ica combinado assim: na arena olímpica, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Chicão Melo, do MDB, deu um salto triplo mortal carpado; na corrida de revezamento, entregou o bastão com ampla vantagem para a vice-governadora Hana Ghassan nos últimos metros da disputa; no futebol, protagonizou uma assistência e deixou a potencial candidata ao governo do Estado em 2026 na cara do gol. Na arena política, porém, só deu Chicão - ainda que, por certo, com o aval do governador Helder Barbalho.
O cachimbo da paz ainda não está aceso, mas o primeiro passo foi dado e as negociações entre o governo, lideranças indígenas que ocupam as instalações da Secretaria de Educação e os professores ganharam um sopro de esperança de paz na intrincada disputa de mais de 20 dias, com perdas sucessivas e consideráveis para o governo do Pará, para os manifestantes e para a educação. O passo foi dado por Chicão Melo, mas poderia ter sido iniciativa da vice-governadora no exercício do cargo, quando o governador Helder Barbalho esteve fora do Brasil. Não o fez por falta de iniciativa ou por impedimento.
Não à toa, a crise escapou para além das fronteiras da Grande Belém, pintada em manifestações de professores e povos originários nos quatro cantos do Estado, com reflexos danosos para a República veiculados em grandes jornais mundo afora e manifestações mais agudas saídas do Supremo Tribunal Federal e da Defensoria Pública da União. O embate deixa o governo em sinuca de bico, senão acuado - e a improvável saída vem justamente da Assembleia Legislativa, também questionada pela ministra Carmen Lúcia, do STF, sobre a aprovação da Lei 108020/2024, aprovada a toque de caixa pelos nobres deputados.
Expansão da crise
A crise se instalou no coração do governo do Pará e atarantou o próprio governador na volta a Belém a ponto de, na tarde da sexta-feira, 31, postar um vídeo em suas redes sociais tratando como fake news as motivações da ocupação da Seduc. Em poucos minutos, porém, o vídeo foi apagado, repostado à noite e continua lá com uma enxurrada de críticas e mais de 5 mil comentários desairosos.
Horror dos horrores para o governador 70%, a expansão da cobrança já mobilizava várias categorias, inclusive fora da região metropolitana, como em Bragança, nordeste do Pará. O tempo estava então tão fechado que, antes de Bragança, um vídeo falando dos bons resultados de uma reunião com lideranças do setor do agronegócio imediatamente levantou um movimento organizado de novos concursados da PM cobrando curso de formação e integração à tropa.
A atriz paraense Dira Paes e uma enxurrada de outros artistas nacionais e regionais replicaram mensagens de apoio à causa dos manifestantes - principalmente indígenas -, obrigando Helder a se espremer entre essa barulheira toda e o estrondoso silêncio dos chamados grandes jornais, mostrando duramente que, como diz o provérbio chines, “não se tropeça em montanha, mas em pedrinhas” e vivendo, além de uma crise institucional e política, uma crise de teimosia.
A faca e o queijo
O certo é que, depois de 21 dias, ameaças, visitas extravagantes, dança, inclusive “da chuva”, discursos inflamados, falsas informações e narrativas desencontradas, eis que o presidente da Assembleia Legislativa, Chicão Melo, assume as rédeas e em uma reunião em que se cercou de cuidados e parceiros abre caminho para o diálogo e entrega o queijo e a faca não para Helder, mas à anunciada sucessora do governador do Estado, em 2026, Hana Ghassan, cortar a gosto.
Chicão Melo é reconhecido pela sua capacidade de diálogo e articulação, independentemente de correntes partidárias e ideológicas. Acostumado a lidar com “tribos e etnias políticas” distintas - uns mansinhos, outros nem tanto -, Chicão reafirma sua capacidade de diálogo, apaziguando e direcionando conversas e entendimentos capazes de extirpar a crise antes que seja tarde, e plantando uma semente que - quem sabe, depois que a vice-governadora deixou o cavalo passar selado?
A meio caminho
Como amplamente noticiado desde ontem, a sinalização positiva do presidente da Assembleia para as lideranças dos movimentos indígenas e dos professores pode ou não se confirmar hoje, em reunião marcada com a vice-governadora e secretária de Planejamento, Hana Ghassan.
No exercício do governo, na explosão da crise, Hana não deu um pio. Resta saber se agora.
Papo Reto
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