Após a decisão o ministro Alexandre de
Mores, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou suspensão da rede
social X, o antigo Twitter, no Brasil, usuários começaram detectar falhas no
acesso à rede a partir de 0h deste sábado. Para alguns clientes da operadora
Claro, por exemplo, poucos minutos após este horário, a plataforma já não
funcionava nas versões para desktop. As versões para celular ainda funcionavam
para alguns usuários.
Clientes da Vivo indicavam falhas no aplicativo tanto no celular quanto na
versão para computador. O mesmo acontecia para clientes de outras operadoras.
Pouco depois da meia-noite, a plataforma Downdetector, que registra
notificações sobre problemas na rede, apontou uma alta significativa dos
relatos e dificuldade de acesso, com dez vezes mais notificações de falhas do
que ao longo do dia, chegando a um pico de 903 notificações registradas às
0h02. O número de relatos reduziu durante a madrugada, mas voltou a crescer por
volta das 6h da manhã, de sábado, chegando a 139 notificações às 6h32.
Moraes mandou suspender a rede social X após o empresário Elon Musk, dono da
plataforma, se recusar a nomear um representante para responder pela empresa no
Brasil. Ele afirma que a plataforma tentou se esquivar da jurisdição brasileira
"com a declarada e criminosa finalidade de deixar de cumprir as
determinações judiciais". A empresa alega que as decisões do STF violariam
a legislação e que seus funcionários no País vinham sendo ameaçados de prisão.
A suspensão "imediata, completa e integral" vale até o X nomear um
responsável - pessoa física ou jurídica - pelas operações no território
brasileiro e também pagar as multas impostas pelo STF por descumprir bloqueios
a perfis na rede social. O valor ultrapassa R$ 18 milhões.
Mais cedo, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
Carlos Baigorri, confirmou que o órgão deveria cumprir a decisão em 24 horas e
que já havia começado a notificar os provedores de internet. A Conexis Brasil
Digital, que reúne as principais operadoras do País, confirmou o recebimento da
notificação, garantiu que faria o cumprimento da medida, mas não deu prazo para
tal. As empresas associadas são: Claro, TIM, Vivo, Oi, Algar Telecom e
Sercomtel.
Além da suspensão da rede social, Moraes determinou a aplicação de multa aos
usuários que usarem programas de VPN para acessar a plataforma. O valor é de R$
50 mil por dia. Especialistas, porém, consideraram a decisão como exagerada,
desproporcional e inexequível. A OAB também prometeu cobrar esclarecimentos
sobre a multa.
Ministros do STF consideram que a decisão monocrática de Moraes deve ser levada
ao plenário da Corte. Segundo apurou o Estadão, em conversas reservadas desde
quinta-feira, 29, ministros disseram a Moraes que é melhor fazer uma sessão
extraordinária, o quanto antes, para que o assunto seja referendado por seus
pares.
Embora ações do magistrado causem preocupação no tribunal, como a demora para
concluir os inquéritos das fake news e das milícias digitais, que se arrastam
desde 2019, a maioria dos ministros avalia que ele agiu de forma correta no
caso do embate com a plataforma de Elon Musk. A rede X foi derrubada a pouco
mais de um mês das eleições municipais.
Depois da decisão, o bilionário e dono da rede social, Elon Musk, acusou o
magistrado de destruir a liberdade de expressão por "motivos
políticos". A declaração foi feita em publicações na própria plataforma,
que ainda não havia saído do ar, e Musk dirigiu-se a Moraes como
"pseudojuiz não eleito no Brasil."
"A liberdade de expressão é o alicerce da democracia", reforçou o
dono do X na mesma postagem. Na decisão, o ministro do STF estabeleceu uma
multa diária de R$ 50 mil para quem tentar burlar o bloqueio ao X por meio de
VPN - ferramenta que permite omitir a localização de acesso à internet. Esses
usuários também podem responder criminalmente, segundo o documento.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução