Presidente dos EUA não citou magnitude da redução nem quais países seriam afetados; Brasil é alvo de sobretaxas de 50%
São Paulo, SP - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (11) que vai reduzir "algumas tarifas" sobre o café, um dos principais produtos exportados pelo Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao programa The Ingraham Angle da Fox News.
"Nós vamos baixar algumas tarifas sobre o café, e vamos ter algum café entrando [nos EUA]", disse. "Vamos cuidar de tudo isso muito rápido, é cirúrgico, é bonito de se ver, mas o custo de vida hoje está bem menor."
O republicano não mencionou a magnitude da redução nem quais países seriam beneficiados. O Brasil, que respondia por um terço dos grãos consumidos pelos EUA, maior consumidor de café do mundo, é alvo de uma sobretaxa de 50% desde agosto.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para os Estados Unidos, sendo o maior fornecedor no período. Em segundo lugar, a Colômbia foi responsável por US$ 1,48 bilhão, segundo dados da International Trade Administration, órgão vinculado ao Departamento de Comércio americano.
A tarifa já vem causando estragos no setor cafeeiro dos EUA, que movimenta US$ 340 bilhões ao ano, deixando importadores com cargas de café brasileiro paradas, torrefadoras pagando taxas para cancelar entregas e consumidores gastando até 40% a mais na bebida. Os estoques devem atingir níveis mínimos em dezembro.
Em setembro, mês seguinte ao início da vigência do tarifaço, os preços do café no varejo dos Estados Unidos registraram a maior alta anual do século, subindo 3,6% no mês. Em outubro, o produto estava em média 19% mais caro para nos EUA do que no ano passado.
No início de outubro Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontraram na Malásia e iniciaram conversas para retirar as tarifas sobre produtos brasileiros. Um acordo poderia baratear o café para os consumidores americanos, já que o Brasil é o maior produtor e exportador do grão no mundo.
Em setembro, o segundo mês com a vigência das taxas, os Estados Unidos reduziram em 52,8% as importações dos cafés do Brasil ante setembro de 2024, adquirindo 332.831 sacas, segundo dados do CeCafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Com isso, os norte-americanos desceram ao terceiro posto no ranking mensal. A líder foi a Alemanha (654.638 sacas) e a segunda colocada a Itália.
Os Estados Unidos, mesmo com o declínio motivado pela taxação, seguem como o maior comprador dos cafés do Brasil no acumulado dos nove primeiros meses de 2025, com a importação de 4,361 milhões de sacas (queda de 24,7% na comparação com o período entre janeiro e setembro de 2024). Esse volume corresponde a 15% dos embarques totais no agregado do ano.
O café não torrado representou 5,3% das exportações brasileiras para os Estados Unidos neste ano (considerando o período entre janeiro e outubro), totalizando US$ 1,7 bilhão, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). No ano passado todo, o índice foi de 4,7%.
Além das incertezas em relação à guerra comercial, o clima também tem impactado safras ao redor do mundo. Desde agosto, os preços futuros do arábica - variedade de café mais cultivada no Brasil - subiram quase 40% e se aproximam de níveis recordes.
Os preços do robusta, usado sobretudo em cafés instantâneos, aumentaram cerca de 37%. O Brasil responde por quase 40% da produção global de café. O país vem sofrendo com secas anuais desde 2020, o que fez a demanda mundial superar a oferta, segundo analistas.
O tarifaço também resultou na redução de 67% nos embarques brasileiros de cafés especiais. Os Estados Unidos são responsáveis pela movimentação de cerca de 2 milhões de sacas de cafés finos, das 10 milhões exportadas pelo país, segundo a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais).
Com a adoção das tarifas, das cerca de 150 mil sacas em média exportadas mensalmente para estados como Califórnia, Nova York e Oregon, o total caiu para 50 mil sacas.
Os cafés especiais são os mais valorizados produzidos no país e a saca de 60 quilos facilmente ultrapassa os R$ 3.000, conforme produtores que participaram na última semana da SIC (Semana Internacional do Café), principal evento ligado à cafeicultura no país e que aconteceu em Belo Horizonte.
Foto: AP
(Com a Folha)
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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