Um alívio nos preços dos alimentos e combustíveis ajudou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) a registrar a primeira deflação em nove meses. O índice recuou 0,08% em junho, após alta de 0,23% em maio. Essa é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice ficou em -0,23%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 11.
Apesar de alimentação e combustíveis terem puxado para baixo o indicador, a queda observada nos preços dos automóveis novos e usados foi determinante para o IPCA registrar deflação. Segundo cálculos do IBGE, o índice teria uma alta de 0,03% em junho caso fossem retirados da cesta de consumo os automóveis novos e usados, que caíram por conta do programa de descontos do governo para compra de veículos.
Economistas reconhecem que o ritmo de alta dos preços no país segue perdendo força, mas o movimento ainda enseja cautela por parte do Banco Central na calibragem dos juros. O Comitê de Política Monetária vai se reunir em agosto para decidir a taxa Selic, um dos principais instrumentos de controle da inflação, que hoje está em 13,75% ao ano.
A alta de preços está menos espalhada segundo o índice de difusão (que mede a quantidade de itens que subiram de preço na pesquisa): ficou em 50% em junho, o menor percentual desde maio de 2020. Por outro lado, o IPCA de serviços acelerou: saiu de 0,06% em maio para uma alta de 0,62% no mês passado. O dado inclui itens como serviços de mão de obra e estética, que são mais ligados ao mercado de trabalho e aos salários, cuja dinâmica é menos volátil e a alta custa a se dissipar.
A retração nos preços associados à alimentação e transportes puxou para baixo o índice no mês. Juntos, esses dois grupos são os que mais pesam na cesta de consumo das famílias: representam quase metade do índice geral (42%). Os dois contribuíram juntos com -0,22 ponto percentual em junho.
O grupo Alimentação caiu 1,07%, puxado pela queda na alimentação no domicílio. Os preços do óleo de soja caíram 9%, enquanto o custo das frutas, do leite longa vida e das carnes ficaram entre 2% e 3% mais baratos. Já a alimentação fora do domicílio, desacelerou de 0,56% para 0,46%, em virtude das altas menos intensas do lanche e da refeição.
Em Transportes, uma queda de 0,41% foi puxada por uma retração nos preços dos automóveis novos (-2,76%), dos automóveis usados (-0,93%) e combustíveis (-1,85%), incluindo quedas do óleo diesel, do etanol, do gás veicular e da gasolina. No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.
A queda do combustível está atrelada à redução dos preços da gasolina pela Petrobras. A estatal anunciou cortes no dia 17 de maio e no dia 30 de junho, um dia após volta da cobrança de impostos sobre combustíveis. No ano, já realizou cinco cortes no preço do combustível.
(Com O Globo)