Após 13 anos em tratamento contra um câncer de próstata, o aposentado Paulo Araújo, de 75 anos, celebrou a cura na última segunda-feira(13), no Hospital Ophir Loyola. O idoso tocou o Sino da Vitória para anunciar que a doença já não estava presente no organismo. Um gesto simbólico para acender a esperança nos demais pacientes em pleno Novembro Azul, mês de conscientização sobre a saúde do homem e faz alusão ao Dia de Combate ao Câncer de Próstata, celebrado mundialmente nesta sexta-feira (17).
Paulo conta que não tinha o hábito de fazer exames de rotina, algo que mudou após a esposa dele assistir a uma publicidade na TV sobre a importância da realização de exames para diagnosticar câncer de próstata em fase inicial. Após passar por consulta médica, foi solicitado o teste do Antígeno Prostático Específico (PSA), que deve ser feito por todo homem a partir dos 45 anos. Outros exames foram solicitados e confirmaram a suspeita médica.
“Fui diagnosticado em 2009 e encaminhado para o hospital, onde fui submetido à cirurgia. Após cinco anos, o PSA apresentou alterações novamente e precisei de radioterapia. Fiz todos os exames e consultas de controle e, finalmente, recebi a alta definitiva. Quando recebi a notícia, fiquei emocionado, lagrimei. Estou feliz não só por mim, mas pela minha família e, especialmente, pela minha filha que precisou me acompanhar durante todo esse tempo, mas precisa construir o futuro dela”, disse o aposentado.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma). Segundo o Instituto, a taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Em todo o País, são estimados 71.730 casos novos até o final do ano, dos quais 20.650 casos devem ser registrados na região Norte. No mesmo período, são esperados 1.050 casos no Pará - uma taxa bruta estimada de 23,38 casos a cada 100 mil habitantes.
Em Belém, um levantamento do Centro de Alta complexidade em Oncologia do HOL apontou 553 homens em tratamento contra este tipo de câncer até o mês de setembro. O coordenador do Serviço de Urologia, Ricardo Tuma, alerta que a idade é um fator de risco importante para esse tipo de câncer, já que tanto a mortalidade quanto a incidência aumentam após os 50 anos.
“Em nosso hospital, o câncer de próstata ocupa o primeiro lugar entre os tipos de cânceres que mais acometem homens na sexta década de vida. Geralmente, a maioria das neoplasias malignas de próstata cresce de forma silenciosa e lenta, 1 cm³ a cada 15 anos, sem apresentar ameaças à saúde masculina. Por isso, recomendamos o PSA a partir dos 45 anos e, caso seja identificada alguma alteração, realizamos o toque retal e solicitamos outros exames para fechar o diagnóstico, a exemplo da biópsia”, orientou o especialista.
A orientação para a realização do exame de rastreamento reduz em dez anos, caso haja histórico na família. “Se o pai, tio ou irmão desse homem teve câncer de próstata, os exames devem ser realizados a partir dos 35 anos. O homem precisa criar uma rotina de consultas periódicas, independente da faixa etária”, destacou Tuma.
Além da idade avançada e do histórico familiar, compõe os fatores de riscos ser de raça negra, obeso, fumante e ter uma dieta rica em gorduras, pobre em fibras, frutas e vegetais. Também é preciso evitar a exposição a aminas aromáticas, arsênio e produtos de petróleo, comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação do alumínio.
Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) no início do mês identificou que 46% dos homens acima dos 40 anos só vão ao médico quando sentem algum sintoma. Ainda segundo a pesquisa, o câncer de próstata lidera o ranking entre os principais medos em relação às doenças urológicas, com 58% das respostas. Ao todo, foram ouvidas 1.500 pessoas de todas as regiões brasileiras.
“Normalmente os sintomas desse tipo de câncer se manifestam somente na fase avançada. Por isso a importância de passar por consultas regulares, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de sucesso do tratamento. Caso ocorra dificuldade de urinar, micção frequentemente ou sensação de não esvaziamento da bexiga, presença de caroços na região da virilha ou de sangue na urina ou no sêmen, esse homem deve ser avaliado por um urologista para fechar o diagnóstico de câncer ou de uma doença prostática benigna”, esclareceu o urologista.
O Hospital Ophir Loyola presta assistência em todos os cenários de tratamento do câncer de próstata, das fases iniciais às mais avançadas. “Quando o câncer está localizado, utiliza-se a cirurgia radical e, eventualmente, a radioterapia ou as duas combinadas. Mas se o câncer tiver afetado outros órgãos, a chamada metástase, existem diversas opções para dar uma qualidade de vida e prorrogar a sobrevida do paciente, normalmente usa-se o bloqueador hormonal da testosterona e o cuidado paliativo oncológico”, concluiu Tuma.
Agência Pará