Transparência Internacional denuncia desmonte do combate à corrupção no Brasil à OEA

Acusação foi apresentada em audiência que discutiu os impactos da corrupção e da impunidade sobre os direitos humanos nas Américas

05/03/2025, 17:00
Transparência Internacional denuncia desmonte do combate à corrupção no Brasil à OEA

São Paulo, SP - A Transparência Internacional (TI) denunciou nesta segunda-feira, 3, à Organização dos Estados Americanos (OEA) o que classificou como "desmonte das políticas de combate à corrupção" no Brasil e em outros países da América Latina.


O gerente de pesquisa e advocacy da Transparência Internacional, Guilherme France, destacou como exemplo as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli sobre o acordo de leniência da Odebrecht, atualmente Novonor.


France criticou a anulação das provas obtidas no acordo. "Se o Brasil antes exportava corrupção, agora exporta impunidade", afirmou.


A acusação foi apresentada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA durante uma audiência temática que discutiu os impactos da corrupção e da impunidade sobre os direitos humanos nas Américas.


O pedido de audiência foi feito pela TI em parceria com a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH) e contou com o apoio de entidades de países como Colômbia, Guatemala, República Dominicana, Venezuela e Brasil.


No mês passado, a Transparência Brasil já havia criticado a decisão de Toffoli que anulou as ações contra o ex-ministro Antônio Palocci. Em nota, a organização classificou a medida como "mais um passo no desmonte do enfrentamento à macrocorrupção" no Brasil e alertou que tais decisões abalam a confiança da sociedade no STF.


Toffoli declarou a "nulidade absoluta de todos os atos praticados" contra Palocci nas investigações da Lava Jato, incluindo a fase pré-processual, estendendo a ele os benefícios concedidos anteriormente ao presidente Lula.


Em fevereiro do ano passado, Toffoli determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigasse a atuação da Transparência Internacional no País e apurasse uma eventual apropriação de recursos públicos por parte da organização na época da Operação Lava Jato.


No entanto, em outubro, o procurador-geral da República Paulo Gonet pediu o arquivamento do processo por não haver, segundo ele, "elementos mínimos de convicção" que justificassem as investigações.


Após o pedido de arquivamento, Toffoli encaminhou o assunto para a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) para que avaliassem o caso.


Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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