Comentário polêmico sobre "viadagem" nos meios religiosos estremece imagem do Papa Francisco

Vaticano se desculpa, mas debate sugere que Santo Padre “veste uma capa” para firmar marca aposta ao antecessor Bento XVI.

02/06/2024 11:00
Comentário polêmico sobre
E


m uma reunião a portas fechadas - o tal conclave - com bispos da Conferência Episcopal Italiana, o Papa Francisco fez um comentário que estremeceu sua imagem, cuja trajetória sempre esteve ligada a opiniões progressistas. Segundo relatos da agência italiana Ansa, o Pontífice solicitou aos bispos italianos que não aceitassem ou restringissem o acesso de seminaristas gays, afirmando que os meios religiosos estavam "cheios de viadagem".

A Igreja Católica volta ao centro das discussões envolvendo a comunidade LGBTQ+/Fotos: Divulgação.

Em seguida, o Vaticano emitiu um comunicado pedindo desculpas pelo uso do termo ofensivo, afirmando que o Papa nunca teve a intenção de ofender ou expressar-se de forma homofóbica. O comunicado também ressaltou que o Papa acredita que na Igreja há lugar para todos e pede desculpas aqueles que se sentiram ofendidos.

Uma atrás da outra

A essa polêmica se somou outra, que ocupou um encontro ocorrido na Igreja Gesù Divin Maestro, na capital italiana. Na ocasião, o Papa falou sobre “corrupção e fofocas”. Sobre corrupção, disse o Papa: "Na diocese de Roma realizo muitas coisas que o vigário me disse para fazer. O que há na diocese são problemas de corrupção e, estou claro. Problemas de corrupção. Tento com os bispos auxiliares encontrar soluções para isso, resolver. Na semana passada, recebi uma informação: isto é problemático, isto é problemático. Precisamos conversar sobre isso". Revolver o lodo do fundo do poço talvez não seja uma atitude sábia quando se lida com instituições seculares.

Impor limite aos gays

Já o encontro com bispos da Conferência Episcopal Italiana e que durou cerca de 1 hora e 30 minutos, promete ecoar por muito tempo. A fala do Papa sobre o tema da homossexualidade nos seminários foi confirmada por diferentes fontes presentes.

 Segundo o jornal “La Repubblica”, quando questionado sobre o tema, o Pontífice teria afirmado que era necessário impor limites para evitar que “pessoas gays” escolhessem o sacerdócio e acabassem levando “uma vida dupla”. Foi nesse contexto que a declaração sobre o "excesso de viadagem" teria sido feita.

De acordo com o jornal italiano “Corriere della Sera”, os bispos presentes na reunião afirmaram que o Papa não tinha consciência do quão insultuosas eram suas palavras em italiano. O jornal escreveu que as declarações do Papa foram recebidas com risos incrédulos, pois o erro do Pontífice, cuja língua materna não é o italiano, era evidente.

Em 2005, sob o Papa Bento XVI, uma instrução do dicastério para o Clero do Vaticano estabeleceu que a Igreja não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade ou têm “tendências homossexuais enraizadas”. Essa instrução foi reafirmada por Francisco em 2016.

“Amor e misericórdia”

 Recentemente, em dezembro do ano passado, o Vaticano autorizou a bênção para casais do mesmo sexo e casais "em situações irregulares" para a Igreja. A medida mudou o entendimento da bênção ao permitir que casais homoafetivos recebessem a bênção, mas ressaltou que ela só poderá ser dada fora dos cultos religiosos. Essa decisão foi tomada com o objetivo de ampliar o apelo da Igreja Católica e oferecer “amor e misericórdia a todas as pessoas”.

Em outubro do ano passado, o Papa Francisco enviou uma carta a dois cardeais conservadores sugerindo que bênçãos para casais do mesmo sexo poderiam ser oferecidas em algumas circunstâncias, desde que não fossem confundidas com o ritual do matrimônio, que é considerado um sacramento entre um homem e uma mulher.

Parece, mas não é?

A declaração do Papa Francisco sobre seminaristas gays tem gerado debate e reflexão sobre a postura da Igreja Católica em relação à comunidade LGBTQ+. Para alguns, a polêmica ressalta a importância do diálogo e da busca por uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com todas as orientações sexuais. Para outros, mostraria que o Papa progressista na verdade é apenas uma capa que Francisco usa para firmar uma marca aposta a de seu antecessor. 

Papo Reto

Já, já, se Deus continuar mandando bom tempo, o médico Antônio Dias (foto) inaugura uma faculdade no complexo de prédios onde funciona o Hospital Porto Dias, que ele acaba de resgatar em operação com o grupo Mater Dei, com lucro de R$ 1890 milhões.

• Convenhamos: é preciso muita ‘atitude’ para ‘incorporar’ os vilões da Polícia Civil do Estado que andaram “retardando” as investigações que resultaram na “Operação Apate”.

Fontes do MP-Gaeco estimam que o ‘trabalho’ teria rendido ao grupo de policiais afastados algo em torno de US$ 350 mil, ou quase R$ 1,8 milhão.

•  A secretária de Cultura, Ursula Vidal e o pré-candidato do MDB à Prefeitura de Belém, Igor Normando, anunciam a revitalização do monumento “Chapéu do Barata”, em São Brás, que dará lugar a Estação Cidadania do Estado.

Observação desinteressada de um assíduo leitor da coluna: “olhando os jornais das TVs, conclui-se que Belém é uma cidade onde falta água e sobra lixo”. 

•  Entreouvido em uma sala de trabalho da Casa Civil da Governadoria: “Esse cara é muito arrogante... E ainda por cima sofre da Síndrome de Stendhal”.

Pesquisa: também chamada de Síndrome Firenze, é uma doença psicossomática que afeta indivíduos expostos a obras de arte de grande valor.

•  A ‘produção de cheque moradia’ correu solta na Cohab na última semana, com plantões desde o dia 24.

A Bitis caudalis, que atende pelo nome popular de víbora-do-deserto, também ocorre em Belém; enterra a cabeça, mas deixa o rabo de fora, tal e qual nos desertos africanos. Vai ser predada, cedo ou tarde.

• A comissão externa da Câmara que acompanha as investigações da crise humanitária dos Yanomami possui apenas uma parlamentar que destinou recursos especificamente para a causa indígena neste ano.

 


Mais matérias OLAVO DUTRA