studo do Instituto Fogo Cruzado na Região Metropolitana de Belém chama a atenção para dois pontos: o primeiro aponta que ao menos seis adolescentes foram baleadas este ano; o segundo dá conta de 15 vigilantes baleados de 2023 até agosto deste ano. Segundo o estudo, em quase dois anos, 1.078 pessoas foram baleadas, 832 morreram e 246 ficaram feridas.
O Instituto aponta que pelo menos seis adolescentes entre 12 e 17 anos foram baleados na Grande Belém este ano, com cinco mortos e um ferido.
O caso mais recente aconteceu na última quinta-feira, dia 7, no bairro do Aurá, em Ananindeua, quando um adolescente de 16 anos foi baleado e morto durante uma ação policial. O caso ocorreu próximo ao final da linha do ônibus do Aurá, na comunidade Israel. A vítima estava algemada ao ser atingida. O caso teve muita repercussão em Belém, uma vez que as imagens da morte do adolescente chegaram às redes sociais e aos veículos de televisão, gerando manifestação de protesto dos moradores.
Na ocasião, o governador do Pará, Helder Barbalho, determinou o afastamento dos policiais militares de suas funções, depois de uma reunião em que assistiu aos vídeos ao lado do secretário de Segurança Pública.
Dos seis adolescentes baleados este ano, quatro (67%) foram atingidos em ações ou operações policiais. Desde que o Instituto passou a mapear Belém, 19 adolescentes foram baleados, sendo que 14 morreram e cinco ficaram feridos. Do total de 19, oito foram atingidos em meio a ações ou operações policiais.
Vigilantes como alvo
Na última quarta-feira, 13, a Grande Belém chegou a 15 vigilantes baleados, segundo registro do Instituto Fogo Cruzado entre 4 de novembro de 2023 e 13 de agosto de 2025. Entre os vigilantes, 12 foram mortos e três ficaram feridos. Até agosto deste ano, quatro vigilantes foram baleados. O último registro, há três dias, foi do vigilante identificado como Adriano, morto no Conjunto Euclides Figueiredo, no bairro da Marambaia, em Belém.
No início de junho, o vigilante Jean Reis foi baleado enquanto confraternizava com amigos na frente de uma casa, na rua Joaquim Andrade, em Ananindeua. Em janeiro deste ano, foram dois registros: Genário Viana foi morto quando saía de casa, na estrada do Icuí-Guajará, em Ananindeua, e Giovani da Silva foi morto na rua Curuauna, no bairro Dom Aristides, em Marituba.
Baleados em 2024
Os dias de novembro do ano passado foram muito difíceis para a profissão de vigilante diante da violência armada na Grande Belém. Três desses profissionais foram baleados: uma pessoa identificada como Ribeiro foi baleado em uma barbearia na travessa Soledade, no Distrito de Icoaraci; outro vigilante, não identificado, foi baleado, enquanto estava de folga, no bairro Canaã, em Marituba; e o vigilante Cristian Felipe Pereira Dourado foi morto no Conjunto Panorama XXI, bairro Mangueirão, em Belém.
Em dezembro, um vigilante não identificado foi morto na portaria de uma unidade de ensino, enquanto trabalhava, na avenida João Paulo II, em Belém. Em setembro, José Neto foi morto em serviço, no conjunto Abelardo Condurú, em Ananindeua. Em maio, foram dois vigilantes baleados: Carlos Lobato foi vítima de um ataque armado sobre rodas e morto na rua Lauro Sodré, em Belém; e Jair Soares Corrêa foi morto na residência dele, na rua Antônio Horácio, no bairro Santa Lídia, em Castanhal.
No mês de abril, Antônio Cleyton da Rocha Ferreira foi morto no local em que ele trabalhava, na rua José Rainha, no Parque Verde, em Belém. Mais dois baleados em março: Raimundo Amaral foi baleado quando voltava para casa, próximo à feira do Cordeiro de Farias, em Belém; e João Carlos do Nascimento foi morto por disparo acidental da própria arma enquanto trabalhava no Paracuri, em Icoaraci. O primeiro baleamento de 2024 foi de Pitter Luiz Cardoso Soares, morto na saída de onde trabalhava na passagem Alzilândia, no bairro Águas Lindas, em Ananindeua, em janeiro.
Belém insegura
Pela distribuição dos casos entre os municípios da Região Metropolitana de Belém, a capital do Pará se destaca como a cidade mais insegura para esses profissionais de vigilância que trabalham, muitas das vezes, sozinhos, e apenas alguns deles portam armas de fogo.
Do final de 2023 a 2025, oito vigilantes foram baleados em Belém, com seis mortos e dois feridos; em Ananindeua, quatro, com três mortos e um ferido; em Marituba, dois baleados, com um morto e um ferido; e em Castanhal, um vigilante morto.