Cadeia produtiva

Pará cria programa de rastreabilidade do gado como ferramenta para aumentar exportações

Projeto vai ao encontro das exigências internacionais que tentam, cada vez mais, associar a cadeia produtiva à redução do desmatamento.

07/11/2023 23:12
Pará cria programa de rastreabilidade do gado como ferramenta para aumentar exportações

Belém  (PA) - De olho no mercado internacional, entidades ligadas à criação do gado e produtores rurais do Pará começam a se mobilizar para dar ao rebanho paraense um sistema de rastreabilidade que garanta não apenas dados relacionados a questões sanitárias e de saúde animal, mas também informações sobre o aspecto socioambiental em que o gado foi parido e criado. Essa é uma exigência cada vez maior em mercados de diferentes países do mudo, sobretudo o europeu. 


O passo inicial para incluir mais produtores nessa adequação acontecerá no próximo dia 13/11, na sede do Sindicato Rural de Castanhal, no nordeste do Pará, com o lançamento do 'Programa Produção Sustentável de Bezerros'. A iniciativa é uma parceira entre a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a IDH consultoria. A idéia é oferecer um novo nível de produção sustentável da pecuária no Brasil, inclusive com a participação de pequenos criadores.


O trabalho de rastreabilidade com sistemas de informação que incluem dados territoriais mostrando, inclusive, se o gado é oriundo de área desmatada, já é uma realidade nos estados do Mato Grosso e de Santa Catarina. Em suma, as exigências internacionais tentam associar a cadeia produtiva à redução do desmatamento, em várias partes do mundo. No Brasil, onde a floresta amazônica segue como assunto de interesse global quando o tema é a preservação do meio ambiente, o contexto ganha um olhar ainda mais especial.


O projeto também vai ao encontro do que defende o governador do Pará, Helder Barbalho, que recentemente descartou a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas por entender que a bioeconomia e a rastreabilidade de produtos regionais são matrizes econômicas com potencial suficiente tanto para gerar renda ao povo amazônida quanto para manter a floresta de pé.


“O principal modelo que vem sendo adotado no Pará para garantir que haja atratividade para os produtos oriundos da floresta é o investimento em rastreabilidade. Esta é uma exigência do mercado internacional. Nós temos vocações que estão atreladas ao uso da terra e existe uma tendência internacional de se conhecer toda a cadeia de produção de um item produzido. O foco na rastreabilidade é um instrumento para tornar o produto mais competitivo”, destacou Helder Barbalho durante evento realizado em Belém pela Apex Brasil, em agosto deste ano.


Em território paraense


No Pará, os bovinos utilizarão como equipamento de rastreamento a numeração 076, o chamado ISO-país. Os identificadores sao fixados nas orelhas dos animais e carregam um código único com todas as informações relacionadas ao gado. Do início das atividades com os cerca de 150 produtores do nordeste do Pará, especificamente na região bragantina, o Programa espera alcançar mais de 600 produtores até junho de 2024.


"Quero parabenizar o lançamento do programa. Vamos continuar juntos, adequar tecnologia para o melhoramento daquilo que produzimos, sobretudo do nosso rebanho", destacou o presidente da Faepa, Carlos Xavier, durante a cerimônia de apresentação do Programa, realizada na manhã desta terça, 7. O evento também contou com a participação do diretor da Faepa, Guilherme Minssen; do especialista Paulo Costa, da IDH; do pesquisador Moacir Bernardino Dias, da Embrapa Amazônia Oriental; e de Marios Santos, da Sino-Lac.


Evento de apresentação detalhou ações do Programa na sede da Faepa (Foto: Sérgio Chene)

No Pará, a exemplo do que acontece no Mato-Grosso, o Programa voltará atenção especial para o pequeno produtor, normalmente o mais distante dos frigoríficos, o que também contribui para tornar o mercado mais sustentável, sólido, justo e financeiramente robusto. Por isso as ações irão ofertar, aos produtores, a possibilidade de manejo de pastagem, de melhoramento genético e de aprimoramento da gestão financeira. 


Nunca é demais lembrar que mercado tem de sobra quando o assunto é alimentar o mundo. Resta saber se o dever de casa será cumprido como manda o figurino. O produtor rural e a economia paraense torcem que sim.


(Foto de capa: Marcus Mesquita/IDH)

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