Primeira manifestação reunirá profissionais para denunciar os impactos da crise climática e o descaso político com a saúde pública.
COP ainda nem começou, mas Belém já ferve. Ruas interditadas, arenas isoladas, fuzis nas esquinas, sirenes nos ensaios de catástrofes - o espetáculo da segurança antes do espetáculo do clima. Mas, se o objetivo é reagir de verdade, as forças armadas da ordem já podem incluir na agenda a primeira mobilização da Conferência: totalmente pacífica, diga-se, e com uma pauta que une o termômetro da Amazônia e o da saúde pública.

No próximo dia 11, médicos, enfermeiros, terapeutas, estudantes e representantes de movimentos sociais vão ocupar as ruas da capital para defender o que deveria ser consenso: saúde e meio ambiente caminham juntos - ou adoecem juntos.
A marcha é organizada pelo Movimento Médicos pelo Clima, idealizado pelo Instituto Ar, em parceria com o Grupo de Trabalho Amazônico. Também participam os coletivos Manas da Periferia, Pororoka, Movimento Saúde Sustentável, além de entidades de peso internacional como Médicos Sem Fronteiras e Global Climate and Health Alliance.
A médica Evangelina Araújo, diretora executiva do Instituto Ar e embaixadora do movimento, resume o espírito da ação: “A crise climática é também uma crise de saúde emergencial que impacta milhões de brasileiros. Queremos chamar atenção para a necessidade de atuação imediata na proteção dos nossos povos, especialmente os mais vulneráveis”, afirma.
Em nota, a Global Climate and Health Alliance foi direta: “Quando representantes nacionais participam das negociações da COP30, acham que discutem emissões e economia. Na realidade, negociam a vida das pessoas”.
De fato, o tema da saúde costuma ocupar o último lugar na fila das conferências climáticas. O debate global sobre o clima ainda enxerga o meio ambiente como fonte de doenças, não como parte da prevenção. “O meio ambiente precisa ser visto como parte da promoção da saúde”, reforçam os organizadores. A marcha quer inverter essa lógica e pressionar os negociadores da COP a ouvirem quem sente, na pele e nos pulmões, os efeitos da crise ambiental: os profissionais da Amazônia e das periferias urbanas.
Os dados confirmam a urgência. Entre agosto de 2024 e junho de 2025, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia cresceu 8,4% em relação ao período anterior, segundo o Inpe. As queimadas avançaram 245,7% no mesmo intervalo - e com elas, o número de internações por doenças respiratórias. O próprio Ministério do Meio Ambiente reconhece o elo direto entre as tragédias ambientais e o agravamento das doenças nas regiões mais vulneráveis.
A médica Renata Reis, diretora executiva de Médicos Sem Fronteiras Brasil, acrescenta que a crise climática já transformou o trabalho de quem atua na linha de frente: “A saúde física e mental de populações inteiras tem sido afetada por enchentes, secas, queimadas e doenças que se espalham mais rápido. A mudança no regime de chuvas afeta a produção de alimentos e aumenta a desnutrição. É urgente que a saúde tenha espaço nas negociações da COP”, alerta.
Os organizadores destacam que a Marcha Global Saúde e Clima antecede o “Dia da Saúde” da Conferência, marcado para 12 de novembro. Haverá também oficinas, intervenções artísticas e distribuição de material educativo - atividades paralelas que devem trazer o tema para fora dos gabinetes e dos protocolos diplomáticos.
Entre o calor do asfalto e o calor político que ronda Belém, a primeira marcha da COP promete testar o pulso da cidade-sede. Enquanto líderes se preparam para discursos sobre metas de carbono e fundos verdes, os manifestantes pretendem lembrar que não há neutralidade climática possível num mundo doente.
Se o clima é de alerta, a receita é simples: menos fumaça, mais fôlego - e que os termômetros, enfim, passem a medir também a temperatura da consciência.

•Dentre os espaços aprovados pela COP30 na Green Zone, que será aberto ao público, destaque para o Pavilhão Pará, com programação diária voltada para o diálogo entre governos, comunidades tradicionais, setor privado e sociedade civil.
•Nesse pavilhão, a consultora empresarial Poliana Bentes Gomes (foto) apresentará seu trabalho "Governança climática e articulação empresarial", destacando a parceria público-privada.
•O Ideflor-Bio terá 25 projetos aprovados, dentre órgãos públicos e privados, mostrando as ações sustentáveis do governo do Estado. O pavilhão promete ser uma das grandes atrações da feira
•O deputado federal Airton Faleiro, do PT, destinou R$ 2 milhões em emenda parlamentar para a Prefeitura de Santarém investir em e mais de R$ 5 milhões para concluir o asfaltamento do acesso à Praia de Ponta de Pedras.
•A minuta de resolução proposta pela Comissão Nacional de Biodiversidade, ligada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de Marina Silva, será votada ainda esta semana.
•Caso seja aprovada, a resolução impactará cerca de 70% da produção nacional de peixes cultivados por conta da inclusão da tilápia na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, embora sendo ela o peixe mais cultivado e consumido do Brasil.
•A espécie responde por cerca de 90% da produção aquícola nacional, movimentando R$9,6 bilhões, conforme dados oficiais.
• Se não se trata de mais uma perseguição ao agro, bem que parece.
•Montadoras deverão receber autorização especial do governo chinês para importar chips e evitar o desabastecimento de carros no mercado nacional.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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