Meio Ambiente

STF diz que governo Lula cumpriu 'parcialmente' plano contra desmatamento na Amazônia

André Mendonça reconhece avanços, mas pontua que gestão federal deixou de cumprir providências estipuladas pela Corte em março de 2024; procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se posicionou

28/01/2025, 16:00
STF diz que governo Lula cumpriu 'parcialmente' plano contra desmatamento na Amazônia

São Paulo, SP - O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em decisão monocrática nesta segunda-feira, 27, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deixou de cumprir providências solicitadas pela Corte para a diminuição do desmatamento da Amazônia.

Em março de 2024, o STF decidiu que o governo federal deveria apresentar um plano de combate ao desmatamento da Amazônia. Mendonça, relator da ação, considerou que a gestão Lula não cumpriu "vários aspectos da decisão", persistindo "graves e notórios problemas na gestão ambiental".

Procurado pelo Estadão, o Ministério do Meio Ambiente não havia se posicionado até a publicação deste texto.

"Diante do não cumprimento de vários aspectos da decisão deste Supremo Tribunal Federal por parte da União e diante dos graves e notórios problemas na gestão ambiental verificados, homologo apenas parcialmente o cumprimento do acórdão", afirma Mendonça em trecho da decisão.

O ministro elencou que faltam métricas e mecanismos de controle das medidas adotadas. Segundo a decisão, o governo Lula também não esclareceu de qual forma os fundos destinados à preservação ambiental estão sendo utilizados pelos órgãos competentes.

Mendonça também pontuou que faltam ações específicas para reduzir o déficit de servidores em repartições como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O ministro, por outro lado, reconheceu avanços do governo federal na gestão ambiental, com destaque para a elaboração do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e as ações de combate ao garimpo e a reestruturação de carreira de servidores da área.

Como mostrou o Estadão, o desmatamento da Amazônia foi um dos temas por meio do qual o STF se valeu de uma interpretação mais expansiva de suas atribuições, "legislando" mais em temas que, tradicionalmente, competem aos Poderes Executivo e Legislativo. Desde 2019, a Corte declarou 78 "omissões inconstitucionais", superando as 62 decisões registradas entre 1990 e 2018.

Entre os temas declarados "omissos" pelo Supremo, figuram, para além do desmatamento da Amazônia, questões como a criminalização da transfobia e da homofobia, a descriminalização da posse de até 40 gramas de maconha, a distribuição de renda básica durante a pandemia de covid-19 e o adicional para trabalhadores urbanos em condições de risco.

Estadão Conteúdo

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