Movimentos sociais e povos da floresta promovem manifestação de repúdio à violação de direitos e cobram justiça ambiental
Belém, PA - A cidade de Santarém, no oeste do Pará, será palco de uma grande manifestação popular, de 26 a 28 de setembro, com a realização da Jornada em Defesa da Amazônia, da Vida e Contra os Agrotóxicos, que contará com debates, ações políticas, feira agroecológica e a realização do Tribunal Popular Contra os Agrotóxicos. O evento vai fortalecer a Cúpula dos Povos, encontro paralelo à COP 30, que denuncia a violação de direitos e as injustiças ambientais, sociais e climáticas no mundo todo.
A Jornada terá participação de povos indígenas, quilombolas, agroextrativistas, agricultores familiares e representantes dos movimentos sociais, sindicatos e organizações comunitárias. A programação começa com a realização do Tribunal Popular Contra os Agrotóxicos, no dia 26 de setembro, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém.
Segundo Mirelle Gonçalves, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, embora não se trate de uma instância judicial formal, o Tribunal será uma reação às graves violações sofridas pelas comunidades amazônicas diante da expansão do agronegócio, incluindo envenenamento por agrotóxicos, desmatamento acelerado, expulsão de povos de seus territórios e ataques sistemáticos a defensores e defensoras de direitos humanos.
Nos dias 27 e 28 de setembro, a programação segue com a Jornada Somos a Floresta, uma programação de orientações e esclarecimento das populações tradicionais da região do Baixo Amazonas, em particular, sobre a COP 30, a reunião global das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, e a Cúpula dos Povos, que serão realizadas em Belém, fortalecendo o compromisso com a justiça climática.
“A Jornada Somos a Floresta" é uma estratégia política, construída pelo Comitê Gestor do Fundo Dema e parcerias. É uma oportunidade de dialogar sobre os danos que as mudanças climáticas provocam à vida de todos nós, ao meio ambiente e à região, e também a possibilidade de as comunidades poderem dizer que elas são as respostas e que já fazem iniciativas de enfrentamento às mudanças climáticas”, disse Graça Costa, presidenta do Comitê Gestor do Fundo Dema, fundo de financiamento administrado pela FASE Amazônia que apoia projetos coletivos na Amazônia.
Cortejo das Mulheres
No domingo (27), mulheres de diversas comunidades e municípios da região metropolitana de Santarém participam de um Cortejo das Mulheres Contra a Violência, na orla da cidade. A caminhada vai apontar o aumento de casos de feminicídio na região e denunciar todas as formas de opressão e violência contra as mulheres, que também são diretamente afetadas pelas mudanças climáticas.
Além dos espaços de debate, uma feira agroecológica reunirá a produção de mulheres trabalhadoras rurais e agroextrativistas dos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos, durante os três dias de programação. Instalada na praça Tiradentes, a feira vai abrir nos dias 26, 27 e 28 de setembro, das 7h30 às 17 horas. O objetivo é fortalecer a autonomia econômica das mulheres do campo e da floresta, promovendo a segurança alimentar e nutricional, com a comercialização de produtos agroecológicos, sem o uso de veneno.
Soluções dos territórios
A coordenadora regional da FASE Amazônia, Sara Pereira, disse que a Jornada é uma grande mobilização da sociedade civil organizada em preparação para a Cúpula dos Povos, articulação que denuncia a violação de direitos e as injustiças ambientais, sociais e climáticas no mundo todo.
“A Jornada tem a importância de mobilizar a sociedade desde a base, quilombolas, povos indígenas, agroextrativistas e também as vozes das periferias das cidades, trazendo o protagonismo dos jovens, das mulheres, essa diversidade de vozes que denunciam violações que o modelo desenvolvimentista tem provocado em seus territórios, agravando as consequências da crise climática e promovendo injustiças e opressões”, afirmou Sara. “Também vai anunciar outras formas de vida, econômicas, outras formas de se relacionar com a natureza. As verdadeiras soluções para a crise climática não virão do mercado, mas dos próprios territórios”, destacou.
A Jornada é organizada pela FASE Amazônia, Fundo Dema, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), Terra de Direitos, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Diocese de Itaituba, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mojuí dos Campos (STTR), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Belterra (STTR), Tapajós de Fato, Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns, Malungu, Articulação Indígena do Médio Xingu e Tapajós, Guardiões do Bem Viver, Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, Instituto Saúde Coletiva, Movimento pela Soberania Popular na Mineração, Federação das Organizações Quilombolas de Santarém, Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras e Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) Muiraquitã da Universidade Federal Oeste do Pará (UFOPA).
Programação
26 de setembro (sexta-feira).
7h – Credenciamento.
8h30 às 18h30 – Tribunal Popular: Transnacionais do agro no banco dos réus.
Local: Auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém.
27 de setembro (sábado).
Seminário “Povos da Amazônia em Defesa do Clima e dos Bens Comuns”.
Local: Auditório do Colégio São Raimundo – Rua Silvério Sirotheau Corrêa, 1688 – Bairro Aldeia, Santarém – PA.
9h – Mística da Floresta (Ir. Marialva e comissão, Guardiões do Bem Viver).
10h – Mesa de Abertura: Comitê Gestor do Fundo Dema.
10h30 às 12h30 – Painel: “COP 30 e Cúpula dos Povos: Os Grandes Interesses da Política de Clima x Soluções Protagonizadas pelos Povos da Amazônia”.
14h30 às 16h30 – “A política de Clima e as Soluções dos Territórios” – experiências do Fundo Dema em agroecologia, defesa dos territórios e bem viver.
16h30 – Debate sobre financiamento climático.
19h30 – Jantar.
20h – Noite Cultural na Praça Tiradentes.
28 de setembro (domingo).
8h – Feira Agroecológica – Praça Tiradentes.
9h – Debate e construção do Manifesto da Jornada.
18h – Cortejo das Mulheres contra a Violência – Orla de Santarém.
Leitura do Manifesto: Fora a Ferrogrão!
Foto: Yuri Rodrigues
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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