São Paulo, SP - Um estudo feito pela plataforma Auto Avaliar revelou o preço médio dos veículos zero-quilômetro à venda no mercado brasileiro. Foram compilados dados de mais de 4 mil concessionárias e 437 mil transações no primeiro semestre deste ano em todo o País. O intuito foi ver a variação entre o preço de tabela sugerido pelo fabricante e o preço real praticado na negociação final.

E o levantamento também trouxe outros números, assim como o desconto médio praticado por cada marca, e em cada segmento, além das regiões do País onde, em média, são concedidos os maiores abatimentos.

Nesse cenário, a Renault aparece como a marca que deu os maiores descontos, de 10,7% em média em agosto deste ano. Ela foi seguida por Jeep e Peugeot, com 10,6 e 10% de desconto, respectivamente, em suas vendas.

Estoque conta

Outro dado levantado no estudo foi o estoque em dias de cada marca, onde a Renault aparece com o maior número. A marca francesa tem 57 dias de vendas em estoque, mesmo número da Chevrolet.

E a coincidência entre estoque grande e maiores descontos não é a toa: com estoques maiores, os concessionários precisam escoar esses carros, e a tendência a serem mais generosos é a natural lei da oferta e procura. A Chevrolet vem em quinto lugar nos maiores descontos.

Mas, embora a correlação seja direta, não explica o cenário por completo. Segundo Fábio Braga, diretor regional da Auto Avaliar, marcas como a GWM, que é quem concede os menores descontos na rede, controlam mais seus preços.

Isso ocorre porque a marca também vende seus carros pela internet, em plataformas como Mercado Livre, onde o preço tem menor possibilidade de variação. E para não criar concorrência interna entre os modais de venda, a rede não deve mexer muito no preço praticado.

Fatores importantes

Outros fatores como a alta procura pelos veículos também interferem na generosidade da rede. Marcas com modelos “queridinhos” pelo mercado, que “se vendem”, como Honda e Toyota, também tendem a trabalhar com descontos menores.

No entanto, a Honda mantém estoques maiores, enquanto a Toyota trabalha com produção por demanda, tendo estoques significativamente abaixo da média. O mesmo ocorre com a Caoa Chery, que tem estoques baixos e também opera os menores descontos.

Além disso, posicionamento de preço também pode decidir se será necessário aplicar mais, ou menos, descontos para fechar a equação na venda. Se um carro foi lançado por um valor considerado caro em relação à concorrência, o mercado irá ditar a necessidade de ajuste.

Marcas que importam 100% de suas unidades também têm seus descontos influenciados pela disponibilidade imediata de seus carros. A BYD, por exemplo, tende a aumentar seus descontos quando há mais carros disponíveis, de acordo com Fábio Braga. Na Kia, os descontos são menores pela pouca oferta de unidades, deixando margem menor para negociação.

Sudeste mais em conta

No levantamento por região, os maiores descontos estão nos estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, seguido por São Paulo, que foi computado separadamente. Em média, são concedidos 7,7% sobre o preço sugerido nos três estados, e 7,5% em São Paulo.

É também em Rio, Minas e ES que está o menor preço médio inicial de tabela (R$ 160.236), e também o menor preço praticado (R$ 147.913). Isso significa que a probabilidade de se conseguir um preço menor nesses estados é maior.

A Região Sul vem em seguida, com 7,3%, e Centro-Oeste e Norte ambos com 6,3%. No interior do País também estão os maiores preços médios praticados, de R$ 181.972 para a tabela e R$ 170.465 para o valor real final.

Foto: Divulgação/Renault

(Com o Jornal do Carro Estadão)