Execução de empresário reacende histórico de mortes, pressões políticas e disputa fundiária num dos territórios mais conflagrados do Pará.
morte do empresário Júnior Capelloza, no fim de semana passado, deveria devolver Tomé-Açu ao noticiário pelo motivo de sempre: sangue no chão, disputa por terra e um Estado que nunca chega inteiro onde mais deveria estar. A notícia, porém, mal ultrapassou o perímetro da família. Capelloza, dono de propriedades na região, foi executado a tiros em uma área marcada por conflito antigo - e por interesses que se reconfiguram sempre que muda o eixo político, societário ou econômico da chamada Região do Dendê.

O crime segue a assinatura tradicional do território: aproximação calculada, zero aviso, tiros precisos, recado enviado. A Polícia Civil apura, mas quem conhece a geografia da violência por ali sabe que as investigações costumam tropeçar exatamente onde milícias rurais, grileiros e herdeiros de velhas concessões avançam. A terra é o gatilho; a morte, a rotina.
O colapso da Brasil BioFuels (BBF) bagunçou de vez o tabuleiro. Propriedades abandonadas, concessões em litígio, áreas sem uso, dívidas, máquinas sumidas e glebas disputadas como espólio aceleraram a corrida local. Antigos grupos retornaram; outros brotaram. No vazio deixado pela empresa, a fronteira econômica virou faroeste fundiário.
Capelloza se apresentava como proprietário de terras - o suficiente para entrar no radar de quem opera segundo a lógica do “manda quem pode, vive quem obedece”. É o perfil perfeito para virar alvo quando a terra vale mais politicamente que comercialmente.
As tensões em Tomé-Açu são estruturais. A região figura entre as mais inflamáveis do Pará, acumulando mortes, desaparecimentos, emboscadas e operações policiais que começam ruidosas e terminam inofensivas. As pressões políticas se somam ao quadro: eleição municipal à porta, disputas por sindicatos, associações, influência e pelo fluxo - sempre opaco - de ocupações.
Documentos que chegaram à coluna mostram ao menos três frentes disputando áreas antes vinculadas a projetos agroindustriais maiores. A composição muda conforme os interesses do momento, mas o método permanece: ocupações instrumentalizando comunidades vulneráveis, compras nebulosas, contratos frágeis, máquinas que “viajam” de madrugada e o ritual de sempre - cerca, jagunço, ameaça. Eis o desenho do butim.
O denominador comum entre todos os episódios recentes é o silêncio público. Governos se alternam, discursos mudam, mas a Região do Dendê permanece presa ao mesmo ciclo: promessa de desenvolvimento, investimento anunciado, abandono consolidado. Quando as engrenagens econômicas travam, emerge a disputa primária - não pela produção, mas pelo comando de cada palmo.
Capelloza é, por ora, mais um nome em uma lista que cresce a cada semestre. Mas sua morte diz mais sobre o ambiente do que sobre a vítima: confirma que a fronteira fundiária do Pará segue sem freios e que a violência continua sendo a linguagem dominante.
Tomé-Açu, que já simbolizou aposta agrícola, virou território de litígio permanente. Enquanto o poder público tratar a Região do Dendê como rodapé administrativo, a crônica local seguirá sendo escrita a bala - e corrigida a sangue.
O boletim de ocorrência enviado à coluna por fonte da Polícia Civil confirma o que os relatos iniciais apontavam: três homens armados invadiram a casa de Júnior Capelloza por volta das 23h30, renderam a família, quebraram as câmeras, subtraíram bens e, mesmo com a vítima ajoelhada e sem reagir, executaram-na com tiros à queima-roupa.
A Polícia Civil prendeu em flagrante Cledyr de Brito Bezerra e Luan Corrêa dos Santos, apontados como parte da logística da ação - um deles teria fornecido o carro branco usado na fuga. As buscas continuam para identificar o terceiro envolvido e eventuais mandantes.
A Justiça Federal de Tucuruí concedeu tutela parcial em favor do povo Turiwara Ita Pew do Alto Acará, no município de Tailândia, assegurando a permanência da comunidade na área tradicional conhecida como Tukano Saw. A decisão determina que a Agropalma se abstenha de qualquer ato de violência, ameaça, intimidação ou impedimento de acesso dos indígenas ao território ocupado - direta ou indiretamente, inclusive por seguranças privados.
O juiz Diogo Haruo Tanaka destacou o risco concreto de conflito, agravado pelo histórico de tensão e pelo cancelamento de títulos da empresa pelo Iterpa, e aplicou o princípio do in dubio pro indígena. A tutela, no entanto, impõe limites: a comunidade não poderá avançar para além da área já ocupada, nem interferir nas atividades regulares da empresa fora do perímetro em disputa.
A Funai foi excluída do polo passivo, mas mantida como terceira interessada e terá cinco dias para apresentar todos os documentos do processo demarcatório. Já a Agropalma deverá mapear e detalhar suas áreas, indicando inclusive porção afetada por cancelamentos de títulos.
Segundo o escritório WFK Advogados, responsável pela ação, trata-se de uma decisão inédita em décadas para o povo Turiwara - o primeiro reconhecimento judicial que lhes garante permanecer, sem coerção, em seu território tradicional.

·Alguns participantes da COP com voo de volta aos seus destinos marcado para a última sexta-feira optaram por permanecer na cidade ao saberem dos preços das remarcações das voadoras, que continuam abusivas do que nunca.
·A situação afetou até a rede hoteleira, que se preparava para receber novos visitantes a partir do fim de semana.
·Ainda assim, Belém fez o que sabe fazer de melhor: conquistou todo mundo pela boca.
·Açaí e maniçoba viraram os queridinhos absolutos dos visitantes, que saíram - ou permanecem - declarando amor eterno à mesa paraense, como no caso da jornalista Andréia Sadi (foto).
·Um dos momentos mais comentados foi o de uma curitibana que, ao circular pelo Ver-o-Peso, se manifestou fascinada e um pouco confusa. Também, pudera: a moça viu gente comendo macarrão, peixe e carne com farinha e açaí.
·O Paraná, maior produtor nacional de tilápia, aprovou lei esta semana proibindo a comercialização do peixe importado do Vietnã por Lula.
·Com o ato, o governador Ratinho Júnior mostra disposição de proteger os produtores paranaenses, além de zelar pela segurança alimentar de sua população, diante da qualidade duvidosa do produto asiático.
·Aliás, o governo federal, embora tenha liberado a importação, insiste na mentira de que não proibirá o cultivo de tilápia, da mesma forma que, alguns meses atrás, negou haver negociação em curso para a importação.
·Pior: o próprio Ministério da Pesca e Aquicultura tem sido categórico ao afirmar que a inclusão da tilápia na lista de espécies invasoras inviabiliza a emissão de licença ambiental para os projetos de cultivo.
·Ou seja, embora o governo garanta que proibir é diferente de inviabilizar, o resultado é rigorosamente o mesmo.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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