicada uma determinação do governador Helder Barbalho que mantem a Secretaria habilitada a celebrar convênios e contratos administrativos com todas as esferas de poder e com organizações sem fins lucrativos.

Esses convênios seguem direcionados para as atividades próprias da Secretaria: serviços e obras de engenharia e arquitetura em todas as regiões do Estado e de todos os tamanhos e proporções. 

• O engenheiro civil Ruy Cabral é tido como grande executor do conjunto de obras que tem dado a Belém modernidade, mobilidade e prestígio em âmbito nacional - e assim seguirá no governo.

Nem a transformação da Portuguesa de Desportos, um dos times mais tradicionais do Brasil, em SAF evitou que parte do patrimônio do clube paulista fosse a leilão. 

•A venda ocorrerá nos dias 15 e 22 deste mês, em São Paulo, para o pagamento de R$ 7,2 milhões em dívidas fiscais.

O terreno à venda fica anexo ao estádio do Canindé, na Marginal Pinheiros, possui 2.444m² e conta com galpão com vestiários, oficinas, bar, pista de bocha, churrasqueira e estacionamento. A área está avaliada em R$ 16,6 milhões, mas o lance inicial será de R$ 8,3 milhões.

•O Tribunal Superior do Trabalho condenou a Vale e o Consórcio Price Lista a pagar R$ 50 mil de indenização a um operador de escavadeira contratado para remover a lama e os destroços da Barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que vitimou 272 pessoas, em janeiro de 2019.

O operador foi contratado duas semanas depois da tragédia, mas não aguentou muito tempo. Ele conviveu direto com a lama tóxica, poeira e forte odor, além de presenciar e participar do resgate de corpos e fragmentos humanos. 

•O homem vive, atualmente, com grave quadro de transtorno de ansiedade generalizada e distúrbios do sono.

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.