Éder Mauro lidera gastos e vira caso emblemático do Cotão na Câmara Propaganda eleitoral embutida em votos de boas festas passa batida no TRE Pará Galvão Bueno recebe alta do hospital depois de internação na véspera de Natal
Briga

Ministro Carlos Fávaro bate-boca com com Salles

Discussão ocorreu durante CPMI do MST

  • 1224 Visualizações
  • 17/08/2023, 11:59
Ministro Carlos Fávaro bate-boca com com Salles

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o deputado Ricardo Salles (PL-SP) protagonizaram embates na sessão da CPI do MST desta quinta-feira, 17. O titular da pasta, que compareceu à audiência na condição de convidado, resgatou, por mais de uma vez, a declaração polêmica dita por Salles sobre "passar a boiada" durante reunião ministerial no governo Bolsonaro em meio à pandemia. "Não tenho vergonha disso", disse o deputado, que é o relator da comissão.

Os ânimos se exaltaram, no entanto, após Fávaro dizer que tem "amigos" no MST, e Salles sugerir que o ministro, durante a sessão, adotava uma postura condescendente sobre o movimento, principal alvo da investigação. "O ministro da Agricultura do Brasil entende que é legítimo invadir terra devoluta", disse Salles.

Fávaro, então, tentou se explicar: "a reivindicação (de terra) é legítima, o direito à propriedade é legítimo. Quem invadir, responde por isso (...) Não estou dizendo que ele (o manifestante) não tem a oportunidade de invadir", afirmou o ministro.

"A maneira que o senhor responde deixa espaço, sim, que o senhor não condena tanto invasão de terra devoluta", completou Salles, que cobrou um posicionamento claro de Fávaro. "Qualquer manifestação que invada espaços públicos e privados é crime?", questionou.

"É crime", respondeu Fávaro. "Estou dizendo que qualquer manifestação é legítima. Você pode ir na frente de um órgão público, pode ir na terra devoluta e reivindicar", disse.

Pouco tempo depois, após insistência de Salles, Fávaro condenou a invasão em terras devolutas. "Está consignado que o ministro do PT não concorda que qualquer movimento possa invadir terra devoluta", falou o relator, em mais uma tentativa de constranger o ministro com o governo.

Durante a sessão, Fávaro adotou um discurso conciliatório e afirmou ter amigos no MST. "Conheço muita gente boa que sonha em ter um pedaço de terra. É legítima a luta pela terra. Tenho muitos amigos que são membros do MST e tenho respeito por eles", disse. Ele disse que a ida à CPI do líder do grupo, João Pedro Stédile, mostra que a gestão de Lula é "democrática" e "aberta ao diálogo".

A audiência começou com o ministro da Agricultura queixando-se da pressão da oposição para o comparecimento à CPI. "Tornou-se uma convocação. O fato de você ser convidado pressupõe que você pode vir em outra data", disse. Fávaro disse que tinha uma agenda ao longo do dia e precisou cancelar uma viagem para estar na comissão . Como mostrou o Estadão, porém, em comunicado enviado por e-mail à CPI, Fávaro apenas alegou "extensa agenda ministerial" e não propôs um outro dia para o encontro aos integrantes.

O entrevero entre os dois continuou. Salles perguntou a Fávaro sobre a posição dele sobre o plantio de transgênicos no Mato Grosso. "Se atente ao tema da CPI. Sou um parlamentar, respeito o Congresso Nacional. Eu não vou responder um assunto que não seja do MST", disse. "Estou assistindo a um ministro que não quer se posicionar a um tema sobre o seu Estado", devolveu Salles.

Salles também quis colocá-lo em conflito com a Associação de Produtores de Soja (Aprosoja). "Ela se politizou e fico muito triste com os caminhos que o Aprosoja tomou", respondeu Fávaro, que presidiu a associação no Mato Grosso. A entidade foi alvo de ataques de Stédile em depoimento nesta terça-feira, 15. Ele disse que a Aprosoja representa um "agronegócio burro", que não votou em Lula e que só pensa em ganhar dinheiro.

Fávaro voltou a usar a expressão "passar a boiada". "O senhor usou a expressão duas vezes. Não tenho a vergonha de ter dito isso. Acho que falar em passar a boiada é muito positivo. O que o senhor me espanta é usar campanha para o Senado usando imagem do Bolsonaro e depois usando o PT", rebateu Salles.


Fonte: Estadão conteúdo

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

 

Mais matérias Política

img
Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.