O general da
reserva Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
do governo Bolsonaro, pediu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para
faltar ao depoimento previsto nesta terça-feira, 26, na CPMI do 8 de Janeiro.
Inicialmente, o general Heleno afirmou que compareceria ao depoimento, mas a
defesa pede ao STF que a presença seja voluntária e que, se ele decidir se
apresentar à comissão, tenha direito de escolher as perguntas que vai responder.
O general foi convocado na condição de testemunha. As testemunhas têm o dever
de falar a verdade - a omissão de informações pode ser classificada como crime
de falso testemunho Já os investigados podem exercer o direito ao silêncio.
Os advogados afirmam que, embora tenha sido chamado oficialmente como
testemunha, o general é tratado como investigado. A defesa afirma que essa
seria uma estratégia para forçar o comparecimento e obrigá-lo a assinar o termo
de compromisso para falar a verdade.
"Há evidente desvio de finalidade na convocação do paciente para depor
'como testemunha' perante comissão quando inúmeros são os indicativos de que o
paciente (Heleno) figura, em realidade, na condição de investigado, eis que a
todo momento lhe é equivocadamente imputada suposta participação nos fatos que
ensejaram a CPMI", diz um trecho do pedido.
O relator do habeas corpus é o ministro Cristiano Zanin, que ainda não
despachou.
Heleno foi convocado após virem a público trechos da delação premiada do
tenente-coronel Mauro Cid, que afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro se
reuniu com a cúpula das Forças Armadas para discutir a possibilidade de uma
intervenção militar para anular o resultado da eleição de 2022. Heleno era
chefe do GSI e aliado próximo de Bolsonaro à época.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto José Cruz/Agência Brasil