UFPA escancara portas para abrigar candidatos do Psol derrotados nas eleições em Belém

Adolfo Oliveira, candidato ao governo do Pará em 2022, Enfermeira Nazaré e o ex-secretário Cláudio Puty, do mesmo partido, têm emprego garantido na gestão do reitor Gilmar Pereira.

08/11/2024 08:00
UFPA escancara portas para abrigar candidatos do Psol derrotados nas eleições em Belém
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a maior universidade pública da Amazônia, que, em condições normais de temperatura e pressão, seria a principal âncora dos debates da COP30, dado o vasto conhecimento científico acumulado sobre a região, o tempo parou. Parou o tempo do conhecimento, fique bem claro, não o tempo das manobras e favores políticos. Não existe ‘nova ordem’ advinda da posse do novo reitor, nem continuidade de gestão, conforme prometido pelo professor Gilmar Pereira, mas continuísmo.


Ex-secretário e candidato derrotado à Câmara de Belém, Cláudio Puty representa a UFPA na Colômbia; o professor Adolfo Oliveira já está na Reitoria/Fotos: Redes Sociais.

A regra é clara e magnificamente cumprida: alligas asinum ubi dominus tibi narrat. Parodiando Bilac e sua metáfora em “a última flor do Lácio, inculta e bela”, tem-se, no português claro, o ditado popular segundo o qual “amarra-se o burro onde o (...) dono manda”. Simples assim.

 

Bem antes da posse do professor Gilmar Pereira como novo reitor da UFPA, o professor Emmanuel Tourinho, que o antecedeu e o elegeu ao cargo, cuidou de passar o pano e limpar parte do rastro deixado no escandaloso e milionário projeto de construção do que a comunidade acadêmica chama de “Castelo da Rainha”, um prédio planejado não propriamente pela gestão da Universidade, mas por vaidades de terceiros. Na ocasião, Tourinho demitiu o presidente da Comissão de Licitação por “falar a verdade” sobre a obra.

 

Já ocupante do cargo, o novo reitor, professor Gilmar Pereira, debutou no primeiro “dever de casa”, nomeando o patrono político para um cargo de direção de nível 3 e salário mensal de R$ 10 mil. Os salamaleques de generosidade estavam apenas começando, mas o reitor, em entrevista publicada em “O Liberal”, fez sua declaração mais retumbante: sua gestão seria de “continuidade”, não de “continuísmo”. Mas eis que o Senhor Tempo se encarrega de arrumar as palavras largadas ao vento.

 

Academia política

 

O professor Emmanuel Tourinho se notabilizou na UFPA como agente político do Psol, não como reitor. Sob ele a Universidade experimentou dissabores que vão de escândalos financeiros, como a obra do “Castelo da Rainha”, passando por denúncias de assédio e de falta ética pública a favorecimentos e perseguição a opositores através de processos administrativos disciplinares, além de descaso com os objetivos maiores da academia: o ensino.

 

Com fortes ligações e compromissos políticos, fora do cargo Tourinho segue na mesma toada: fazer da Universidade um almoxarifado do Psol, embora ele mesmo tenha perdido o bonde da história onde ocuparia um cargo no governo federal ou na Prefeitura de Belém, porque o candidato à reeleição, Edmilson Rodrigues, acabou abatido em pleno voo.

 

Conforme a regra

 

Sob Gilmar Pereira, porém, a casa está sendo arrumada a gosto, segundo as regras do ex-reitor: o professor Adolfo Oliveira Neto, candidato do Psol ao governo do Estado nas últimas eleições, terá um cargo de direção na Universidade, provavelmente na Pró-Reitoria de Extensão, já dominada pelo partido. Outra vaga já garantida na Universidade será para Enfermeira Nazaré, que não se reelegeu à Câmara de Belém.

 

Outro desamparado depois de perder e corrida à Câmara, Cláudio Puty, que foi secretário da gestão municipal, casado com a deputada estadual Lívia Duarte, carimbou o passaporte, a mando do reitor Gilmar Pereira, e representa a Universidade na COP16, Colômbia.

 

Para os observadores da cena no campus da UFPA, os gastos com passagens internacionais e despesas diversas devem estar comprometendo a saúde financeira das unidades acadêmicas que há três meses não recebem um centavo da Reitoria.

 

Curto-circuito provoca
incêndio e destrói as
instalações em campus da
Universidade do Estado

 


 

Estudantes, professores e servidores do Campus I da Uepa, no bairro do Telégrafo, passaram a terça-feira, 5, sem atividades acadêmicas devido a uma pane elétrica que deixou quatro blocos de salas sem energia. Na quarta, de volta às atividades, foram surpreendidos com duas salas do Bloco Administrativo completamente destruídas por um incêndio noturno (vídeo). Segundo os funcionários que chegaram cedo e registraram os resultados do sinistro, um curto-circuito em uma split teria iniciado o incêndio, que, por ser madrugada, se alastrou para a outra sala, queimando as divisórias e destruindo as estações de trabalho dos coordenadores dos cursos de Filosofia e Ciências da Religião.


A Universidade se vê queimada em seu coração, já que a Filosofia é a base para o método científico e a Religião move os cristãos. As instalações e divisórias são muito antigas e os prédios, carentes de manutenção e de projeto de prevenção de incêndio.

 

Reforma de fachada

 

Sem equipamentos mais modernos, os guardas, que foram os heróis da noite, utilizaram os extintores de diversos blocos para conter as chamas e evitar que mais salas queimassem até a chegada dos bombeiros. Mesmo assim, lá se foram computadores, impressoras, livros, documentos dos cursos e processos de estudantes e de professores.


Interessante é que o prédio passou por reformas na sua fachada - “reforma de fachada”, por assim dizer, com o perdão do trocadilho.

 

Papo Reto

 

·  Advogado da Junta Governativa da Fiepa, Eduardo Klautau explica: “Não existe decisão monocrática de mérito. A única decisão monocrática foi em uma Reclamação Disciplinar, na qual o desembargador Walter Paro simplesmente mandou cumprir a decisão da Turma”.

 

·  Mais: “a situação não está na composição da Junta porque decidiu não indicar nomes, só por isso - senão estaria lá, e a Junta seria paritária.  Optaram por não participar e contrariar a decisão, como vêm fazendo há dois anos”. Estamos explicados.

 

· Operadores portuários ofereceram denúncia ao Ministério Público tirando das sobras o presidente da CDP, Jardel Rodrigues (foto).

 

· A direção da companhia, que opera sem diretor Financeiro, exonerado, é acusada de cobrar propina de embarcações que atracam no Porto de Belém.

 

·   Grupo criado na COP16, reunindo povos originários de nove países da Amazônia, defendem na COP-29 a demarcação das terras indígenas para reduzir danos climáticos.

 

·  O Brasil caiu para 36º lugar no ranking de segurança para viajantes em 2025, diz a Berkshire Hathaway Travel Protection.

 

· Nesse quesito, que inclui análise de eventos climáticos, índices de violência urbana e a presença de conflitos, Islândia, Austrália e Canadá são os melhores destinos.


· O Ministério da Saúde segue sem dar explicação plausível para a estranha substituição das gotinhas de combate à poliomielite por dolorosas - e muito mais caras - picadas, ótimas para assustar qualquer criança, mas perfeitas para alegar laboratórios.

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