O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates,
disse que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nunca prometeu
que os preços dos combustíveis não subiriam mais e que o País deixaria de lado
referências internacionais ao "abrasileirar" as tarifas, termo
cunhado por Lula.
"[O presidente Lula] jamais prometeu que o preço nunca mais subiria, [como
se dissesse:] 'Vou me eleger e nunca mais vou subir o preço do
combustível'", afirmou Prates em entrevista ao programa Roda Viva, da TV
Cultura, no período da noite da segunda-feira, 2. "Também não houve
desgarramento [dos preços internacionais]. [O presidente] Nunca disse [que] nós
vamos descolar completamente da referência internacional", emendou o
presidente da estatal. "Isso seria uma temeridade, porque nós não só
importamos ainda parte dos produtos, como estamos inseridos na comunidade
internacional."
Prates reiterou que a estatal tem total independência na definição dos preços
dos combustíveis. "O governo não manda a gente subir, nem descer, nem segurar,
nada disso", afirmou.
O presidente da petroleira também voltou a criticar a política de preço de
paridade de importação (PPI), adotada na gestão de Pedro Parente, em 2017, e
classificada por Prates como "nefasta"
O tema também é alvo de críticas do presidente Lula e de outros membros do
governo desde a campanha eleitoral.
"Aquilo era irreal, era aplicar o preço do pior concorrente do mercado e
garantir a ele suas ineficiências. Ali a Petrobras perdeu market share, ali a
Petrobras não reagiu àquela imposição, que era um absurdo", defendeu
Prates.
Recompra de refinarias
O presidente da Petrobras afirmou concordar com o entendimento do ministro de
Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a necessidade de recompra de
refinarias. O executivo mencionou haver uma análise em curso para a recuperação
da capacidade de refino da estatal, sem dar detalhes sobre o tema.
"Eu concordo politicamente com as falas do ministro de Minas e Energia
sobre recomprar refinarias. A análise está em curso, mas não podemos falar
publicamente", afirmou.
Questionado sobre a estatal estar realizando práticas predatórias de mercado,
vendendo petróleo com preços diferentes entre as refinarias próprias e unidades
privadas, o executivo acrescentou que a Petrobras tem o direito de fazer a
integração vertical de seus negócios.
Prates acrescentou ainda que estuda, dentro do mercado de refino, a expansão da
capacidade de produção de biocombustíveis, destacando o plano de investimentos
realizado pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital.
"Uma parceria com a refinaria da Bahia (Acelen) nos parece uma aproximação
válida. Temos um projeto grande sobre biocombustíveis, onde a Petrobras tem
terras na região", afirmou Prates.
Braskem
Ele afirmou ainda que a estatal tem interesse em manter a sua posição acionária
na Braskem. De acordo com o executivo, a expectativa é que ocorra uma definição
em relação à venda da petroquímica até, no máximo, janeiro.
Questionado sobre a possibilidade da petroleira dos Emirados Árabes Unidos
Adnoc comprar a Braskem, o executivo afirmou haver uma tendência global de
empresas de exploração e produção em comprar companhias do setor petroquímico.
"A Adnoc é uma empresa integrada. Ela é petroleira e também petroquímica.
A tendência global está no sentido desses negócios se reacoplarem",
afirmou.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Paulo Pinto/ Agência Brasil