O Senado
rejeitou, por 34 votos a 22, o último destaque ao projeto de lei do marco temporal. Com isso, o texto segue para
sanção presidencial. Caberá agora ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
decidir se sanciona ou não o texto, diante de diversas críticas de entidades
ambientalistas e de defesa dos direitos dos indígenas.
O destaque em votação pelos senadores dizia respeito ao contato de entidades do
setor privado com povos indígenas isolados. Os senadores decidiram manter o
texto atual, que estabelece que esse tipo de contato deve se limitar a auxílio
médico e ações de utilidade pública.
Os senadores já haviam rejeitado outro destaque que dizia respeito à
possibilidade de o governo retomar áreas indígenas caso fosse verificado que o
território não seja mais essencial devido à alteração dos traços culturais da
comunidade indígena ou de outros fatores ocasionados pelo decurso do tempo.
A aprovação foi uma vitória da bancada ruralista e um sinal negativo da base de
apoio ao governo Lula (PT). Partidos governistas como o PSD, MDB e PSB deram
votos a favor do texto. O PP e o Republicanos, que recentemente ganharam cargos
na Esplanada dos Ministérios, também colaboraram para a aprovação do projeto.
Pacheco: não há "sentimento revanchista"
Antes da decisão sobre o último destaque, o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), se manifestou no plenário do Senado para negar qualquer tipo
de enfrentamento do Congresso ao Supremo Tribunal Federal, que decidiu na
semana passada, por 9 votos a 2, que a tese do marco temporal é
inconstitucional.
"Buscamos para o Brasil a conciliação, a pacificação, a reunificação
nacional em prol do desenvolvimento econômico, humano, social, respeito a todos
os segmentos e setores. Tenho visto algumas notícias sobre esse tema como se
fosse um enfrentamento do Senado e do Congresso ao STF e quero afirmar com
absoluta sinceridade e franqueza que absolutamente de nossa parte não há nenhum
tipo de sentimento revanchista à Suprema Corte. Sempre defendi a autonomia dos
Poderes", disse Pacheco.
"É simplesmente o fato de que não podemos nos omitir daquilo que é o nosso
dever, que é legislar", completou.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil