Meio Ambiente

Das 10 cidades que mais usam fogo para degradar a Amazônia, 7 estão no Pará

Índice de degradação registrado em 2024 é o maior em 15 anos, aponta levantamento.

28/10/2024, 21:24
Das 10 cidades que mais usam fogo para degradar a Amazônia, 7 estão no Pará

São Paulo, SP - A degradação da floresta amazônica em 2024, de janeiro a setembro, chegou a 26.246 km2, um índice nunca registrado em 15 anos de medição do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), da ONG (organização não governamental) Imazon.


Os dados foram divulgados neste final de semana. A área equivale a 17 cidades de São Paulo. No mesmo período em 2023, as áreas degradadas na Amazônia somaram 1.922 km2. Um aumento de 1.265%.


Pará na liderança


O Pará responde por mais da metade da degradação em setembro de 2024. Dos 10 municípios que mais degradam, 7 são paraenses. A lista é encabeçada por São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte e Novo Progresso, onde há dominância de grilagem, desmatamento, queimadas e exploração ilegal de ouro.


No Pará estão ainda as unidades de conservação (APA Triunfo do Xingu, Floresta Nacional do Jamanxim, APA do Tapajós e Floresta Nacional de Altamira) e as terras indígenas (Kayapó e Xicrin do Cateté) com maiores áreas degradadas na amazônia.


A Terra Indígena Kayapó, no sul do Pará, é a que tem a maior área ocupada pelo garimpo ilegal de ouro, entre os territórios tradicionais brasileiros. Neste ano, sofreu com a explosão de queimadas, que podem estar associadas diretamente aos garimpos.

A reportagem questionou o governo do Pará sobre os dados e aguarda resposta.


Depois do Pará (57%), no ranking da degradação em setembro, aparecem Mato Grosso (25%), Rondônia (10%) e Amazonas (7%).


Desmatamento


O levantamento do Imazon aponta ainda um aumento do desmatamento da amazônia nos últimos meses. Já são quatro meses seguidos com alta do desmate.


Em setembro, o desmatamento foi de 547 km2, uma leve alta em relação a setembro de 2023. De janeiro a setembro, a perda de vegetação foi de 3.071 km2, uma quantidade menor do que a verificada no mesmo período em 2023, conforme os dados do Imazon. A maior parte do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob posse.


O principal indicador para desmatamento da amazônia é oriundo do Prodes (Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite), do Inpe, que usa dados consolidados. De agosto de 2022 a julho de 2023, o desmatamento foi de 9.064 km2, uma queda de 21,8% em relação ao período anterior.


O que diz o governo


Em nota, o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) afirmou que o aumento da degradação está relacionado aos incêndios florestais, "intensificados pela mudança do clima e pela pior estiagem em 45 anos na região”.


"O MMA monitora a cicatriz de incêndio e trabalha para destinar toda área de floresta queimada, pública ou privada, para restauração e regeneração", disse a pasta comandada por Marina Silva (Rede).

O governo federal atua com 1.500 profissionais no combate ao fogo e debelou 90% dos incêndios, cita a nota.


Em 2024, de janeiro a setembro, satélites usados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram 104,6 mil focos de calor na amazônia. No ano passado, no mesmo período, foram 57,9 mil focos.


O ano de 2024 está marcado pelos efeitos da crise climática e da seca extrema na região amazônica, com rios em níveis mínimos, nunca registrados, na porção ocidental do bioma, ondas de fumaça e chuvas escassas. Em comparação a 2023, a seca se mostra ainda mais danosa, especialmente em razão da maior quantidade de queimadas incontroláveis na floresta, associadas ao desmatamento ou não.


Setembro foi o mês em que houve explosão das áreas degradadas, segundo os registros do Imazon. Dos 26.246 km2 degradados no ano, 20.238 km2 foram registrados em setembro.


A degradação está associada diretamente ao fogo, segundo o instituto. O recorde anterior foi registrado de janeiro a setembro de 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), com 6.869 km2 de áreas degradadas.


Foto: Divulgação/Greenpeace

(Com a Folha)

Mais matérias Cidades