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CPI do INSS

Blindagem política dificulta o avanço das investigações e emperra apuração

Comissão sofre resistência para convocar e investigar suspeitos ligados ao governo e ao Congresso Nacional.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 12/11/2025, 16:00
Blindagem política dificulta o avanço das investigações e emperra apuração
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esde agosto de 2025, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS busca desvendar um esquema bilionário de fraudes em benefícios previdenciários que desviou cerca de R$ 4 bilhões das contribuições dos brasileiros. Contudo, o avanço das investigações foi duramente comprometido por uma política de blindagem dentro da própria comissão.

 

Entre os principais protegidos estão José Ferreira da Silva, “Frei Chico”, irmão do presidente Lula e vice-presidente do sindicato Sindnapi/Fotos: Agência Câmara.

O deputado Alfredo Gaspar, do União, relator da CPMI, denuncia que parlamentares da base governista, incluindo setores da esquerda e do Centrão, têm protegidos suspeitos e dificultam convocações e quebras de sigilos essenciais para o aprofundamento do caso. Segundo Gaspar, essa blindagem política impede que a comissão supere o que já foi revelado pela Polícia Federal e avance para o núcleo político do esquema.

Proteção política

Entre os principais protegidos estão José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula e vice-presidente do sindicato Sindnapi, uma das entidades investigadas por irregularidades em descontos previdenciários. A CPI rejeitou, por 19 votos a 11, o seu pedido de convocação, o que Gaspar classificou como uma proteção indevida.

Também foram cegados politicamente o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que comandou a pasta quando as fraudes vieram à tona, e figuras ligadas às campanhas do PT, como a publicitária Daniela Fonteles. Os requisitos para quebrar os sigilos bancários, fiscais e telemáticos desses investigados foram retirados da pauta da comissão por acordos políticos, adiando indefinidamente essas apurações.

Além disso, o advogado Paulo Boudens, ligado à presidência do Senado e que recebeu milhões de reais de pessoas envolvidas no esquema, também teve pedidos de convocação e quebra de sigilo rejeitados. Essa articulação política compromete a tentativa de esclarecer toda a amplitude da rede que operava como fraudes.

Denúncias e impunidade

O relator tem se posicionado de forma contundente, reapresentando requisitos barrados e cobrando publicamente parlamentares que promovem essa blindagem. Gaspar afirmou que “o STF não é o principal blindador da comissão; a blindagem pela própria CPMI é uma vergonha”.

Decisões judiciais que dificultam prisões preventivas, aliadas a acordos entre governantes que atrasam investigações, aumentam a sensação de impunidade no caso. A atuação do Senado também é criticada pela importância de sigilo de 100 anos a documentos que poderiam ser consultados pelo operador principal do esquema aos gabinetes parlamentares.

Papel em branco

A blindagem leva à estagnação das investigações, impedindo que a CPI cumpra totalmente seu papel fiscalizador e fortaleça o combate contra crimes complexos que envolvem o Estado. Enquanto isso, o relator aposta em futuras delações premiadas para revelar os elos ocultos do esquema e continuar a pressão pela transparência.

A comissão aprovou pedidos para substituir diretorias de associações e sindicatos investigados, encaminhando suas recomendações ao Supremo Tribunal Federal. O debate sobre a influência política nos processos de controle público ganha força diante da necessidade urgente de responsabilização e justiça para os prejuízos aos segurados do INSS.

Papo Reto

•A segurança pública tornou-se o novo teste de maturidade entre o Planalto e a Câmara. O governo tropeça em um erro político: tentar controlar a relatoria do PL Antifacções. 

Ao pressionar Hugo Motta (foto) e buscar um nome alinhado ao Executivo, o Planalto revela fragilidade e arrisca ver o tema escapar de sua influência. 

•O momento exige diálogo, não disputa - até porque segurança pública é política de Estado, não instrumento de vaidade institucional. 

O relator do PL Antifacção, deputado Guilherme Derrite, reviu o texto do governo e seu próprio parecer e modificou a versão final protocolada na Câmara. 

•Após ouvir autoridades e especialistas, Derrite reverteu o trecho mais polêmico da proposta original, que restringia a atuação da PF nas investigações. O projeto pode ser votado ainda hoje. 

O governo sabe que a escolha de Derrite tem a influência do outro lado da Praça dos Três Poderes. Diante disso, não faz sentido criar desgaste. Melhor assumir o posto e trabalhar com ele. 

•O negócio é fazer do limão uma limonada. E não insistir em tirar uma laranjada de onde só há limão.

No País do faz de conta e à sombra das arruaças de 8 de janeiro, até hoje o STF não deu nenhum prazo aos órgãos do governo para apresentação das imagens do conflito 

•Finalmente, o Banco Central fixou regras para o mercado de criptoativos no Brasil. 

Com informações do Congresso em Foco.

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.