São Paulo, SP - O ovo é um alimento rico em proteínas e vitaminas. Para armazená-lo em casa, há alguns cuidados. É um alimento que já vem higienizado pela indústria: após lavagem, recebe uma camada de óleo protetor para conservar a qualidade.

A médica nutróloga Marcella Garcez, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), explica que "o ovo é um dos alimentos mais nutritivos que temos”.

Com proteínas de alto valor biológico, ele auxilia a construir e reparar músculos e tecidos. O alimento é também fonte das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K, importantes para a visão, a imunidade, a saúde dos ossos, a proteção celular e a coagulação sanguínea. As vitaminas do complexo B presentes nele são fundamentais para transformar comida em energia.

É rico também em minerais como ferro, fósforo, zinco e selênio, que fortalecem o sangue, os ossos e o sistema de defesa do corpo. Além disso, o ovo contém colina, que atua no desenvolvimento e no funcionamento do cérebro, e os antioxidantes luteína e zeaxantina, que protegem os olhos contra doenças degenerativas. "Por isso, contribui para saciedade, saúde muscular, cerebral e ocular", completa a médica.

Por que não devemos lavar os ovos antes de armazená-los na geladeira?

A médica afirma que o ovo possui uma cutícula natural na casca que protege contra microrganismos. "Ao lavá-lo, essa camada é removida, deixando os poros da casca expostos e facilitando a entrada de bactérias como a salmonela." Logo, o ideal é não lavá-lo antes de armazenar no refrigerador.

Mas e se o ovo estiver sujo? Neste caso, Marcella Garcez explica que "a limpeza deve ser feita somente antes do uso, com pano seco, escova ou lavagem rápida em água corrente seguida de preparo imediato".

Ela também cita que os ovos caipiras podem apresentar teores mais elevados de vitamina D e ômega-3 devido à alimentação mais diversificada e natural das galinhas. "Mas, microbiologicamente, apresentam maior risco, pois muitas vezes vêm com fezes ou penas na casca. Já os de supermercado passam por seleção e chegam mais limpos, com menor risco de contaminação."

Onde armazenar?

O ideal é armazená-lo dentro do refrigerador, em um recipiente limpo, e não na porta, para evitar variações de temperatura, além de não lavá-lo, informa a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (SEAPDR) e Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA).

"É melhor guardá-lo prateleira interna, onde a temperatura é mais estável. A porta não é recomendada porque sofre variações constantes ao abrir e fechar a geladeira, acelerando a deterioração e aumentando o risco microbiológico", explica a médica.

É seguro consumir ovo com a gema mole?

A médica nutróloga Marcella Garcez afirma que há riscos no consumo de gema mole, sendo o principal associado é a Salmonella enteritidis, que pode estar presente tanto na casca quanto no interior do ovo aparentemente intacto, mas isso não impede que seja consumido.

Para a população no geral, saudável, o risco é considerado baixo, porém existente. No entanto, para grupos vulneráveis, incluindo gestantes, crianças pequenas, idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido, o consumo deve ser evitado. Para estas populações, recomenda-se ingerir apenas ovos totalmente cozidos, com gema e clara firmes.

Outros riscos microbiológicos incluem bactérias como E. coli, Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus, que podem contaminar a casca do ovo e causar contaminação cruzada se o alimento não for manipulado adequadamente. Por isso, é essencial manter a refrigeração adequada, evitar lavar os ovos antes do armazenamento e higienizar as mãos e superfícies após o manuseio.

Para preparações que exigem ovos crus, como maionese caseira, mousses e alguns molhos, a alternativa mais segura é utilizar ovos pasteurizados, que passaram por processo térmico que elimina microorganismos patogênicos sem coagular o ovo.

Foto: Divulgação

(Com a Folha)