expressão “aceita que dói menos”, que se popularizou e até ganhou sentido duplo, se encaixava como luva no caso do ex-prefeito de Bragança Raimundo Oliveira, que ultimamente anda assombrado com a aproximação antes de aparecer entre seu afilhado político, o prefeito Mário Júnior, e o arquiadversário político deputado Renato Oliveira, do MDB. O desconfiômetro de Raimundo Oliveira está ligado e ele, preocupado como nunca.
O ex-prefeito deveria ser avisado pelos seus conselheiros políticos, se é que os tem, de que a expressão significa, à luz da psicanálise, nada mais do que, literalmente, “conformar-se, admitir” determinada situação - o que na política é tão recorrente quanto o próprio político. Faz parte, por assim dizer, em que pesem os planos de Raimundo Oliveira.
Improvável, mas real
A verdade é que a próxima, mostrada em fotos e vídeo, entre o médico Mário Júnior, eleito ao cargo de prefeito graças principalmente ao ex-prefeito, e ao deputado Renato Oliveira, personagem, junto com a família - incluindo o ex-prefeito Edson Oliveira -, de várias arenas públicas no curso das últimas campanhas políticas, abalou Raimundão.
Não é crível que o ex-prefeito jamais tenha imaginado este cenário, mas, tão real quanto palpável, hoje, pareceu-lhe “inacredátavel”, a ponto de arrancar do “padrinho” a expressão “o que está acontecendo, meu menino?”, o que não deve passar de troça.
Renato Oliveira é deputado estadual e a administração Mário Júnior não conseguiu abrir mão de sua influência política em favor do município. Além do mais, a mulher dele é vereadora e ambas se posicionaram relativamente bem junto ao governo do Estado.
Incerto e não sabido
O que abala o ex-prefeito, porém, além da inimizade figadal com os Oliveira, é o próprio futuro político: Raimundo Oliveira alimenta a esperança de sair candidato à Assembleia Legislativa em 2026, possibilidade cada vez mais remota, para início de conversa, com a nova configuração política no município, além das limitações autoimpostas, como o enredamento na Justiça por supostos malfeitos administrativos em praticamente todas as gestões no município, embora também queira voltar.
Qualquer semelhança com a expressão “rei posto, rei morto” não será coincidente, mas, na real, o ex-prefeito Raimundo Oliveira ainda não conseguiu captar o que se acredita ser a entrega do governador Helder Barbalho por trás dos panos. É uma questão de tino político.
Limites de influência
Os analistas políticos não têm dúvidas de que Raimundo Oliveira é a maior liderança política de Bragança na atualidade, mas seu reduto é restrito. O ex-prefeito tem limitações para avançar politicamente nos municípios vizinhos e, sabendo disso, os atores políticos de Bragança planejam dividir os votos de 2026 para Assembleia Legislativa. O que se diz, por exemplo, é que o prefeito Mário Júnior deve apoiar dois nomes, um deles, uma secretária de Estado, e não o do “padrinho”.
Na outra ponta, o vereador de primeiro mandato, João Paulo, traçou planos para disputar uma vaga, puxou votos para o partido e drenar os votos de Raimundo Oliveira. Nessas movimentações de bastidores, o próprio deputado Renato Oliveira aumentou suas bases políticas na região e já não depende exclusivamente do eleitorado de Bragança. Renato trabalhou para dobrar sua votação no município e inviabilizar o ex-prefeito, com ajuda de Mário Júnior, deixando Raimund Oliveira sem mandato e representatividade a perder de vista.
O novo cenário coloca então o ex-prefeito em situação mais complicada na disputa por uma vaga no Legislativo estadual ou à própria prefeitura, para onde os planos retornarem se nada mais der certo, não bastassem três detalhes: idade, tempo até 2028 e a Justiça.