O ditador venezuelano Nicolás Maduro citou em discurso o encontro que
teve com o assessor especial da Presidência para Assuntos
Internacionais, Celso Amorim. A fala, feita no Palácio Miraflores, em
Caracas, se concentrou em criticar os protestos realizados no país ao
longo desta segunda-feira, 29, após as eleições presidenciais. Amorim
está na capital da Venezuela como observador do processo eleitoral.
"Hoje eu dizia isso a Celso Amorim, meu amigo, chanceler do Brasil,
assessor do presidente Lula. Todo o sindicato, assim chamado, da extrema
direita mundial, do fascismo, vê a Venezuela como a joia da coroa, para
colocar as mãos nela. E por trás, o imperialismo. Sempre esteve o
imperialismo. Sempre. Sempre com sua diplomacia falsa, de engano",
declarou Maduro. "Eles vêm toda vez com um sorriso e algo para falar,
mas por baixo o que trazem é um punhal ou uma bomba", acrescentou.
O dia na Venezuela foi marcado por manifestações espontâneas em várias
regiões da capital Caracas e outras cidades do interior do país, contra a
questionada reeleição de Maduro.
Alerta
O Ministério das Relações Exteriores fez um alerta nesta segunda-feira,
29, para que brasileiros que estejam na Venezuela ou tenham viagens
programadas ao país evitem aglomerações e permaneçam cientes dos riscos.
Após a reeleição de Nicolás Maduro, questionada pela comunidade
internacional, protestos eclodiram em Caracas e em outras regiões do
país.
Conforme as recomendações do Itamaraty, os brasileiros devem se manter
atualizados sobre a segurança nas áreas onde se encontram por meio de
páginas oficiais. "O Itamaraty recomenda evitar aglomerações e estar
ciente dos riscos presentes em determinadas regiões", diz a nota.
O dia após às eleições presidenciais foi marcado por manifestações de
caráter espontâneo em várias regiões da capital Caracas e outras cidades
do interior do país. Manifestantes protestaram contra a reeleição de
Maduro - cuja credibilidade do processo eleitoral é questionada por
dezenas de países -, pedindo por transparência na contagem e acusando o
governo regente de fraudar o processo.
A Guarda Nacional militarizada dispersou várias mobilizações com gás
lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Também foram ouvidos disparos
em alguns bairros. A ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos
políticos, afirmou que houve uma morte no Estado de Yaracuy.
O Itamaraty afirmou que a Embaixada do Brasil em Caracas está
monitorando a situação e oferece suporte consular em casos de emergência
pelo plantão consular da Embaixada pelo número +58 414-3723337, que
também está disponível no WhatsApp.
"A orientação é que todos os cidadãos brasileiros permaneçam vigilantes e
busquem as informações mais recentes para garantir sua segurança
enquanto estiverem na Venezuela", diz a pasta.
Descontentamento
Ao longo do dia, símbolos relacionados ao chavismo, como outdoor com o
rosto de Maduro e estátuas de Hugo Chávez, foram destruídos por
manifestantes. Panelas também foram levadas às ruas para um "panelaço" e
passeatas massivas foram registradas.
A oposição não reconheceu os resultados do CNE, mas não convocou
protestos para esta segunda-feira. Mesmo assim, milhares de pessoas
manifestaram seu descontentamento desde as primeiras horas do dia.
Em paralelo, Maduro denunciou uma tentativa de "golpe de Estado" contra
seu governo. "Estão ensaiando os primeiros passos fracassados para
desestabilizar a Venezuela e para impor novamente um manto de agressões e
danos."
Novos protestos pacíficos foram convocados pela líder da oposição, María
Corina Machado, para esta terça-feira, 29, contra Maduro. O ditador,
por sua vez, também mobilizou sua militância para amanhã, o que aumenta o
risco de enfrentamento. Em um discurso na sede presidencial, Maduro
pediu pela "máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a
paz" e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de
estado.
A oposição denuncia uma fraude e disse ter "como provar a verdade" de
que a eleição foi vencida por Edmundo González Uruttia no domingo.
Machado explicou que, após ter acesso a cópias de 73% das atas da
apuração, a projeção é de uma vitória da oposição com 6,27 milhões de
votos, contra 2,75 milhões para Maduro.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução Instagram