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Patinetes em Belém

Mobilidade rápida, retorno financeiro, idem; mas nem tudo está nos conformes.

Serviço teria arrecadado em um único mês o suficiente para multiplicar a frota, divide usuários e provoca alerta de especialistas em mobilidade.

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  • 08/09/2025, 08:00
Mobilidade rápida, retorno financeiro, idem; mas nem tudo está nos conformes.
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esde o início de agosto, Belém passou a contar com 600 patinetes elétricos da startup russa Jet, tornando-se a 27ª cidade brasileira a receber o serviço. A novidade caiu no gosto da população, mas também levantou uma questão importante: quem realmente está lucrando com essa febre de mobilidade?

Mais do que lazer, equipamento exige cuidados do poder público e uso democrático, segundo avaliação de urbanistas/Fotos: Divulgação.

Cálculo revela o lucro

Dos 600 patinetes disponíveis, 540 são alugados via aplicativo. O valor cobrado por minuto em Belém custa, em média, R$ 0,68, valor que pode variar, dependendo da localização, dia da semana e demanda. Considerando que cada patinete tem autonomia para funcionar cerca de 120 minutos por carga e que a demanda média diária gira em torno de 8 horas de uso, o cálculo é o seguinte:  120 minutos x 8 horas = 960 minutos por dia; 960 minutos x R$ 0,68 = R$ 652,80 por patinete-dia; R$ 652,80 x 30 dias = R$ 19.584 por patinete-mês; e  R$ 19.584 x 540 patinetes = R$ 10.577.760- mês. Comparando com o custo de aquisição de cada patinete - estimado em R$ 3.200: R$ 10.577.760 ÷ R$ 3.200 = 3.305 patinetes.

Ou seja, na ponta do lápis, em apenas um mês a empresa teria arrecadado o suficiente para comprar mais de cinco vezes a frota atual. “É um modelo de negócio com retorno acelerado. A margem de lucro é altíssima, especialmente em cidades com alta demanda e pouca concorrência”, avalia o economista Rafael Tavares.

Faltando um pedaço

Para a urbanista Marina Costa, pesquisadora em mobilidade sustentável, o sucesso financeiro não deve ofuscar o debate sobre acessibilidade. “O modelo é eficiente, mas pode se tornar excludente. Se o custo por minuto não for regulado ou subsidiado, ele atende apenas quem pode pagar. Mobilidade urbana deve ser democrática”, afirma.

Usuários aprovam, mas...

Apesar do sucesso, há quem considere o serviço caro. Lucas Germiniani, estudante de jornalismo, usa o patinete diariamente. “Reduzi o tempo de deslocamento pela metade. É prático e seguro. Mas, dependendo do trajeto, o valor pode ultrapassar o de um Uber”, comenta. Já Carlos Eduardo Santiago, estudante de fisioterapia, vê o serviço como uma alternativa econômica. “Faço o trajeto da Unama até São Brás e sai mais barato que ônibus. Mas tem gente usando errado, e isso pode prejudicar quem depende do serviço.”

Beatriz Silva, gerente de promoções da Jet Brasil, afirma que a empresa monitora o uso por meio de um sistema de pontuação. “Quem comete infrações pode ser bloqueado. Também oferecemos bônus para quem utiliza o serviço corretamente.”

Pontos a ponderar

A Prefeitura de Belém informou que não teve custos com a implementação do projeto, que é fruto de uma parceria. Os 60 patinetes restantes são de uso exclusivo de agentes públicos. “A maioria já usa com responsabilidade. Mas vamos intensificar a fiscalização para coibir abusos”, declarou o prefeito Igor Normando em suas redes sociais.

A chegada dos patinetes elétricos trouxe agilidade ao trânsito de Belém, mas também revelou um modelo de negócio altamente lucrativo. A empresa responsável já teria arrecadado, em um único mês, o suficiente para multiplicar sua frota. Enquanto isso, os usuários seguem divididos entre praticidade e custo - e especialistas alertam: mobilidade urbana não pode ser privilégio, precisa ser política pública.

Papo Reto

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.