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São Paulo recebe elite do xadrez mundial em campeonato que começa no sábado

Com russo Garry Kasparov na plateia, dois americanos, um indiano e um francês disputam título do Grand Chess Tour

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  • 26/09/2025, 14:00
São Paulo recebe elite do xadrez mundial em campeonato que começa no sábado

Rio de Janeiro, RJ - A partir de sábado, a cidade de São Paulo será pela primeira vez o palco da etapa final do Grand Chess Tour, um torneio de xadrez que completa dez anos e reúne a elite mundial da modalidade. Dois americanos, um indiano e um francês disputam o título de 2025 - e o russo Garry Kasparov, embaixador do campeonato e lenda do esporte, será presença ilustre na plateia.


Esta será a primeira vez desde 2012 que o Brasil sedia um evento com jogadores de topo de ranking. Naquele ano, o Parque do Ibirapuera recebeu o norueguês Magnus Carlsen, que tinha acabado de chegar à posição de número 1, para disputar o Grand Slam de Xadrez.


Carlsen ainda está no topo do ranking da modalidade, mas só disputou uma das etapas do Chess Tour neste ano - e precisaria ter disputado três para se classificar para a final paulistana. O jogador tem desistido de encarar alguns torneios, até mesmo o Campeonato Mundial da Federação Internacional de Xadrez (Fide), e já disse que tem se sentido menos motivado do que antes.


É difícil dizer se o longo reinado do norueguês está perto do fim, mas, se isso for verdade, é bem possível que seu sucessor venha a ser um jogadores que pousam em São Paulo nesta semana.


Todos os quatro finalistas já derrotaram Carlsen ocasionalmente em torneios passados, mas perderam partidas importantes também. Um deles tem conseguido vitórias mais consistentes. O jovem indiano Rameshbabu Praggnanandhaa (Pragg) derrotou o norueguês em várias das partidas em que se enfrentaram recentemente.


“Magnus ainda é o número 1 no ranking, por ampla margem, e está só com 34 anos, mas em algum momento é claro que ele deve perder o posto, ainda que seja por causa da idade”, afirma Kasparov ao Globo. “O mais provável é que o próximo da lista seja Pragg, o mais jovem. Os outros têm idade parecida com a de Magnus, ou são mais velhos. Eles o derrotaram um punhado de vezes, mas o número de jogos que perderam é muito maior.” 


Os outros três finalistas deste ano no Chess Tour são o francês Maxime Vachier-LaGrave (conhecido pelas iniciais MVL), o americano Fabiano Caruana e o armênio naturalizado americano Levon Aronian. A julgar pelos resultados dos últimos campeonatos, todos têm chances razoáveis de saírem com o título, e o favoritismo de Pragg está longe de ser absoluto em São Paulo.


“Os quatro finalista do Grand Chess Tour estão certamente entre os melhores jogadores do mundo e três desse jogadores já passaram os 2.800 pontos de rating na Fide, que é uma marca muito difícil de ser ultrapassada”, diz o enxadrista e comentarista Raffael Santos. “O Praggnanandhaa é o único dos finalistas que ainda não passou essa marca, mas também é o jogador mais jovem do elenco, com apenas 20 anos, o que mostra que ele ainda tem mesmo muito pela frente.” 


Santos é mais uma das celebridades do xadrez brasileiro que vai participar do evento, com transmissão ao vivo das partidas em seu canal de Youtube (@raffaelchess). O heptacampeão brasileiro Rafael Leitão vai publicar análises sobre os jogos na plataforma Chess.com.


Estrelas


O Grand Chess Tour, com um lote de premiação anual de US$ 1,6 milhão, é um dos torneios mais rentáveis para enxadristas de elite hoje, e vem sendo bancado pela Fundação Superbet. A cota de prêmio reservada para a etapa de São Paulo é de US$ 350 mil.


A vinda do torneio foi articulada pelo ex-campeão paulista de xadrez Davy D'Israel, fundador da empresa de eventos Xeque & Mate (a mesma que trouxe o Grand Slam em 2012). O líder do evento é o Chess Club de St. Louis, cidade considerada a capital americana do xadrez, a quem Davy convenceu de que São Paulo era boa candidata a sediar uma final.


Essa fundação sem fins lucrativos (ligada à multinacional romena de apostas esportivas com o mesmo nome) anuncia patrocínio a eventos de xadrez como parte de sua missão socioeducativa.


“A Superbet Foundation frequentemente investe em esportes sub-representados porque acredita que eles têm relevância”, diz a diretora da entidade, Sandra Ismanovski. “O xadrez pode não lotar estádios como o futebol, mas as habilidades que ele desenvolve de resiliência, paciência e pensamento estratégico são mais importantes do que nunca.”


Magnus fora de cena


O Chess Tour aterrissa em São Paulo pela primeira vez num momento em que o campeonato mundial da Fide parece perder relevância. Os dois últimos detentores do título, o chinês Ding Liren e o indiano Gukesh Dommaraju, estão em fase ruim e não se classificaram para as finais.


O Chess Tour promove partidas com formatos variados de controle de tempo, incluindo "blitz" (jogos com menos de 10 minutos) e "rápidas" (de 10 a 60 minutos) além do xadrez "clássico", que dura mais de uma hora.


Em São Paulo, paralelamente às finais, serão disputados um campeonato infanto-juvenil e um torneio só de rápidas. Este último terá a participação do bicampeão brasileiro Krikor Mekhitarian.


Segundo Kasparov, o formato mais dinâmico do Chess Tour e outros torneios fora do circuito da Fide tem cativado mais o público, em parte porque o sistema de qualificação da federação acabou se tornando muito bizantino, e o campeão mundial agora não é mais o melhor jogador do mundo.


A etapa de São Paulo do Grand Chess Tour será realizada no WTC Events Center, no Brooklin, com abertura no dia 27 de setembro. As partidas das finais começam no dia 28 e vão até 3 de outubro, quando deve ser definido o campeão. Ingressos e informações sobre o torneio podem ser obtidos no site www.grandchesstour.com.br.


Foto: Maria Emelianova/Chess.com

(Com O Globo)

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.