Meio Ambiente

Países adotam plano de financiamento para biodiversidade na COP16-bis

O Brasil, sede da próxima COP 30, participou do evento como representante do BRICS.

15/03/2025, 17:00
Países adotam plano de financiamento para biodiversidade na COP16-bis

Roma, ITA - A sessão estendida da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16-bis), realizada em Roma, na Itália, resultou em um acordo significativo sobre a mobilização de recursos para a proteção da natureza. Após o impasse ocorrido na reunião anterior em Cali, na Colômbia, os países comprometeram-se a um plano de trabalho visando a mobilizar US$ 200 bilhões anuais até 2030, provenientes de diversas fontes.


Este plano inclui a análise do desempenho dos fundos de biodiversidade existentes e o estudo para a criação de um mecanismo financeiro permanente para a Convenção sobre Diversidade Biológica.


O Brasil, representando o BRICS, desempenhou um papel crucial ao apresentar uma proposta que facilitou as negociações. Esta iniciativa marcou a primeira vez que o BRICS atuou como um grupo negociador em um fórum ambiental multilateral, ganhando apoio tanto de países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. 


Apesar dos avanços, desafios permanecem, especialmente na implementação de um novo fundo para apoiar o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, cuja decisão foi adiada. As divergências entre nações desenvolvidas e subdesenvolvidas sobre compromissos financeiros e governança dos instrumentos financeiros persistem, exigindo contínuos esforços diplomáticos para superar esses obstáculos e garantir a proteção efetiva da biodiversidade global.


“Hoje, mais de 90% da perda de biodiversidade se deve à extração e processamento de recursos naturais, em uma lógica linear da economia. Para reverter esse cenário, os esforços de conservação e restauração sozinhos, mesmo que sejam cruciais, não serão suficientes. A economia circular fornece o caminho possível para transformar a maneira como produzimos, usamos e consumimos os produtos e os alimentos. Ao aplicar os seus princípios a modelos de negócios, produtos e processos, isto é, eliminar resíduos e poluição, circular produtos e materiais e regenerar a natureza, combatemos as causas da perda da biodiversidade para que ela consiga prosperar”, comentou Luisa Santiago, diretora executiva para a América Latina.


Carta


O embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP-30, divulgou sua primeira carta, em que convoca a comunidade internacional a unir esforços no combate às mudanças climáticas. No documento, ele destaca a importância de valores humanos compartilhados, como paz, prosperidade e resiliência e inclusão para enfrentar os desafios ambientais atuais. Menciona, ainda, o conceito herdado dos indígenas de “mutirão”, conectando o fato de que, pela primeira vez, a Conferência das Partes pelo Clima acontecerá na Amazônia à urgência por uma ação coletiva ambiciosa e construtiva. 


Na carta, o embaixador faz um histórico da evolução do entendimento mundial sobre a crise climáticas e o legado das COPs anteriores. A COP-30, marcada para novembro de 2025 em Belém, coincidirá com os 20 anos da entrada em vigor do Protocolo de Quioto e os 10 anos da adoção do Acordo de Paris, e é o momento de revisão dos compromissos dos países, como as suas Contribuições Nacionais Determinadas (NDCs).


Corrêa do Lago reforçou o compromisso do Brasil em liderar iniciativas sustentáveis e promover a cooperação internacional para alcançar as metas climáticas globais, além de enfatizar que os países superem os obstáculos financeiros que dificultam a transição para uma economia de baixo carbono. A carta conclui com o reforço de que a presidência da COP30 está determinada a servir como uma plataforma de organização e mobilização coletiva para mover o mundo contra a mudança do clima.


Foto: Divulgação COP16-bis

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