Em um passo decisivo para a
consolidação do açaí como símbolo da bioeconomia amazônica, o Governo do Pará
realizou nesta quarta-feira (18) a primeira plenária da Mesa Executiva do Açaí,
que conta com empresas do setor de beneficiamento e representantes do Executivo
estadual. A iniciativa busca enfrentar os principais entraves logísticos,
regulatórios e comerciais dos mercados nacional e internacional do produto.
A Mesa faz parte das ações
previstas no Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), e segue o modelo de
governança colaborativa lançado com sucesso no setor da castanha-do-pará. A
estrutura reúne 14 empresas, além de representantes do Amazônia 2030, do Centro
de Empreendedorismo da Amazônia, Instituto Clima e Sociedade (iCS) e da
Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), que
atua como articuladora do processo.
Desafio - Camille Bemerguy,
secretária-adjunta de Bioeconomia da Semas, destacou os objetivos e os desafios
da iniciativa. "Esse é um espaço de troca, de comunicação. Aqui, o
principal desafio é analisar no coletivo, como as demandas se apresentam e quais
ações e medidas que podem ser adotadas. Então, precisamos de fato ter esse
espaço pra ouvir as necessidades, trocar e poder transformar isso em medidas ou
intervenções concretas. O sucesso dessa iniciativa depende, acima de tudo, do
engajamento de quem faz parte dessa Mesa, dessa troca, onde vocês são os
protagonistas, e nós, do Estado, temos esse papel de contribuir para a
alavancagem da bioeconomia no Estado, partindo do entendimento de que se a
gente tem várias bioeconomias que coexistem, precisamos fazer mais e melhor,
sem deixar de trabalhar novos produtos e soluções", explicou a
secretária-adjunta.
O professor Salo Coslovsky, do
"Amazônia 2030", considera que "a Mesa Executiva ocupa um papel
crítico, pois ajuda a identificar aqueles problemas que são muito
compartilhados para serem resolvidos por uma empresa de cada vez, mas muito específicos
de cada setor para manterem a atenção continuada do poder público. A Mesa acha
esses problemas e mobiliza os interessados para resolvê-los".
Oportunidades - Bruno Kato,
CEO da Horta da Terra, compartilhou sua experiência recente em missões
comerciais na China. Segundo ele, há grande demanda no país asiático por
derivados do açaí, com contratos já firmados para fornecimento de 100 toneladas
de açaí em pó - e potencial para chegar a mais de mil toneladas. "O
desafio é pensar o posicionamento estratégico de preços, aliado à solução de
suprimentos. Precisamos garantir que mais valor permaneça na cadeia e retorne à
Amazônia", ressaltou.
Na reunião foi discutida a
necessidade de certificados fitossanitários para produtos, o aumento da
frequência de navios e a necessidade de contêineres refrigerados, além da
urgência de uma classificação técnica nacional para produtos derivados de açaí,
como polpa, pó e sorbet.
Entre as ações deliberadas na reunião estão a articulação com o Ministério da Agricultura e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para questões regulatórias e documentais, e coleta de dados para definir os temas prioritários da mMesa até 2026.