Pará se destaca como 2º do País em pedido de desaforamento de júri por represálias Vereador Braga perde mais de 200 aliados em Ananindeua após rachar com prefeito Aquecimento global coloca Amazônia em alerta e com perdas de vidas humanas
Meio Ambiente

Congresso teve atuação pró-emissões de gases poluentes durante governo Bolsonaro, mostra estudo

Os resultados mostram que 93 das 165 votações relevantes analisadas foram favoráveis a propostas emissoras. As informações foram publicadas originalmente pela Bori Agência.

  • 380 Visualizações
  • 26/04/2025, 22:00
Congresso teve atuação pró-emissões de gases poluentes durante governo Bolsonaro, mostra estudo

Brasília, DF - Um estudo inédito mostra que o Congresso Nacional teve papel decisivo no agravamento da crise ambiental no governo Bolsonaro. A pesquisa, conduzida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem), criou o CO2-Index, um índice que mensura o quanto cada deputado federal contribuiu para aumentar ou mitigar (ou seja, reduzir) a emissão de gases de efeito estufa no Brasil, com base em suas votações, discursos e projetos de lei.


Os resultados mostram que 93 das 165 votações relevantes analisadas foram favoráveis a propostas emissoras. As informações foram publicadas originalmente pela Bori Agência.


Uma das principais conclusões é a correlação entre ideologia partidária e impacto ambiental: deputados de direita apresentaram, em média, índices mais altos de emissão que os de esquerda. O ranking individual mostra o deputado Paulo Ganime (NOVO-RJ) como o mais emissor, e Nilto Tatto (PT-SP) como o mais mitigador.


O índice atribui pontuações a cada parlamentar da 56ª legislatura (2019-2022) a partir da relação entre suas ações e os setores da economia mais emissores de gases, como agropecuária, energia, mineração e indústria. Para construir o índice, os pesquisadores analisaram 617 votações nominais, 370 proposições legislativas e 2.453 projetos de lei, identificando quais ações favoreciam ou contrariavam a emissão de gases poluentes. Os dados foram normalizados e interpretados com apoio de um painel de especialistas. Os dados da pesquisa estão disponíveis na plataforma Harvard Dataverse.


Considerando uma pontuação positiva como “emissora” e uma negativa como “mitigadora”, mais da metade dos deputados pontuaram acima de 0,75, revelando comportamento pró-emissões. Para se ter ideia, a pontuação de Ganime foi de +8,9, enquanto a de Tatto foi de -20,6. A pesquisa também encontrou uma correlação de 72% (0,72 no índice) entre posições antiambientais e ideologia de direita.


Outro achado central é o protagonismo do agronegócio nas disputas ambientais. O estudo identificou que é significativamente estatístico estar na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e ser emissor. Por exemplo, o deputado Kim Kataguiri (UNIÃO), integrante da FPA e com pontuação +5,5 no CO2-Index, aparece como o terceiro parlamentar mais emissor no índice. Além disso, boa parte das votações e dos projetos emissores analisados estão associados ao setor de agropecuária.


Fora o setor agro, a Frente Parlamentar da Mineração (FPMin) também teve significância estatística com as decisões contrárias ao meio ambiente em plenário. “Isso nos mostra que o setor de extrativismo primário é o eixo da discussão ambiental no parlamento”, afirma o autor Mateus de Albuquerque, pesquisador do INCT-ReDem e doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná.


De acordo com o pesquisador, o indicador reforça o papel do legislativo no combate às mudanças climáticas. “O índice mostra como as decisões do legislativo brasileiro podem impactar o futuro do planeta e coloca o parlamentar enquanto um agente emissor ou mitigador, podendo ser responsabilizado pelo atual estado da crise planetária”. No futuro, a equipe de pesquisa pretende aprofundar o entendimento do comportamento do Congresso brasileiro em questões ambientais a partir de conexões sociais dos parlamentares com setores econômicos e influências do Governo Federal vigente nas tomadas de decisão.


Foto: Agência Brasil

(Com a Bori Agência)

Mais matérias Política

img
Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.