Brasília, DF - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a primeira operação para reflorestamento com recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Novo Fundo Clima). O financiamento, no valor total de R$ 100 milhões (R$ 80 milhões do Fundo Clima e R$ 20 milhões da linha BNDES Finem) e viabilizado por fiança bancária do Santander, será destinado à Mombak, startup de remoção de carbono, que vai investir no reflorestamento de áreas degradadas na Amazônia, com foco na recuperação da biodiversidade e na remoção de carbono em larga escala.
Com o crédito, a Mombak expandirá suas iniciativas no Pará, fortalecendo o modelo de parcerias com proprietários locais. O projeto permitirá captura de carbono de alta integridade e incentivará a economia local ao gerar empregos e impulsionar a cadeia produtiva do reflorestamento.
Criado em 2009 e reformulado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, após quatro anos de virtual paralisação, o Fundo Clima é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima. Ele se constitui em um fundo vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com a finalidade de garantir recursos para apoio a projetos que tenham como objetivo a mitigação das mudanças climáticas.
Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a primeira operação do Novo Fundo Clima para restauro florestal é simbólica. “É um marco da atuação do governo federal no reflorestamento da Amazônia e da atuação do BNDES como impulsionador de um novo mercado, de um novo caminho para o desenvolvimento do Brasil”, ressaltou. “Estamos reconstruindo florestas, mantendo a biodiversidade, gerando empregos e renda para população e ajudando o planeta”.
Peter Fernandez, CEO e cofundador da Mombak, também considera o apoio financeiro do Banco como um marco para o setor de remoção de carbono no Brasil. “Reforça que o reflorestamento não é apenas uma prioridade ambiental, mas também um negócio escalável com forte demanda de mercado”, ponderou. “Ao concretizar a primeira operação desse tipo por meio do Novo Fundo Clima, demonstramos o potencial do Brasil para liderar a indústria global de remoção de carbono”.
Leonardo Fleck, head sênior de Sustentabilidade do Santander Brasil e co-lead de natureza e biodiversidade do Grupo Santander, enxerga um “enorme potencial” das “soluções baseadas na natureza” no país. “Mas elas precisam de soluções inovadoras de financiamento para que possam decolar”, observou. “Trabalhamos desde o lançamento da linha para restauração do BNDES na busca de soluções que se alinhem com o modelo de negócios dos clientes e os requisitos de mitigação de riscos financeiros. Ficamos felizes em contribuir com o primeiro desembolso da linha para a Mombak”.
A Mombak já captou US$200 milhões para projetos de remoção de carbono no Brasil. A empresa plantou milhões de árvores nativas no Pará, gerando empregos diretos e indiretos e fortalecendo a cadeia do setor. O financiamento pelo Novo Fundo Clima representa um passo importante na conexão entre capital privado e projetos ambientais de larga escala.
A empresa atraiu investimentos de instituições internacionais, como o Banco Mundial, e fechou contratos com grandes compradores corporativos, incluindo Microsoft, Google e McLaren Racing.
Arco da Restauração
Além do Fundo Clima, BNDES e MMA atuam em parceria no projeto Arco da Restauração, que visa à recuperação de 24 milhões de hectares de florestas até 2050, colaborando na restauração da vegetação nativa na área de abrangência do chamado Arco do Desmatamento da Amazônia.
Uma das ações do projeto é a iniciativa Restaura Amazônia, criada em dezembro de 2024, que conta com R$ 450 milhões do Fundo Amazônia, além da possibilidade de aportes adicionais de instituições apoiadoras.
O Restaura Amazônia selecionou três parceiros gestores por chamada pública (Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) na macrorregião 1, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) na macrorregião 2, e Conservação Internactional do Brasil (CI Brasil) para a macrorregião 3.
Até o momento, os parceiros gestores lançaram duas séries de três editais de seleção de projetos de restauração florestal nas macrorregiões 1 (Amazonas, Acre e Rondônia), 2 (Mato Grosso e Tocantins) e 3 (Pará e Maranhão), respectivamente, alinhados com o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg).
A primeira série de editais (um para cada macrorregião) foi lançada em dezembro de 2024, no valor total de R$ 92 milhões, com foco prioritário em unidades de conservação e aporte de R$ 50 milhões da parceira Petrobras. A segunda série teve foco prioritário em assentamentos da reforma agrária e foi lançada em 21 de março, também alinhada ao Programa Florestas Produtivas do MDA, um dos pilares do Planaveg, coordenado pelo MMA, e terá o valor total de R$ 138 milhões, apenas com recursos do Fundo da Amazônia.
Foto: Divulgação/BNDES