Rio de Janeiro, RJ - A intensificação de eventos atmosféricos ligados aos ventos extremos causados por alterações climáticas tem derrubado grandes árvores na Amazônia e afetado diretamente estrutura, composição e balanço de carbono das florestas, segundo estudo publicado na revista American Geophysical Union, no início deste mês.
Microexplosão ou 'microburst'
O microburst, ou microexplosão atmosférica, é um evento que ocorre quando uma corrente de vento descendente violenta se separa de uma nuvem de tempestade e se desloca com força em direção ao solo. Também conhecido como "downburst", o fenômeno é o oposto do tornado, mas o poder destrutivo é semelhante. Trata-se de uma descarga de ar frio e denso, que atinge o solo e se espalha, provocando ventos fortes que podem atingir velocidades muito altas.
Segundo o estudo, as microexplosões têm sido cada vez mais comuns na Amazônia. O estudo aponta que, ao longo de 33 anos, foram detectados mais de 3 mil grandes eventos de derrubada de árvores causados pelo vento. Os dados da pesquisa mostram, ainda, que o número de árvores arrancadas pelo vento aumentou em quase quatro vezes entre 1985 e 2020, com registro maior de eventos a partir do ano de 1990.
Este é um fenômeno que pode ocorrer ao longo do ano inteiro, mas é mais comum no verão, quando os dias são mais quentes e a umidade é alta. O cenário favorece a formação de nuvens de tempestade, que podem ter até 20 km de altura e são capazes de gerar um vento destrutivo, segundo o National Weather Service, dos EUA.
Durante uma microexplosão atmosférica, a velocidade dos ventos pode ultrapassar os 200 km por hora, causando estragos, derrubando árvores e provocando danos estruturais a construções. O evento é caracterizado pelo som de um estrondo alto, normalmente confundido com o som de um trem de carga.
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(Com O Globo)