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Carga proibida

Fertilizante chinês trava na burocracia, continua retido no porto e perde valor

Carga importada para pesquisa da Ufra segue retida há um ano em Barcarena, mesmo após laudo oficial atestar segurança e inocuidade.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 05/11/2025, 12:00

Material barrado por decisão do Ministério da Agricultura no Porto de Barcarena está ‘limpo’, segundo Instituto Agronômico de Campinas/Fotos: Divulgação.


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aqui a dois meses, completa-se um ano desde que uma carga de 500 quilos de biofertilizante deixou o porto da China rumo a Vila do Conde, em Barcarena. A remessa, fruto de parceria científica entre a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e a Universidade de Hohai, permanece retida - vítima da inércia e do vaivém burocrático que travam o avanço da pesquisa.

O material foi barrado pelo Ministério da Agricultura, sob alegação de contaminação biológica. Mas o exame feito no Instituto Agronômico de Campinas, referência nacional credenciada pelo próprio Ministério, desmontou a suspeita: o produto está limpo. Zero vírus, zero bactérias, zero fungos.

Retido mesmo assim

O CEO da empresa importadora, Sino-Lac, Marcius Nei dos Santos, afirma que nunca recebeu os laudos que embasaram a recusa. “O laudo é citado, mas não tivemos acesso. Por isso, encaminhamos o material ao IAC, que comprovou total inocuidade. O fertilizante é seguro”, diz.

O relatório do IAC confirma “plena conformidade técnica e segurança ambiental”, com três análises oficiais - físico-químicas, de metais pesados e de microbiologia do solo - todas aprovadas. Os teores de nitrogênio e fósforo superam os mínimos legais, e os índices de arsênio, cádmio, chumbo, níquel e selênio estão muito abaixo dos limites previstos em lei.

E nada justifica

O produto vem de resíduo sólido resultante da fermentação de biogás de esterco suíno, processo fechado e de alta temperatura, patenteado pela Universidade de Hohai. O resultado é um fertilizante orgânico estável e livre de patógenos, segundo o laudo técnico.

Para Marcius, há mais do que descuido. “Pode haver lobby para impedir a entrada da empresa no mercado e travar a pesquisa”, afirma. Ele lembra que o Instituto Agronômico é autorizado pela Portaria SDA nº 1110/2024 a emitir laudos válidos em todo o País - “o que reforça a inconsistência da recusa”.

Na próxima terça-feira, 11, o executivo estará em Brasília para reunião com o Ministério. Quer explicações - e solução. Enquanto isso, o prejuízo cresce: a carga parada acumula custos de armazenagem, e o atraso ameaça parcerias científicas.

O projeto Sino-Lac-Hohai-Ufra já se expandiu. Universidades do Pará, Bahia, Mato Grosso e Rio Grande do Sul formaram um consórcio de pesquisa em agricultura regenerativa, voltado à recuperação de solos degradados nos biomas amazônico, cerrado, árido e semiárido.

Papo Reto

•Veja como são as coisas: em Castanhal, vereadores ligados à gestão anterior, ou à atual - ou às duas, inclusive aqueles que fazem de conta que apoiam esse ou aquele -, tentam confundir a população.

Três ou quatro parlamentares vêm usando a informação da coluna sobre o suposto desvio de verbas do Fundeb no município para responsabilizar a ex-secretária de Educação e atual vereadora Cláudia Seabra (foto), do PDT.

•Esses vereadores precisam ser treinados pelo Tribunal de Contas dos Municípios para fazer o dever de casa - só pode. Quem faz da verba do Fundeb o que bem entende é o chefe do Executivo, não a secretária.

Às vésperas da COP30, homem com uma vara de uns dez metros e um puçá na ponta fazia sucesso por volta do meio-dia de ontem em frente ao Basa, na Presidente Vargas, apanhando manga.

• Advogada de Belém que obteve a decretação de prisão de um grande empresário de Belém pelo não pagamento de pensão alimentícia esbarrou na portaria que restringe o atendimento no TJ do Pará.

Sequer consegue contato telefônico com o gabinete do juiz, enquanto o empresário está com passaporte na mão para se ausentar do País. A reação da presidência da OAB parece que não encontrou eco.

• Salve-se quem puder: não bastassem os desacertos e caos no trânsito, em razão da COP, o preço da carne disparou nos açougues, o que já era previsto por conta da procura triplicada em razão do evento.

Depois da repercussão negativa sobre a fala defendendo traficantes, Lula gastou "rapidinho" R$1 milhão para turbinar publicações no Facebook e Instagram mostrando o que ele, na verdade, nunca fez pela segurança pública.

•Abraão Lincoln, presidente da CBPA, que arrancou mais de R$400 milhões dos pobres aposentados, tornou-se mais um protegido do STF, que lhe deu habeas corpus para permanecer calado, mas não para evitar sua prisão, ontem, na CPI do INSS.

Poucos talvez saibam, mas, ano passado, Lincoln bateu na porta da Fiepa, em Belém, tentando convencer a entidade a abraçar sua causa. Não colou - Alex é um carvalho.

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.