ma postagem atribuída ao governador do Pará, Helder Barbalho, em rede social, reportando-se aos 40 anos da democracia brasileira, foi a senha para nova reação da deputada federal Alessandra Haber, do MDB, mulher do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, do PSB. É a segunda vez em quase sete dias que a parlamentar ataca a postura do governador do Estado em referência direta ao episódio em que o Procurador-Geral de Justiça, Cezar Mattar, pede a intervenção do Estado em Ananindeua por suposta crise na saúde do município.
À postagem do governador destacando que o Brasil comemorou ontem, 15 de março, 40 anos da redemocratização, a deputada federal Alessandra Haber comentou “Pratique-a então”, esticando o comentário em detalhes específicos. Veja o post a seguir.
A publicação movimentou as redes sociais em Belém e principalmente na “República de Ananindeua", tanto ou mais do que no último dia 11, quando Alessandra Haber usou a tribuna da Câmara Federal para atacar o que considera “ditadura” do governo do Estado, vestida a caráter. Aquela reação, no mesmo dia da reclamação formulada pelo PGJ Cezar Mattar, pariu um defensor improvável do governo do Estado, o senador Beto Faro, do PT, que, ou não tinha recado a dar, ou não soube fazê-lo. O senador do PT - e não um deputado do MDB, como deveria ser, deitou falação, mas não respondeu a uma pergunta básica: é ou não verdade que o governo do Estado estaria por trás do pedido de intervenção na “República de Ananindeua”?
Com o pé esquerdo
Não é comum que um debate iniciado na Câmara dos Deputados seja respondido por um senador da República. Em geral, a réplica a uma provocação emitida na tribuna da Câmara dos Comuns é feita por um outro parlamentar do mesmo status, isentando membros da Câmara Alta, o Senado, de se pronunciar antes que o debate se esgote onde se originou.
Por isso causou estranheza que o senador Beto Faro, que não é do MDB, mas apenas “aliado”, como destaca, tenha sido escalado para a tarefa de rebater a fala que a deputada federal Alessandra Haber, do partido do governador, fez na tarde do último dia 11, e que que teve uma impressionante repercussão nas redes sociais. Mesmo com uma bancada formada por nove deputados, eleitos com forte apoio de Helder Barbalho, o governador não conseguiu fazer com que nenhum deles saísse em sua defesa.
“Ditadura Barbalho”
Em seu pronunciamento, Alessandra, mulher do prefeito Daniel Santos, de Ananindeua, denuncia o que chamou de “ditadura Barbalho”, referindo-se à tentativa, supostamente por parte do governo, de interferir para que o Tribunal de Justiça do Estado decrete intervenção na saúde do município.
A deputada lembrou que Ananindeua foi considerada a cidade com a melhor saúde básica do Brasil, segundo o Ministério da Saúde, pelo segundo ano consecutivo, e que a tentativa de intervenção é “política” e tem a ver com o “temor” que Helder nutre da candidatura de Daniel Santos ao governo, inscrevendo-se essa atitude em um ato “ditatorial” que afeta a população da cidade.
A verdade é que a fala Beto Faro não respondeu a uma pergunta básica: é ou não verdade que o governo do Estado está pedindo intervenção estadual na saúde de Ananindeua, mesmo a cidade apresentando histórico de serviços prestados nessa área?
Uma fala “indigente”
A fala do ‘senador do governador’ foi classificada pelo sociólogo Sérgio dos Santos como “indigente”. “Fazer uma relação de obras realizadas pelo governo é trabalho de bedel. Ele não conseguiu sustentar argumentos. Em nenhum momento a deputada negou qualquer obra do governo. A fala dela não é sobre obra, é sobre ética pública, sobre como se deve exercer o poder”, enfatizou.
Para ele, Beto não fez uma réplica à altura do pronunciamento da deputada e, ao tentar impor a tese de que Daniel seria “ingrato”, deu ao prefeito da cidade onde o governador mora a chance de lembrar que, nas eleições de 2018, foi Helder quem precisou dele, então presidente da Câmara e vereador mais votado da história, para romper a resistência ao seu nome na cidade que governou por dois mandatos, mas onde sofria rejeição consolidada.
“Se a deputada Alessandra Haber tomar como método fazer um pronunciamento semanal sobre esse tema, ocupará o ‘senador do governador’ até o final do mandato’”, ironiza um jornalista baseado em Brasília e que já exerceu funções eletivas.
“Incluído fora dessa”
Objetivamente, Helder tem um problema com sua bancada na Câmara Federal. Constituída em geral por lobistas e operadores de caixa, não existe entre eles nenhum que seja um polemista, um orador, capaz de inflamar plateias e sustentar debates não pelo viés da propaganda, mas pela fundamentação retórica que deveria se exigir de um parlamentar. Aliás, tem um, mas este declinou de assumir o confronto.
- Me incluam fora dessa, teria dito o parlamentar.
Papo Reto
·O governo do Pará entrou na contramão do processo de monitoramento do desmatamento nacional, feito pelo Sensipan, considerado eficiente por ser de última geração.
·O Estado optou por monitorar suas florestas com um sistema "doado" pelo governo da Noruega, considerado da idade da pedra.
·A Congregação dos Padres Barnabitas inicia neste final de semana, em Varsóvia, Polônia, o Capítulo Geral, reunindo representantes de todos os países do planeta.
·O Capítulo será o último sob a direção do padre brasileiro - paraense de Irituia - Francisco Silva (foto), que deverá ser substituído.
·Um dos representantes do Brasil é o padre Luiz Carlos Gonçalves, que foi Reitor da Basílica Santuário de Nazaré e hoje atua como mestre formador no Seminário Barnabita em Bragança, nordeste do Pará.
·Paroquianos do Santuário de Nossa Senhora do Bom Remédio, no Satélite - onde, aliás, ministros da eucaristia são obrigados a pagar pelas hóstias e os coroinhas a comprar os aparatos do altar - estão preocupados com a infestação de ratos que circulam até pelo altar durante as missas.
·Interessante que o próprio vigário local, padre Richardson, informou há poucos dias que gastou meio milhão de reais na recuperação da fachada, mas esqueceu, pelo visto, do essencial: combater os ratos.
·Segundo o jornalista Claudio Humberto, Lula já teria chamado um governador de Estado para vice em sua chapa de reeleição em 2026.
·Para desconforto de alguns, esse político governa um Estado cujo nome começa com "P" e termina com "A", mas fica bem longe do Norte.
·A oposição esperneia: a denúncia da PGR sobre os malfeitos do senador Renan Calheiros, do MDB - no âmbito da Lava Jato - dormiu três anos nas gavetas do STF até ser analisada, mas a que tenta tornar fazer Jair Bolsonaro virar réu levou apenas 48 horas, indo a julgamento já nos dias 25 e 26 de março.
·O completo arrepio da rotina da Corte para garantir a condenação do ex-presidente ainda em 2025, ela mesma admite, é para "evitar a contaminação do processo eleitoral do ano de 2026".