São Paulo, SP - Lewis Hamilton falou com todas as letras que foi roubado no mundial de Fórmula 1 de 2021, cujo título ficou com Max Verstappen. O piloto britânico ainda pensa no GP de Abu Dabi, o último daquela temporada e fundamental para a definição do campeão.
Na corrida, um erro da equipe de prova possibilitou que Verstappen ultrapassasse Hamilton na última volta. O futuro integrante da escuderia Ferrari, contudo, garante que "está em paz" com a situação.
Segundo o heptacampeão mundial, ele ainda sente a frustração quando vê algum vídeo da prova. Hamilton e o piloto da Red Bull estavam empatados em pontos e chegaram ao GP de Abu Dhabi na situação de "quem ficar na frente é campeão".
O episódio
O piloto da Mercedes tinha vantagem de 14 segundos para Verstappen, mas um acidente obrigou a entrada do safety car na pista. Isso diminuiu a distância entre os dois. O holandês fez uma parada e trocou os pneus.
O safety car foi retirado com uma volta de antecedência e, no último, sprint, Verstappen não teve dificuldade em ultrapassar Hamilton, que não trocou as rodas durante a entrada do carro de segurança.
"Se eu fui roubado? Obviamente. Digo, você sabe a história. Mas eu acho que o que é realmente bonito naquele momento, é o que tirei disso, foi que meu pai estava comigo. E nós passamos juntos por essa montanha-russa gigantesca da vida. E, no dia que mais senti dor, ele estava lá, e a forma como ele me criou foi sempre ficar em pé e com a cabeça erguida. Claro que fui parabenizar Max, e não percebi o impacto que isso teria, mas também estava muito consciente que havia um 'mini eu' assistindo àquilo. Isso é um momento decisivo da minha vida. Eu acho que realmente foi, eu senti. Eu não sabia como isso seria percebido. Eu não tinha visualizado. Mas eu estava definitivamente consciente: nos próximos 50 metros que eu ando é onde eu caio no chão e morro, ou me levanto", falou Hamilton à revista norte-americana GQ.
Trajetória
Os cinco primeiros anos de Hamilton na Fórmula 1 foram na McLaren. Depois, na Mercedes, ele se consolidou como um dos maiores da história da modalidade. A ida para a rival, em 2025, chocou a Fórmula 1. Os bastidores da transferência e a careira do piloto serão contados em um documentário produzido pela Apple TV.
Hamilton nega que a última temporada na Mercedes será protocolar "Meu foco é: como posso entregar o melhor ano que esta equipe já teve, depois de todos os ótimos anos que tivemos? É como você se envolve com as pessoas ao seu redor. Que receberam a notícia, alguns muito bem, outros nem tanto. Como você os leva nesta jornada e saem juntos em alta?", questionou.
O momento para isso seria uma história de recuperação, já que o piloto vem de uma seca de duas temporadas sem vitórias e com domínio de Max Verstappen e da Red Bull. Até o momento, com três GPs disputados, Hamilton não conseguiu projetar o desejo de sair por cima nas pistas. Ele terá mais uma chance no GP do Japão, no próximo domingo.
E depois da Ferrari?
Aos 39 anos, Hamilton já pensa em parar. Ele revelou que esse é o tema de conversas que teve com Boris Becker, Serena Williams, Michael Jordan e outros astros do esporte. Para evitar possíveis frustrações com aposentadoria, Hamilton já mira em outros interesses, como cinema e moda.
"Minha mente está sempre em movimento. Tenho sonhos muito, muito vívidos, tenho que acordar e anotá-los. Terei visões de algo que estou projetando. Ou às vezes é música. Às vezes tenho uma música tocando na minha cabeça. Eu me levanto e desço, toco no piano, gravo e isso se torna parte de algo que estou fazendo", contou à GQ.
O piloto comentou sobre as críticas sofridas ao atender desejos além da Fórmula 1, como o gosto pelas artes e o ativismo. Hamilton acredita que os gostos e anseios também constituem o piloto.
"Na verdade, sinto pena de alguns dos pilotos antes de nós, no início dos anos 2000. Havia claramente mais coisas neles, mas não foram capazes de mostrar isso. Mas se olharmos para o nosso mundo agora, há pilotos que se expressam de forma diferente", refletiu.
A vontade do britânico é "fazer tudo", incluindo cinema, música e moda. Ele confessa que não acredita que há tempo o suficiente para ser especialista nessas áreas. "Para ser um mestre em alguma coisa, são necessárias 10.000 horas. Fiz isso nas corridas", disse
Foto: Acervo pessoal
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