Bate-boca entre vereadores de Ananindeua vira caso de Polícia com medida protetiva

“Dois bicudos não se beijam” - no caso, dois integrantes da base aliada do prefeito Daniel Santos, ambos do PSDB, que protagonizaram a cena e caíram na teia das redes sociais.

25/01/2025, 08:00

O parlamentar tem histórico de agressões, e a vereadora, de faltar ao trabalho na Câmara de Ananindeua para acompanhar sessões na Câmara Federal, em Brasília/Fotos: Divulgação.


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vereadora Nice Ruffeil obteve medida protetiva contra o colega Diego Alves, depois de um bate-boca público que virou ameaça em Ananindeua. Ambos são vereadores reeleitos pelo PSDB e integram a base do prefeito reeleito Daniel Santos.

O episódio ocorreu durante uma ação pública na cidade e não acabou bem para o vereador Diego Alves: a juíza Aldineia Martins concedeu medidas protetivas para Nice Ruffeil por conta de “agressão psicológica e ameaças”, inclusive proibindo o parlamentar de se aproximar da colega tucana, reforçando a tese segundo a qual “dois bicudos não se beijam”.

A medida prevê que o vereador mantenha uma distância mínima de 300 metros dela, seus familiares e eventuais testemunhas. Não se sabe como, mas uma informação de que Diego Alves teria uma arma de fogo também foi anexada à denúncia. Na sentença, a juíza determinou a suspensão do porte e decretou a apreensão da arma do vereador.

A briga entre os dois ocorreu, segundo o boletim de ocorrência, no dia 8 de janeiro deste ano, durante um evento promovido pelo prefeito de Ananindeua, Daniel Santos. Na discussão gravada em parte pelos assessores, a vereadora Nice Ruffeil teria sido ameaçada em público por Diego Alves, com expressões como “Eu vou acabar contigo; vou te destruir. Você vai ver o que vai acontecer”. O vereador também teria usado práticas de etarismo - forma de discriminação e preconceito contra pessoas de determinada idade -, chamando Nice Ruffeil de “sua velha maldita”.

Até nos bastidores

A briga que resultou na denúncia, e que ocorreu em praça pública, vem de hoje. Fonte da cena política de Ananindeua garante que a briga maior vem do fato de que os dois, ambos militantes da causa animal, querem comandar a Secretaria de Proteção e Defesa Animal, recém-criada pelo prefeito Daniel Santos, que até o momento não anunciou o nome para ocupar a pasta, enquanto a disputa interna pega fogo.

Ao denunciar as agressões e ameaças, a vereadora Nice Ruffeil fez ainda à Justiça um pedido para que Diego Alves seja proibido de frequentar a Câmara em dias de sessões legislativas, mas esse pedido ainda será analisado pela Justiça.

Drible da vaca

Independentemente das motivações, o fato é que Diego Alves já tem um histórico de agressões a mulheres. Ele foi denunciado há cerca de três anos por uma confusão envolvendo sua ex-mulher e o então jogador do Clube do Remo. Na época, o vereador teria encontrado a ex-companheira em um motel com o jogador e agrediu os dois ambos. A ex-companheira acabou não prestando queixa, mas o jogador prestou queixa contra o vereador por agressão, mas depois a queixa foi retirada e o caso, arquivado.

Amparada por lei

Mais tarde, para ferver ainda mais o caldeirão da “República de Ananindeua” na noite de sexta-feira, um áudio da influencer Bruna Lorrane dava conta de que a vereadora montou uma farsa contra o colega tucano, acusando-a de ser protegida do prefeito e da primeira dama, Alessandra Haber.

Nesse campo, a história da vereadora lembra que ela, no início do mandato da deputada federal Alessandra Haber, ia todas as terças-feiras a Brasília para as sessões da Câmara Federal, faltando ao próprio expediente de vereadora em Ananindeua, tudo sob a vista grossa do então presidente da Casa, Rui Begot.

A situação chegou ao ponto de Begot aprovar uma lei mudando o dia de sessão na Câmara de Ananindeua de terça para segunda-feira para que Nice Ruffeil pudesse acompanhar Alessandra Haber semanalmente em Brasília.

Papo Reto

·A Agência Reguladora e Controle de Serviços de Transportes Públicos, a Artran, criada para tirar de cena a notória Arcon, deve dobrar o serviço para atender os visitantes de Belém durante a COP30.

·Entregue ao comando de Eduardo Ribeiro (foto), a Agência garante que tem obtido avanços na qualidade dos serviços rodoviários e fluviais.

·Passou a atuar com mais rigor na fiscalização de veículos e embarcações para manter a integridade dos usuários, sem o infame “toma lá dá cá” da prática da Arcon.

·Agiganta-se entre os peritos criminais e médicos legistas a ideia de deflagração de greve por conta do descumprimento de acordos firmados com o governo do Estado. Basta uma assembleia geral para levar o discurso à prática. 

·Desde a última segunda-feira em Belém, a comissão de representantes da ONU que fiscaliza as obras da COP30 terá mais duas visitas até novembro. Até agora a missão não disse se gosta do que vê, como, aliás, manda o protocolo.

·A passagem do governador Helder Barbalho na solenidade de posse dos novos dirigentes do TCM foi meio que meteórica. Não deu uma palavra, tarefa que ficou para o ministro Jader Filho.

·O governo Lula negocia com o Tribunal de Contas da União o desbloqueio do dinheiro do programa Pé-de-Meia - incentivo a estudantes do ensino médio-, travado pelo TCU pelo que a oposição chama de "mais uma pedalada de um governo do PT".

·De fato, o Tribunal constatou não existir previsão orçamentária no arcabouço da União para garantir a execução deste programa, o que caracterizaria fraude fiscal.

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