O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cancelou a participação que faria na Cúpula da Amazônia, evento que discute a preservação da floresta e que iniciou hoje em Belém. A razão do cancelamento de Maduro ainda não foi confirmada de maneira oficial por nenhum órgão brasileiro ou venezuelano.
Coincidentemente, no entanto, vídeos que circulam nas redes sociais mostram que pelo menos 200 venezuelanos refugiados no na Região Metropolitana de Belém, a maioria indígenas da etnia warao, estão mantidos numa espécie de cativeiro no bairro do Tapanã, em Belém.
Os vídeos postados no canal do influenciador David Mafra mostram, inclusive, os cadeados usados para manter os venezuelanos trancados no local. Uma repórter do canal esteve no abrigo e questionou os motivos de não poder conversar com as pessoas dentro do espaço, mas o segurança não soube dar explicações.
Ninguém apareceu para explicar, ainda, os motivos de manter os venezuelanos trancados no local. Fontes ouvidas pelo Portal Olavo Dutra relatam que a medida teria sido tomada para evitar um suposto protesto programado pelos venezuelanos refugiados no Pará contra o presidente Nicolás Maduro durante a passagem por Belém.
Esta seria a segunda vez que Maduro estaria no País neste ano, após ter vindo ao Brasil no final de maio para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, o presidente venezuelano também foi alvo de protestos e, Lula, criticado até mesmo por certos setores da esquerda.
Cúpula da Amazônia
O evento em Belém conta com a participação dos presidentes Luis Arce (Bolívia), Gustavo Petro (Colômbia), Irfaan Ali (Guiana) e Dina Boluarte (Peru), além de representantes enviados pelo Equador, Suriname, Venezuela e França (em razão da Guiana Francesa).
Entre esta terça e quarta-feira, 9, a agenda será pontuada por encontros bilaterais com países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). É esperada ainda a Declaração de Belém, que reunirá o compromisso dos oito países detentores da floresta para a preservação do bioma.
No segundo dia, o encontro será aberto a convidados que não compõem a OTCA, como a República do Congo, a República Democrática do Congo, Indonésia e São Vicente e Granadinas.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta segunda-feira, 7, que, mesmo que a meta de desmatamento seja atingida, o mundo precisa interromper a emissão de gases por combustíveis fósseis, ou a Amazônia será prejudicada.
A declaração da ministra ocorreu durante a divulgação do balanço sobre o evento "Diálogos Amazônicos", que antecedeu a Cúpula da Amazônia. O petróleo tem sido um tema sensível para o governo devido à intenção da Petrobras de explorar o recurso na foz do Rio Amazonas. Ambientalistas se posicionam contra o projeto que, segundo eles, pode causar danos ambientais à floresta.
"Sabemos que temos de trabalhar num espaço multilaretal global. Mesmo que consigamos reduzir o desmatamento em 100%, se o mundo não parar com as emissões por combustível fóssil, vamos prejudicar a Amazônia de igual forma. Nossos presidentes têm essa clareza", afirmou Marina.
Com Agência Estado