Comissão do Senado aprova projeto que obriga sites a bloquear pornografia infantil Pará volta a figurar na última posição em ranking nacional de progresso social Igrejas se unem para hospedar visitantes da COP em Belém diante de preços abusivos

Cientistas conseguem transformar chumbo em ouro com Superacelerador de Partículas

A transmutação aconteceu no principal laboratório europeu de física de partículas em Genebra, na Suíça, onde o equipamento forçou a colisão de átomos de chumbo.

  • 515 Visualizações
  • 12/05/2025, 20:00
Cientistas conseguem transformar chumbo em ouro com Superacelerador de Partículas

São Paulo, SP - O sonho dos alquimistas do século XVII acaba de se tornar realidade pelas mãos de físicos do Superacelerador de Partículas (LHC) da Europa: transformar chumbo em ouro. A transmutação ocorreu por apenas uma fração de segundos e a um custo altíssimo, mas, de fato, aconteceu, como atesta um estudo publicado esta semana na Physical Review.


A transmutação aconteceu na Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), o principal laboratório europeu de física de partículas em Genebra, na Suíça, onde o LHC forçou a colisão de átomos de chumbo.


A alquimia é considerada até certo ponto a precursora da química moderna, mas ela envolvia também uma boa dose de misticismo e ocultismo. O maior sonho dos alquimistas era transformar o abundante chumbo no precioso ouro. Mas, o grande empecilho dessa transformação sempre foi a diferença no número de prótons dos dois elementos (são 82 no chumbo e 79 no ouro), o que torna impossível a transmutação por meio da química.


Os pesquisadores do CERN, então, conseguiram realizar a tão sonhada transformação ao provocar a colisão de feixes de átomos de chumbo viajando praticamente na velocidade da luz. Quando os átomos do chumbo passam um pelo outro, é formado um intenso campo eletromagnético que produz um pulso de energia capaz de fazer com que o núcleo do átomo expulse três prótons - transformando-se em ouro.


A transformação durou apenas um microssegundo - muito mais rápido do que um piscar de olhos e impossível de se ver a olho nu. O trabalho do CERN, no entanto, é o "primeiro a detectar e analisar de forma sistemática a assinatura do ouro na produção do LHC", nas palavras de Uliana Dmitrieva, uma especialista em física de partículas.


O experimento foi repetido diversas vezes entre 2015 e 2018. Durante esse período foram criados cerca de 86 bilhões de núcleos de ouro, o que corresponde a apenas 29 trilionésimos de grama. A grande maioria desses átomos de ouro era instável e durou cerca de um microssegundo antes de se fragmentar e deixar de ser ouro.


Um outro superacelerador de partículas do CERN, o SPS, já havia conseguido transformar chumbo em ouro em experimentos realizados entre 2002 e 2004, segundo Jangyong Jia, um físico da Universidade Stony Brook, em Nova York, que participou do trabalho. Mas, o experimento mais recente tem mais probabilidade de ser bem sucedido e permite uma observação melhor, ele acrescentou.


Os pesquisadores do CERN não planejam começar a produzir ouro, mas afirmam que a compreensão de como os prótons podem alterar um núcleo vai ajudar na própria performance do LHC.


"Entender esse processo é crucial para controlar a qualidade dos feixes e a estabilidade do processo", disse Jia.


Foto: Divulgação/LHC

Estadão conteúdo

Mais matérias Mundo

img
Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.