Brasília, DF - Após o ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciar que seguirá a decisão do seu partido, o União Brasil, e pedirá para sair do governo, alguns de seus aliados ainda tentam adiar a demissão. Em paralelo, o comando da pasta do Turismo já começa a ser alvo de cobiça de partidos como PT e PDT.

Na semana passada, o União Brasil deu ultimato e antecipou o movimento de desembarque da Esplanada dos Ministérios que estava anunciado para o fim deste mês. Foi dado o prazo até a sexta-feira passada para Sabino sair do cargo. 

O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, filiado ao Republicanos, disse que sua legenda não procura indicar o substituto de Sabino. Além disso, Costa Filho declarou torcer para que Sabino permaneça no governo mesmo já tendo anunciado que pediria demissão.

“É um grande quadro, um jovem sério, um amigo e está fazendo um bonito trabalho à frente do ministério. Ainda não houve a sua saída oficialmente. Eu sou um, como diz o Ariano Suassuna, um realista esperançoso. Eu torço para que ao final o ministro Sabino possa permanecer no cargo, porque é alguém que vem dando uma boa contribuição ao país.”

Sabino disse que vai seguir a decisão do partido, mas que isso só aconteceria depois da volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Brasil após o petista ir aos Estados Unidos, onde participou da Assembleia Geral da ONU.

A expectativa de troca no ministério já movimentou os partidos da base. O PT manifesta preferência para que o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, assuma a pasta. Por sua vez, deputados do PDT querem o nome do deputado André Figueiredo (CE). Pedetistas levaram diretamente a Lula em reunião na semana passada o pedido para que o partido tivesse o comando do ministério. 

Além deles, o PSD já havia manifestado o interesse em ter o cargo e apontou o deputado Pedro Paulo (RJ) como indicação da sigla. Integrantes da legenda, no entanto, dizem que não houve nenhuma conversa entre o partido e o governo após a decisão do União Brasil de desembarque e que o PSD precisa antes ter clareza sobre quando Sabino sairá da pasta antes de ter qualquer conversa.

Uma normativa do União Brasil publicada na semana passada prevê sanção aos quadros que não pedirem exoneração de seus cargos: haverá abertura de processos disciplinares. 

A decisão de deixar o governo acontece pouco depois da veiculação de notícias que associam Rueda ao crime organizado de São Paulo. De acordo com reportagens publicadas pelo UOL e pelo ICL, aeronaves de Rueda teriam sido usadas pelo PCC. O partido vê influência do governo em vazamentos de operações da Polícia Federal (PF) que miram Rueda.

Aos veículos, Rueda negou ser dono de aviões e repudiou "com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito". Em nota, o União manifestou "solidariedade" ao presidente da legenda.

Em outro episódio que evidenciou a relação ruim, em reunião ministerial feita em agosto, Lula chegou a falar que não gostava pessoalmente de Rueda.

Foto: Agência Brasil

(Com O Globo)