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Gastança

Dilvanda Faro e o "posto sem fundo"; do voto blindado à gasolina infinita

Deputada do PT do Pará enfrenta fogo amigo após apoiar PEC da Blindagem; além da crise política, gastos com combustível e “santinhos” de campanha chamam atenção.

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  • 25/09/2025, 08:25
Dilvanda Faro e o
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deputada federal Dilvanda Faro, do PT do Pará, parece ter estacionado de vez no “inferno astral”. O motivo: votou a favor da PEC da Blindagem, contrariando a orientação nacional do partido, que rejeitou em bloco a proposta. No primeiro turno, foi acompanhada por Airton Faleiro, também do PT. No segundo, Faleiro recuou e pediu desculpas públicas. Dilvanda, não: manteve o voto e ainda justificou a ausência em ato de protesto, em Belém, alegando “forte virose”.

Sob ataque do ex-deputado Paulo Rocha, deputada justificou ausência no protesto contra a PEC da Blindagem em Belém: “forte virose”? Fotos: Divulgação.
A cena, porém, não colou. Enquanto os colegas de partido suavam na Praça da República contra a PEC da Blindagem, Dilvanda Faro aparecia nas redes sociais sorridente, a bordo de um voo. “Adoentada”, mas aparentemente em boa forma para viagens aéreas.

O grito de “traidores”

A incongruência não passou batida. No domingo, 21, o ex-senador Paulo Rocha, do PT, não economizou palavras: chamou Dilvanda e Faleiro de “traidores” e pediu a expulsão dos dois. Faleiro, acuado, voltou atrás e implorou perdão. Já a deputada, esposa do senador cassado Beto Faro, manteve a pose - e a bronca de meio mundo do partido.

Matemática da blindagem

O desgaste político ganhou combustível extra nas redes sociais. Perfis críticos lembraram que quem vota a favor de blindagem para políticos talvez tema mais a Polícia Federal do que os eleitores. A tese é simples e conhecida até entre as erveiras do Ver-o-Peso: quem não deve, não teme, ou, como dizem no Congresso, se não tem nada a esconder, por que blindar?

Foi aí que a lupa se voltou para Dilvanda. Um perfil no Instagram, “Velho dos Livros”, com mais de 17 mil curtidas, resolveu levantar os gastos da parlamentar. E os números, como sempre, falam mais alto do que discursos.

Fogo com gasolina

Desde fevereiro de 2025, cada deputado embolsa R$ 46,3 mil de salário, além de cerca de R$ 48 mil de verba de gabinete. Nada mal. Mas Dilvanda parece ter afinidade especial com bombas de gasolina.

Relatórios apontam que ela gastou R$ 8 mil em fevereiro de 2024; R$ 8,5 mil em dezembro e em pelo menos três outros meses deste ano, sempre com valores redondinhos, sem um centavo fora do lugar. O mais impressionante é que, em um único posto de Ananindeua, o Lorena Comércio de Produtos de Petróleo Ltda., a conta chegou a R$ 42 mil.

As redes sociais fizeram a festa: “Nem Uber coloca tanta gasolina em um mês”, ironizou um seguidor. Outro sugeriu: “Talvez ela dirija um caminhão, gente! Sei lá”. A imaginação popular, como se vê, abastece sem limites.

Fetiche dos ‘santinhos’

Mas não foi só no tanque que a deputada resolveu investir. O perfil rastreou também gastos da campanha de 2022 e, em plena era digital, Dilvanda Faro parece ter acreditado mais no poder do panfleto do que no algoritmo.

Foram R$ 50 mil para 50 mil impressos na Quality Serviços e Negócios; R$ 40 mil para 40 mil impressos na J. dos P Rodrigues Ltda.; mais R$ 60 mil divididos em dois pacotes de 30 mil cada para a Norte Serviços e Manutenção - tudo em números bem arredondados, como se fosse tabela de supermercado.

E os valores escalaram: R$ 146 mil para a RG Serviços de Comunicação Visual e R$ 140 mil para a Elabora Design Impressos. Um festival de ‘santinhos’ num tempo em que até os santos já migraram para o TikTok.

O saldo da crise

Com o voto atravessado e os gastos na berlinda, Dilvanda Faro se transformou em alvo preferencial do fogo amigo e inimigo. Para o eleitor comum, que conta moedas para o pão e o ônibus, a conta é simples: sobra gasolina e sobra papel, mas falta coerência.

Papo Reto

O prefeito Igor Normando (foto) volta a operar mudanças no secretariado: Emanuel Messias de Sousa, que estava na titularidade da Secretaria de Finanças, entregou o cargo.

•De perfil técnico, Emanuel entrou em rota de colisão com a linha adotada pela gestão Igor Normando e retorna para a Secretaria de Fazenda, onde é fiscal de receitas. 

Emanuel Messias de Sousa era indicação de Lourival Barbalho Júnior, secretário do Tesouro Estadual e primo do governador Helder Barbalho.

•Quem assume a vaga é o auditor fiscal da Sefa Marcos Rodrigues Matos, ligado ao grupo da vice-governadora Hana Ghassan.

Matos atuou como delegado fazendário no início da gestão HB, mas problemas internos o fizeram deixar a função, passando a assessorar Elieth Braga na Seduc e na Seplad.

•Dele se diz que ‘caiu em desgraça’ na Secretaria de Planejamento por conta da suposta crise orçamentária financeira do Estado, situação que fez o mesmo perder espaço e credibilidade no governo.

Marcos Matos vai para a gestão de Igor Normando por indicação pessoal da vice-governadora e candidata à sucessão de HB.

•Exonerado da interinidade o Detran para a volta de Renata Coelho, o advogado Alexandre Buchacra está livre, leve e solto - e aguardando. É tido e havido como o nome mais forte para assumir vaga no TRE. 

Ninguém entendeu até agora o sentido prático da exibição de mais de uma centena de viaturas da PM em barulhento desfile do Centro de Belém até Icoaraci.

•Com faróis e sirenes ligados e velocidade arrojada, o longo cortejo ao menos mostrou que há veículos e combustível para a Segurança Pública acabar com a tal "sensação de insegurança" da população.


Mais matérias OLAVO DUTRA

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.