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Sindifisco denuncia colapso logístico e drama na BR-163 rumo a Miritituba

Sindicato aponta descaso das autoridades diante de filas de até 20 horas na estrada que liga o agronegócio ao corredor de exportação do Pará.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 01/11/2025, 11:00

Motoristas passam até 20 horas em filas para descarregar nos portos da região após centenas de quilômetros de uma estrada sem infraestrutura básica/Fotos: Divulgação.


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Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal, o Sindifisco, denuncia o descaso das autoridades públicas com a situação enfrentada pelos caminhoneiros que trafegam pela BR-163, principal rota de escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste até o Porto de Miritituba, distrito do município de Itaituba, no oeste do Pará.

 Segundo o sindicato, motoristas passam em média 20 horas em filas para conseguir descarregar suas cargas nos portos da região, após cruzar centenas de quilômetros de uma estrada marcada por buracos, lama, riscos de acidentes e ausência de infraestrutura básica. A rodovia, que deveria ser um símbolo de integração logística, tornou-se o retrato da ineficiência e da falta de coordenação entre o governo federal e o Estado.

Atraso como ativismo

Para um dos especialistas de alto coturno ouvidos pela Coluna Olavo Dutra, que acompanha de perto o escoamento de grãos pela BR-163, a crise é fruto de uma mistura entre negligência e ideologia.

“É mais um capítulo da saga que enfrentamos, fruto de uma erva daninha chamada ativismo ambiental. É inconcebível o que ocorre diariamente em Miritituba e Santarém. O fluxo descontrolado e superdimensionado para a atual capacidade da via mostra o quanto o Brasil errou em não priorizar modais ferroviário e hidroviário”, afirmou.

Ele responsabiliza o impasse jurídico envolvendo o projeto da Ferrogrão, ferrovia planejada para ligar Sinop (MT) a Miritituba (PA), pela perpetuação do caos.

“Os ativistas que paralisaram o projeto certamente não têm um filho ou parente sujeito aos riscos de quem vive na região. A perseguição à atividade econômica nos condena à pobreza e à dependência. Enquanto isso, toneladas de CO₂ continuam sendo emitidas, quando poderiam ser evitadas com o transporte ferroviário”, completou.

Estrada versus gargalos

Outro especialista, ex-secretário de Transportes do Pará, faz uma análise mais técnica e menos ideológica. Segundo ele, houve avanços significativos na infraestrutura rodoviária do Estado, mas o problema está na concentração de terminais em Miritituba, sem expansão proporcional da área portuária.

“Justiça seja feita: as estradas melhoraram muito. O governo estadual está pavimentando trechos importantes, e hoje se vai de Belém a Santarém em 14 horas, quando antes levava um dia inteiro”, observou.

Ferrogrão é necessária

O ex-secretário destaca que o trecho mais crítico da Transamazônica (BR-230) está entre Medicilândia e Rurópolis, e que grande parte da BR-163 já está pavimentada e pedagiada. “O caminho da BR-163 está todo pavimentado. O que está ruim é o gargalo final. São 15 a 20 quilômetros congestionados por causa da quantidade de caminhões tentando descarregar em poucos terminais. Pode triplicar a estrada, vai continuar estrangulado enquanto não sair a Ferrogrão. Tem que ter ferrovia, e ponto final”, concluiu.

Prejuízo em movimento

Enquanto as autoridades discutem a viabilidade da Ferrogrão e a concessão de novos terminais, o caos cotidiano da BR-163 segue impactando não apenas caminhoneiros, mas também produtores, exportadores e comunidades locais.

A região, que deveria simbolizar o desenvolvimento logístico da Amazônia, se tornou um campo de tensão entre diferentes visões de progresso - de um lado, o discurso do desenvolvimento sustentável; de outro, a realidade de um colapso rodoviário que expõe o custo do atraso em infraestrutura.

O Sindifisco promete levar o tema ao Congresso Nacional e a organismos de controle, cobrando soluções concretas para o que já é considerado um dos maiores gargalos logísticos do País.

Papo Reto

•O Talibã quer cadeira na COP30. Organizou até reunião para discutir o “caminho verde” do Afeganistão. Se vier mesmo, Belém vai precisar de mais que protocolo: talvez um manual de convivência climática - e cultural.

Ufa! Lula (foto) sancionou lei que endurece o combate ao crime organizado e reforça a proteção a agentes públicos. 

•Com o Rio ainda sob o impacto da operação que deixou mais de 100 mortos, o Senado prepara a CPI do Crime Organizado. 

Entre os nomes confirmados para compor estão Sérgio Moro, Flávio Bolsonaro e Jaques Wagner, em um colegiado dividido entre governo e oposição. A promessa é investigar as facções e, de quebra, testar os limites da convivência política. 

•PEC que permite a professores da rede pública o acúmulo com outros cargos de qualquer natureza, e não apenas técnica ou científica, foi aprovada na Câmara. 

O presidente Hugo Motta afirmou que a proposta representa "a valorização do professor e do servidor público", e brincou com a foto que viralizou do pedido de namoro do jogador Vini Jr. à influenciadora digital Virgínia.

• Câmara aprovou urgência para o projeto que cria o Código de Defesa do Contribuinte e estabelece punições a devedores contumazes, contribuintes que usam a inadimplência fiscal de forma reiterada como estratégia de negócio.

Em sessão conjunta, o Congresso aprovou o projeto que altera a LDO e permite a vigência permanente da Lei de Incentivo ao Esporte, garantindo a continuidade da política de fomento ao setor. 

•Câmara aprovou a MP que impõe limites aos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético e prioriza a contratação de pequenas hidrelétricas em vez de termelétricas. O texto segue para o Senado. 

A aprovação da MP do Setor Elétrico ocorreu horas depois da deliberação sobre o relatório favorável na Comissão Mista criada para analisar o texto. Pressa explicável: a MP caduca em 7 de novembro, e ninguém quer ser acusado de deixar a luz apagar. 

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.