Na madrugada desta segunda-feira (17), morreu no Rio de Janeiro, aos 88 anos, João Donato, músico brasileiro, ícone da Bossa Nova e da MPB. Donato estava na Casa de Saúde São José, no Humaitá, desde 6 de julho, com um quadro de pneumonia. Sem horário estabelecido, o velório será realizado no Theatro Municipal do Rio e a cremação no Memorial do Carmo.
No Pará, a classe artística repercutiu a morte do cantor, pianista e arranjador. Um deles foi Nilson Chaves, músico que conviveu com João Donato no período em que morou no Rio de Janeiro. “João teve uma importância muito grande para música brasileira e mundial, grande músico instrumental, além de uma pessoa de primeira linha. Não temos que ficar tristes com a partida dele, pois Donato cumpriu sua missão, teve um dom maravilhoso”, disse Nilson.
O violonista e produtor musical Ziza Padilha também lamentou a morte de Donato. “João se foi, e junto com ele grande parte da malemolência brasileira e genialidade de um pianista que do mínimo fazia o máximo. Tive a honra de editar e digitalizar o arranjo de ‘Nasci para Bailar’, seu escrito à mão, trazido pelo por ele, por intermédio de Luiz Pardal, para um concerto do lançamento do último disco de Paulo André Barata, seu parceiro”, afirmou. “Donato se foi, mas seu balanço está no vento que bate na brisa do mar e salta como rã no meio da floresta amazônica”, complementou Ziza.
Da Holanda, Felipe Cordeiro, que segue em turnê pela Europa, falou sobre a morte e o trabalho do acreano João Donato. “João Donato foi um dos maiores artistas brasileiros. Ele nos deixa, mas nos deixa um sentimento de alegria no coração. Um gênio, profícuo em muitas parcerias, em muitos discos. Tive a honra de no ano passado ter lançado uma música com ele. Fiz uma música pra ele, eu e o Jorge Andrade, que entrou no disco 'Serotonina'”, disse Cordeiro.
Em vídeo gravado, a cantora Fafá de Belém ressaltou a importância do compositor em sua trajetória. "A morte do Donato chega em um momento em que uma canção dele com Gilberto Gil, chamada 'Emoriô', gravada por mim em 1975, explode no mundo inteiro com um remix. Em toda a Europa, primeiro lugar, segundo lugar, nas plataformas", disse Fafá. "Acordo hoje triste. Acordo hoje muito entristecida. Porque eu queria que ele comemorasse essa vitória. Uma canção de tanto tempo que está na boca dos jovens do mundo inteiro. Mas ele está vendo", completou.
Emocionada, Fafá se despediu exaltando a figura e as qualidades do músico. "A doçura do Donato era, não sei bem se essa é a palavra, incompatível, com o grande gênio que ele era. Com essa pessoa capaz de sintetizar em acordes simples letras definitivas e fazendo melodias definitivas do nosso cancioneiro brasileiro (...) Donato pertencia a uma outra categoria de gente, que, infelizmente, cada vez está mais rara. Todo meu amor a João Donato (...) Muito obrigada, meu irmão. Lá de cima, olha por nós".
Por telefone, a cantora Lucinnha Bastos também deu o seu depoimento e lembrou da oportunidade de cantar com João Donato em Belém. “Um instrumentalista maravilhoso, uma pessoa doce. Tive o privilégio de dividir o palco do Theatro da Paz com ele, e gravar ‘Nasci para bailar’, da parceria do Donato com o Paulo André Barata, meu CD, em 1997”, disse a artista.
Por Sérgio Chêne